A CONTROVERSA SITUAÇÃO DO SPOTIFY

Spotify.

A gigante do streaming, revolucionou a forma como se consome música e áudio em todo o mundo. Transformou para sempre a indústria da música. E ajudou a criar novos hábitos como o consumo de podcasts.

Contudo, apesar de todo o sucesso e de ter se tornado a principal referencia quando o assunto é streaming, o Spotify enfrenta uma situação bastante desafiadora.

E nesse vídeo, você vai entender porque apesar dos milhões de espectadores, o Spotify acabou de ascender à luz de emergência.

Antes disso, o Passo a Passo Empreendedor também tem episódios no Spotify – aproveite e nos ouça também por lá…

Criado em 2006, como uma resposta a crescente indústria de pirataria de músicas, que tinha expoentes como Pirate Bay e pouco antes, o pioneiro Napster – cuja história já foi contada em nosso canal – o Spotify nasceu da junção de tecnologias que permitia que qualquer pessoa com acesso a internet pudesse ter acesso a um catálogo enorme de músicas, a qualquer hora, em qualquer lugar – e inicialmente de graça.

Enquanto artistas do mundo inteiro brigavam contra as plataformas que disponibilizavam as músicas em formato mp3 – o Spotify apostou na ideia de que se a música estava sendo disponibilizada de graça por meio da pirataria – ela poderia ser disponibilizada legalmente, de graça, através de uma única plataforma.

Isso, porque, na visão dos fundadores, se a música já estava disponível gratuitamente por meio dos piratas – que frequentemente repassavam músicas de baixa qualidade de áudio ou que nem sequer eram as músicas desejadas – o produto ‘’música’’ já não tinha mais preço – e tinha se tornado algo percebido como gratuito pelo grande público.

Afinal de contas, porque pagar se pode ter as músicas de forma gratuita?

Apesar disso, enquanto as gravadoras perdiam bilhões e movimentavam mundos e fundos para perseguirem os piratas – elas não abriam mão de receberem alguma contrapartida por parte de Sportify.

E foi nesse contexto que o Spotify teve que abrir mão do sonho de ter músicas gratuitas, a todo tempo, em qualquer lugar – para desenvolver um modelo de negócio sustentável.

A saída foi apostar na estratégia Freemium.

Através dela, usuários podem ter a maior parte de funções da plataforma de maneira gratuita.  Contudo, além de limites, precisam ouvir anúncios.

E, se quiserem todos os recursos, sem interrupções, precisam pagar uma mensalidade.

Com esse modelo de negócios, o Spotify encontrou uma forma de ter uma renda, aliada a uma série de investimentos bilionários – que vislumbravam que em alguns anos, o aplicativo ganharia o mundo e seria imensamente lucrativo.

Contudo, os anos se passaram, e após ter crescido imensamente – o Spotify passou a ter outros desafios.

O maior deles é ter uma série de concorrentes diretos, com muito capital disponível – como o Deezer. E outros cujo a atividade fim não é a música e que podem despejar dinheiro nessa atividade, sem necessidade de retorno imediato – como Amazon Prime Music e Apple Music.

Só que além da concorrência, para frear a fúria das gravadoras, logo nos primeiros anos, o Spotify aceitou negociar acordos predatórios com as três gigantes do mercado – Sony, Universal e Warner.

Nesse acordo, as gravadoras disponibilizam o catálogo de músicas para o Spotify, que em troca tem de pagar um valor de 200 milhões de dólares anuais para as três gigantes – ou 75% de sua receita total, caso a receita não chegue no valor anterior.

Ou seja, mesmo depois de terem sido amplamente desafiadas pela pirataria, as grandes gravadoras conseguiram um acordo de tubarão com o Spotify – que tinha que aceitar ou fechar as portas – sem as músicas mais conhecidas para tocar.

Só que além de músicas das grandes gravadoras, o Spotify precisou ao longo dos anos fechar contrato com outras gravadoras menores e também com alguns artistas que negociaram individualmente com a plataforma – e que recebem uma quantia do negócio de acordo com o número de reproduções de suas músicas.

Além disso, o Spotify também possibilitou que milhares de cantores pudessem colocar suas músicas na plataforma de maneira gratuita. E ainda remunera esses cantores de acordo com o número de plays. O que mudou para sempre a indústria.

O problema é que a medida que novos custos são adicionados, pior fica a situação para o Spotify e também para os envolvidos.

Para se ter ideia, desde o início de 2023, o Spotify paga em média entre 0,3 e 0,5 centavos de dólar por reprodução. Só que esse valor pode variar de acordo com a localização do ouvinte, assim como acontece na monetização das redes sociais, por exemplo.

Ainda assim, o valor é considerado irrisório por quem o recebe. E apesar de tudo, os fornecedores das músicas – isso é, gravadoras, cantores e artistas independentes reclamam corriqueiramente do valor pago pela plataforma.

Só que quando se soma todas as despesas que o Spotify tem com os artistas, mais os seus custos recorrentes, a situação muda de figura.

No início do ano, a plataforma contava com mais de 551 milhões de usuários inscritos, porém só 220 milhões são pagantes. Ou seja, mais da metade é Free e menos da metade é Premium.

Mas apesar dos números, a plataforma ainda não se tornou estável em termos financeiros.

Para se ter ideia, apesar de aumentar o número de usuários ao longo do tempo, o custo de operação do Spotify é proporcional ao aumento de usuários – já que quanto mais usuários, maior é o número de reproduções – e a cada reprodução, o Spotify paga um valor ao artista reproduzido.

Quando comparamos esse modelo à Netflix, isso chama bastante a atenção.

Enquanto a Netflix disponibiliza um filme que ela compra, ou então produz o seu próprio filme – o grande custo da Netflix é para deixar o filme no ar em sua plataforma – posteriormente, o custo para reproduzir esse conteúdo é quase fixo – e ainda que o número de espectadores aumente – o custo vai se tornando proporcionalmente cada vez menor.

Já no caso do Spotify é diferente, pois a cada play, o custo pela reprodução está ali. E não é diluído pelo aumento de reproduções.

E para completar, a Netflix ao longo do tempo apostou muito em não só ter conteúdo dos outros, mas a também a produzir o seu conteúdo.

Coisa que o Spotify oficialmente ainda não possui, quando o assunto é música.

Ou seja, nos moldes atuais, quando o assunto é música, ela sempre tem que dividir e muito o brinquedo.

Por causa disso, de 2006 até 2019, o Spotify não teve lucro.

E em 2019, quando finalmente teve lucro, precisou tomar uma decisão para se manter viável no longo prazo e desbancar os concorrentes.

Isso, porque, aos poucos a plataforma percebeu que não estava somente no mercado musical, e sim no mercado de áudio – e outro produto ganharia espaço nos anos seguintes – os podcasts.

Uma realidade que se confirmou – já que hoje 33% dos americanos escutam ao menos 1 podcast por semana – e que deu ao Spotify uma alternativa – e um produto que poderia ser enfim de sua propriedade.

Isso, porque, apesar de não produzir seus próprios podcasters – a empresa apostou em contratos de exclusividade com uma série de personalidades, não só do mercado em si, mas também celebridades.

Dessa forma, a empresa fechou contratos de dezenas de milhões de dólares com personalidades para ter seus podcasts exclusivos – como os casais Harry e Meghan, Michele e Barack Obama; e também as irmãs Kardashian, e com o maior podcaster da atualidade – Joe Rogan.

Para se ter ideia, somente o contrato com Rogan é estimado entre 100 e 200 milhões de dólares – por um período de 42 meses. E há rumores de variáveis, que formam algo em torno de 100 milhões anuais.

Em conjunto, plataforma investiu cerca de 290 milhões de dólares em estúdios de podcast para receber os seus hosts contratados.

Além disso, o Sportify investiu 400 milhões de dólares para comprar as maiores plataformas do seguimento de podcast – o Parcast, o Gimlet e o Anchor. O que a fez dominar as plataformas de hospedagem, direcionamento e reprodução de podcasts.

Em um investimento total já despendido que ultrapassa 1 bilhão de dólares de investimento. Uma aposta altíssima. E que ainda está longe de se pagar.

Isso porque, apesar de estar crescendo muito em número de assinantes, com downloads que multiplicam periodicamente, esse mercado ainda é incipiente.

Estima-se que o mundo dos podcasts seja responsável por girar algo em torno de 2,3 bilhões de dólares de publicidade no mercado americano. O que representa pouco mais de 1% de toda a publicidade digital americana. Uma fatia ainda muito pequena para remunerar toda a cadeia.

E que o Spotify tem apenas uma fatia desse total…

Ainda assim, de 2019 para cá o consumo de podcasts aumentou 10x na plataforma, e quase metade dos usuários pagantes já escutou algum episódio pelo aplicativo. E estima-se que a receita de anúncios em podcasts deva dobrar até 2025.

O problema é saber se o Spotify conseguirá resistir até lá da mesma forma, com a mesma qualidade e sem perder espaço para seus concorrentes.

Somadas todas as empreitadas, a gigante teve prejuízo de 565 milhões de dólares só nos seis primeiros meses desse ano.

A perda gerou demissões, rescisão de contratos de publicidade e o fim de parcerias com vários criadores. O casal Obama migrou para a plataforma Audible, enquanto Harry e Megan encerraram o vínculo.

Além disso, o Spotify teve que demitir 2% de seus empregados e ainda aumentou em 1 dólar o preço de sua assinatura mensal. O que representou mais de 10% de aumento. Tudo para tentar estancar a crise.

Nesse sentido, até o momento o mercado de podcasts tem sido bem indigesto para o Spotify. E em contrapartida o mercado da música parece cada dia mais disputado e mais difícil.

Resta saber se a empresa vai conseguir dar a volta por cima, ou se vai entrar em um oceano vermelho novamente…

E você, acha que o Spotify vai triunfar?

Compartilhe com a gente nos comentários.

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