O CANCELAMENTO É REAL? – ATÉ ONDE VÃO OS BOICOTES?

Cancelamento.

Boicote.

Chuva de Haters.

Esses são alguns dos maiores medos de empresas, empresários, influenciadores e celebridades.

Mas, afinal de contas.

Qual é o resultado de tudo isso?

Os boicotes são reais?

Nesse vídeo, vamos analisar alguns casos para entender se o cancelamento é ou não real. E quais são as suas reais consequências.  E o resultado é surpreendente.

Recentemente, empresas de todo o mundo tem dividido opiniões e enfrentado períodos turbulentos pelos mais diferentes motivos.

Ações de Publicidade que endossam determinados valores ou ideologias. Patrocínio a determinadas celebridades e influenciadores digitais. E até o posicionamento político de seus donos como os casos de Magazine Luiza e Havan.

Todas essas ações geraram críticas, boicotes e todo o pacote que ficou conhecido como cancelamento – o movimento em que milhares de pessoas se juntam contra um determinado negócio ou personalidade.

Em alguns casos, algumas personalidades e entidades se tornaram até mesmo uma espécie de polícia virtual, que toma atitudes e orquestra cancelamentos contra pessoas e negócios que eventualmente vão contra suas ideias e visões de mundo.

A mais famosa delas, conhecida como Sleeping Giants, se notabilizou por essa prática.

Da mesma forma, muitas lideranças e políticos de vários espectros também aderiram a prática nos últimos anos.

Por causa de todos esses movimentos, muitas empresas atualmente tomam uma série de cuidados para evitarem serem o alvo da vez das redes sociais e determinados grupos sociais e políticos. E algumas até tomam atitudes afobadas por medo do cancelamento promovido nas redes sociais.

Ainda assim, muitas empresas ainda assumem ou endossam determinadas posturas políticas e sociais. E tem enfrentado um grande desafio.

Inclusive, deixo aqui duas perguntas – Você já deixou de consumir um produto por causa de uma publicidade que não gostou?

Já deixou de comprar de uma empresa por causa da posição política de seu dono?

De toda forma, fizemos duas enquetes sobre a primeira pergunta.

Uma no Instagram, em que 79% dos votantes disse que SIM…. já deixou de comprar.

E outra na nossa comunidade no Youtube, em que a grande maioria também afirmou que Sim… já deixou de comprar por esse motivo.

O que indica uma tendência para o comportamento de boicote. E que mostra que uma empresa quando se envolve no debate político ou social faz uma escolha que as vezes significa uma renúncia.

Mas será que esse boicote é relevante?  Ou será que é uma raiva de momento?

E eu confesso, que eu também já tive meus momentos…

Mas vamos aprofundar a discussão…

A polêmica mais recente, envolveu o influenciador Felipe Neto e o chocolate Bis.

Uma das recentes lideranças de um espectro político, o youtuber; que já endossou diversos cancelamentos… e frequentemente faz sérias acusações a alguns grupos da população brasileira- sofreu o contragolpe daqueles que ele anteriormente apontava.

E esses, ao descobrirem a ação de marketing entre Felipe e o Bis, decidiram dar início a um boicote não só ao chocolate Bis, mas também a toda a cadeia da fabricante Lacta e até mesmo da holding que controla o negócio, a Mondeléz Internacional.

Em alguns casos, usuários começaram a fazer propaganda gratuita do principal concorrente do Bis, o chocolate Kit Kat, da Nestlé. Em um ato de provocação ao produto e principalmente a Felipe Neto. Como no caso da jornalista Janaína Xavier, ex- SporTv.

Para completar, além do boicote e do cancelamento nas redes sociais, na mesma semana as ações da Mondelez tiveram forte queda na bolsa de valores.

Mas afinal de contas, essa polêmica é real ou apenas uma trend da internet?

O que realmente aconteceu?

Qual o saldo disso tudo?

Para tanto é preciso comparar primeiro com outros casos.

Em todo o mundo ocidental, o cancelamento e os boicotes tem sido parte da rotina dos grandes negócios.

O CANCELAMENTO EM NÍVEL GLOBAL

Para se ter ideia, nos Estados Unidos, empresas tradicionais como Budweiser, a varejista Target e até mesmo a Disney tem sofrido boicotes significativos que resultaram em queda nas vendas por um longo período acumulado.

No caso da Disney, a empresa já ligou o alerta geral.

E além de amargar prejuízos com seus filmes e séries, a gigante agora sente no bolso também a debandada de clientes que frequentavam seus parques temáticos – algo inimaginável até pouco tempo.

E o estopim do boicote à Disney vai desde a linha editorial de seus conteúdos, até mesmo pelo fato de que nos últimos anos a Disney oficialmente adotou uma postura política no cenário americano, entrando em rota de colisão com o atual governador da Flórida, Ron de Santis e também com conservadores americanos.

E a situação da empresa continua complicada, a ponto de a Disney precisar recorrer a seu antigo CEO Bob Iger, que estava aposentado, para recolocar a empresa nos eixos. Como explicamos no vídeo ‘’A Queda da Disney’’.

No caso da Target, bastou a empresa criar uma sessão específica de moda para ”crianças trans”, para ser cancelada até os dias de hoje por parte dos americanos.

Tanto que a empresa teve queda de mais de 5% nas vendas no último trimestre computado.

A primeira queda em seis anos. E os números de agosto em diante ainda não foram divulgados.

E o caso mais icônico foi o da Budweiser.

Líder no mercado americano com a linha Bud Light, que foi criada como uma versão mais suave da icônica cerveja – a Bud Light se tornou a cerveja mais vendida dos EUA. E um dos produtos mais consumidos pela classe média, e principalmente por um público conservador.

Apesar disso, no início do ano, a empresa decidiu apostar em ações de publicidade com a influencer trans – Dylan Mulvaney. – Muito popular com uma camada de pessoas que não eram clientes da marca.

Além de comerciais, a foto de Dylan também passou a ser estampada em algumas das latas da cerveja.

A ação foi vista como uma provocação aos consumidores da cerveja.

Para se ter ideia, a grosso modo, a ação mencionada se equipara a um documentário na Jovem Pan elogiando o Lula ou na Globo elogiando o Bolsonaro. Para se ter ideia do tamanho do problema.

Resultado – a cerveja enfrentou um massivo boicote imediato dos clientes, que chegou a causar uma queda de bilhões de dólares de valorização nas ações da controladora da marca.

Além disso, grande parte dos clientes também parou de consumir outros rótulos da AB Inbev.

Hoje, mais de seis meses após o ocorrido, a Bud Light vende 30% a menos do que no início do ano no mercado americano. E assim, perdeu o posto de cerveja mais vendida do país para a mexicana Modelo – que saltou seu número de clientes desde a polêmica – herdando grande parte do público da Bud Light.

Dessa forma, para alcançar um público diferente, a cervejaria acabou perdendo grande parte de seu público fiel.

E ao todo, até agora, a ação causou um prejuízo de 395 milhões de dólares já contabilizados para a AB Inbev.

A SITUAÇÃO NO BRASIL

Já no Brasil, existem situações semelhantes.

Por aqui, há uma grande disputa que envolve duas varejistas.

De um lado a Havan, do empresário de direita Luciano Hang e do outro lado o Magazine Luiza, que tem Luiza Helena Trajano, de esquerda, como sua principal acionista.

Ambos cancelados e boicotados pelos espectros contrários.

Apesar do momento delicado no varejo nacional que afeta praticamente todo o mercado brasileiro, a Havan tem divulgado resultados positivos nos últimos semestres, enquanto a Magazine Luiza tem amargado prejuízos.

Contudo, é importante ressaltar que a Magalu é uma empresa de capital aberto, com atuação em múltiplos setores e que recentemente adquiriu também outras empresas, enquanto a Havan é uma empresa de capital fechado – como uma atuação mais concentrada no varejo.

Dessa forma, a comparação não é muito adequada, já que são empresas de porte diferente.

Além disso, não se pode afirmar que os resultados da Magalu decorrem de algum tipo de boicote, já que varejistas de porte semelhante também passam dificuldades nesse momento.

A Casas Bahia, por exemplo, passa por apuros ainda maiores, com um endividamento monstruoso.

Da mesma forma, não há estudos que mostrem que alguns dos clientes da Magalu tenham cancelado a empresa e migrado para concorrentes, como a própria Havan.

Apesar do aumento do Havan nos últimos anos.

Contudo, no caso da Havan, enquanto muitos tentaram cancelar a empresa nos últimos anos– quando ela era um negócio regional – o cancelamento pode ter tido o efeito contrário – já que desde que ganhou mídia – pelo bem ou pelo mal – a empresa de Luciano Hang apenas cresceu e se tornou nacional.

Como destrinchamos no vídeo A Fórmula da Havan.

O que mostra que em alguns casos, o cancelamento pode ter o efeito contrário – especialmente quando é contra alguém que não está nas posições mais altas.

Isso, porque, o cancelamento também pode gerar uma publicidade gratuita para um negócio.

O mesmo aconteceu por exemplo quando o próprio Felipe Neto, decidiu cancelar o marqueteiro Ícaro de Carvalho – que vendeu milhões de reais em assinaturas da escola O Novo Mercado, depois que o influencer cedeu seus holofotes ao empresário.

Da mesma forma, muitos se lembram da Bettina da Empiricus – que além de promover a empresa, também se tornou nacionalmente conhecida desde então – e hoje fatura milhões no mercado digital.

Ou seja, o cancelamento quando feito por um grande contra um pequeno, pode na verdade, ser uma grande oportunidade.

E que para esses, o melhor remédio é não se curvar ao cancelamento.

Na mesma linha, outras empresas também já passaram momentos delicados e de grande linchamento nas redes sociais, por diferentes motivos– como Zara, Omo, Carrefour e Ypê .

Contudo, meses ou anos depois das polêmicas, essas empresas não mais são vistas como alvo de grande boicote ou cancelamento. E já passaram pelos piores momentos do ciclo de cancelamento.

O que mostra que de modo geral, o ciclo de cancelamento por um motivo específico é passageiro. E o número de consumidores que realmente boicotam essas empresas se torna irrisório no longo prazo.

Até mesmo o dono da rede Madero, rede que hoje está em uma situação delicada, afirma que o cancelamento sofrido em 2020 na prática, não foi tão relevante assim.

Então, voltando a polêmica do Bis.

O CASO BIS – FELIPE NETO

É verdade que nos primeiros contatos, a estratégia foi bastante infeliz e acabou gerando um desgaste desnecessário. Além disso, como já comentado, a ação trouxe mídia espontânea para o Kit Kat, concorrente do Bis.

Porém, apesar do agito, e até mesmo do pedido de clemência por parte de Felipe Neto para que encerrassem a polemica e poupassem a empresa, o cancelamento do Bis tende a ser passageiro.

E até mesmo a queda de ações da Mondelez, segundo o Valor Econômico e outras fontes, foi apenas coincidência. Uma vez que a empresa é global, e apenas 12% de seu faturamento vem do mercado latino americano – e um número ainda menor do mercado brasileiro.

Além disso, as ações estavam em queda desde antes da controvérsia, principalmente devido as incertezas que existem na cadeira produtiva devido as tensões que acontecem no Oriente Médio.

Vale ressaltar que os papéis também não são listados na Bolsa de Valores brasileira.

Tanto que as ações já indicam retomada – o que indicam que ainda que a queda tenha tido alguma relação, o pior já passou.

E para finalizar, até mesmo as ações da Nestlé, dona da KitKat – também tiveram queda, pelo mesmo motivo.

Ao final, ainda que o mercado brasileiro tenha se comportado de forma bem mais tranquila do que o americano quando o assunto é cancelamento – algumas empresas fogem do padrão e se assemelham ao caso americano – como as emissoras de TV – Rede Globo e suas derivações, dentre elas o Globoplay – como já mostrado no canal – e no outro espectro a Jovem Pan News, que se consolidou como um canal para um nicho – sendo cancelado pelos demais. E que agora tenta agradar um público maior.

CONCLUSÃO

O que coloca outra conclusão.

Quando o cancelamento é feito por um único motivo ou uma única ação isolada, que causa desconforto, geralmente o problema se torna passageiro.

E de modo geral, com poucas exceções, o suposto medo do cancelamento por parte das empresas é na prática pouco relevante.

Porém, quando o cancelamento é mediante uma mudança de direcionamento que vai imediatamente contra grande parte de sua própria clientela ou audiência, como nos casos de Disney, Bud Light e de certo modo também a Globo, o efeito tende a ser severo.

E ainda pior quando a empresa passa a ter reiteradamente opiniões e ações que vão contra o seu antigo cliente – como tem acontecido com a Disney, que há anos vem enfrentando polêmicas, e dividindo a audiência que demorou décadas para conquistar.

Ou seja, jamais esqueça daqueles que te colocaram no topo. E muito cuidado, pois cada escolha, envolve uma renúncia…

E aí, gostou da conclusão?

 Para você, vale a pena correr o risco do cancelamento?

Compartilhe com a gente a sua opinião.

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