A HISTÓRIA DE ANDREW CARNEGIE

Andrew Carnegie nasceu em Dunfermline, Escócia, em 28 de novembro de 1835.

Sua família mudou-se para Allegheny, Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1848, buscando melhores condições de vida no país americano, que era visto como um lugar de grandes oportunidades. Entretanto, passaram diversas dificuldades.

Filho de um tecelão manual, Andrew Carnegie nasceu em 22 de novembro de 1835 na cidade de Dunfermline, no leste da Escócia. Seu pai e seu avô materno eram ambos envolvidos com a causa trabalhadora, o que lhe transmitiu grande interesse pela leitura e pelos estudos apesar da sua condição social. Contudo, ainda durante sua infância, o Reino Unido foi acometido por uma recessão econômica generalizada, o que prejudicou os rendimentos de seu pai e fez com que sua família emigrasse para os Estados Unidos da América.

Para os EUA foram Andrew, seus pais, e seu irmão mais novo.

PRIMEIRO EMPREGO

Estabelecendo-se em uma colônia de escoceses na Pensilvânia, no local onde hoje se localiza a cidade de Pittsburgh. A necessidade fez com que o jovem Andrew Carnegie começasse a trabalhar em uma fábrica de algodão por um salário baixíssimo, cerca de 1 dólar por semana. Trabalhando cerca de 12 horas por dia.

Na época a moeda americana era muito menos inflacionada, entretanto o valor já era considerado irrisório.

Seu trabalho era recolher bobinas e carretéis de linha na fábrica.

Apesar disso, ele rapidamente se entusiasmou com o estilo de vida americano, passando a estudar por conta própria e também por meio de uma escola noturna em seu tempo livre. Ele manteve esse entusiasmo pelos estudos quando, aos 14 anos, conseguiu o posto de mensageiro em um escritório de telégrafo, que lhe deu a oportunidade de iniciar uma carreira profissional.

Como telegrafista, ele aumentou consideravelmente seu salário, e ficou conhecido como uma empresa de um homem só, graças a sua competência e capacidade de compilar notícias locais, e repassá-las aos jornais locais.

Entretanto, Andrew passou a investir em si mesmo, adquirindo livros, lendo vorazmente e trabalhando duro para melhorar principalmente seu sotaque escocês e sua gramática. Os nativos americanos por vezes tinham dificuldade para entende-lo, principalmente pela diferença de sotaque.

Depois, ele foi mensageiro em outra empresa. Sua perspicácia o ajudou a entender o mapa da cidade e o rosto das pessoas importantes – e assim fez vários contatos.

TOM SCOTT – O MENTOR

Tal entusiasmo e comprometimento com os estudos e com sua carreira, combinados com seu caráter virtuoso, foram o que possibilitou a ele uma ascensão vertiginosa na pirâmide social de Pittsburgh. De mensageiro, Andrew Carnegie se tornou operador de telégrafo em 1851, época em que conheceu Thomas Alexander Scott, superintendente da Companhia Ferroviária da Pensilvânia.

Tom Scott se tornaria mentor de Andrew Carnegie, e uma figura espécie de figura paterna que ajudou Carnegie a se consolidar como empreendedor.

Tom Scott contratou Carnegie como seu secretário e telegrafista pessoal dois anos depois, em 1853, apenas cinco anos após Carnegie emigrar para os Estados Unidos, Carnegie já tinha se estabelecido em uma nova condição social.

Nessa posição, Carnegie aprendeu muito sobre a indústria ferroviária e sobre negócios em geral. Tornando-se ele mesmo superintendente em um período de três anos, com apenas 21 anos.

Foi assim que ele começou a aplicar os conselhos de Scott e também de algumas pessoas que conheceu nesse meio tempo, e passou a investir quase todos os seus ganhos como empregado na compra de ações e títulos de empresas americanas.

Ainda que Andrew tivesse que ajudar no custeio de sua família, ele investia e reinvestia quase todos os seus ganhos, ampliando seu portfólio de ativos. Investindo principalmente em petróleo e ferrovias, duas das maiores atividades daquela época, em que os EUA estavam se consolidando como o berço do capitalismo moderno.

Em um contexto de expansão para o Oeste do Continente Norte-Americano e do surgimento das megacorporações a partir do meio do século 19, Carnegie cresceu os olhos para um novo mercado promissor, o mercado do Aço.

Vislumbrando novas oportunidades, em 1865, Carnegie deixou a companhia ferroviária, e passou a empreender por conta própria.

Naquele ano, a Guerra Civil americana, que durou dos anos de 1861 a 1865 havia terminado, e alterado a dinâmica do país. Novas e diversas oportunidades surgiram naquele novo cenário. E assim surgia a consolidação dos EUA como uma potência mundial.

Carnegie estudou e criou um negócio que pudesse fabricar e distribuir o Aço produzido. Assim, ele criou a Carnegie Steel Company –  Companhia de Aço Carnegie.

O objetivo de Andrew era investir na expansão do negócio continuamente, reinvestindo seus ganhos na criação de novos ativos dentro da empresa. Assim, ele verticalizou toda a produção de aço dentro a empresa, construindo fábricas ao redor de todo o território americano. O objetivo era dominar todo o processo produtivo, acumulando a propriedade do ferro, da produção de carvão que abastecia as fábricas, e até mesmo os navios e ferrovias que transportavam a mercadoria. Não apenas o aço, mas também todos os seus produtos. Todos com a qualidade e assinatura Carnegie.

Carnegie também fundou a Keystone Brigde Works, uma empresa especializada em construir pontes de aço, uma atividade considerada revolucionária naquela época.

A empresa construiu famosas pontes como a ponte de aço de Ohio  e a Union Iron Mills, ainda em 1868. Posteriormente, ele também construiria outras pontes, como a Eads Bridge, famosa ponte sobre o rio Mississipi.

Rapidamente, o novo magnata passou a ditar os preços para o aço, para os vagões de comboio e para o mercado imobiliário criado pelas rotas ferroviárias nos EUA.

A ascensão de Carnegie como empreendedor de sucesso acabou o levando a ter alguns rivais que estiveram presentes até o final de sua vida. E o maior deles esteve diretamente ligado à derrocada de seu mentor, Tom Scott: John D Rockefeller.

Tom Scott através da Companhia Ferroviária da Pensylvânia dominava boa parte da distribuição do petróleo de Rockefeller naquela época, entretanto após divergências com Cornelius Vanderbilt, o maior magnata das ferrovias na época, e com o próprio Rockefeller, Tom Scott acabou indo à falência. Rockefeller construiu seu próprio oleoduto, e acabou levando os donos de ferrovia a uma situação de penúria. Scott acabou morrendo anos depois, pobre e amparado por algumas pessoas, como seu pupilo Andrew Carnegie.

A falência e morte de Tom Scott, criou uma rivalidade enorme entre Andrew Carnegie e John Rockefeller. Uma rivalidade que agitou os EUA até a morte de Carnegie.

No leito de morte de Scott, Carnegie prometeu a si mesmo que se tornaria mais rico do que Rockefeller.

O crescimento e reinvestimento contínuo fez com que a empresa tivesse um crescimento vertiginoso, e em 1889 a Carnegie Steel Company se tornou a maior empresa de aço do mundo, superando as concorrentes britânicas, que eram tradicionais no mercado.

Foi nesse mesmo ano de 1889 que Carnegie publicou seu artigo mais famoso, “Wealth” (Riqueza), no qual consolidou sua posição de que as pessoas que acumulam grandes riquezas têm o dever de direcionar o seu excedente para a melhoria da humanidade, em causas filantrópicas. Na época, Carnegie já escrevia bastante sobre questões políticas e sociais e se dedicava à filantropia.

Por conta de seu sucesso, Carnegie conheceu diversas personalidades e celebridades da época, tornando seu nome nacionalmente conhecido.

Considerado baixinho, com aproximadamente 1,60 m, falava com energia, tinha opiniões fortes, era provocador e de um raciocínio rápido para compreender o que lhe interessava. Carnegie agia como um investidor ávido do mercado de capitais. Graças ao instinto para os negócios e às boas relações com políticos em Washington, fechou acordos milionários. Sua ascensão é a fábula norte-americana clássica do homem que enriqueceu do nada.

A mentalidade de Carnegie foi moldada muito pela influência de sua mãe, Margaret, que incumbiu no filho a ideia de que a pobreza deveria ser um motivo de vergonha, e que ele deveria evitar se associar a pessoas sem ambição, pois caso contrário, jamais deixaria a condição de pobreza que a família vivia.

Através da Companhia de Aço Carnegie, e aplicando os conhecimentos adquiridos com Thomas Scott, investiu fortemente no processo Bessemer de fabricação de aço e atingiu o total domínio da indústria metalúrgica da cidade de Pittsburgh..

O sucesso de Carnegie chamou a atenção de diversos grandes capitalistas da época, e também despertaram a inveja e a raiva de diversas outras pessoas de sucesso da época.

Carnegie em determinado momento se associou com Henry Frick, um homem considerado cruel e perverso.

Frick foi nomeado presidente da siderúrgica de Carnegie, e passou a criar novas jornadas de trabalho exaustivas e a exigir cada vez mais produtividade de seus empregados, visando baratear o produto final. Frick reprimia greves de forma violenta, e acabou criando uma enorme mancha no currículo de Carnegie.

Primeiramente, Frick convenceu Carnegie a criar um clube de pesca e caça para homens ricos e poderosos, o South Fork Fishing and Hunting Club na cidade de Johnstown.

A obra da construção do clube foi feita por Frick, que acabou fazendo alterações em um rio local de grande porte, criando uma lagoa particular para o clube.

 A megalomania de Frick fez com que a construção se tornasse cada vez mais instável e imprópria. E após diversas alterações, a barragem que fazia a contenção da lagoa acabou rompendo em 1889, e matou cerca de 2000 pessoas de um vilarejo local.

Ainda existem controvérsias a respeito da obra, mas acredita-se que o desastre não ocorreu por força da natureza, e sim pela ganância de Frick, que ignorou os avisos dos engenheiros da obra, pra construir uma estrada mais larga para o acesso ao clube.

O desastre fez com que a opinião pública ficasse totalmente contra Frick, e a relação com Carnegie ficou bastante abalada.

Entretando, a relação entre Carnegie e Frick permaneceu, e Andrew Carnegie se empenhou em tentar reconstruir o vilarejo, e criou uma biblioteca e um museu no vilarejo, que existem até hoje.

A gota d’água no relacionamento dos dois ocorreu quando Frick reprimiu uma greve de trabalhadores da siderúrgica, que estavam associados ao movimento anarquista, que crescia no país.

Na época, Carnegie havia se ausentado das operações de sua empresa, pois estava visitando sua cidade natal. Viagem longa e custosa, na época, que fez com que Henry Frick tomasse conta inteiramente dos negócios.

Durante uma grande greve, Frick contratou um grupo de repressão, e a ação do grupo, junto aos ânimos exaltados dos manifestantes, fez com que uma batalha campal ocorresse na porta da fábrica. A situação culminou na morte de 10 pessoas, sendo 3 do grupo de Frick e 7 manifestantes.

Por conta da tragédia, Carnegie acabou rompendo relações com Flick, para sempre.

As manchas na reputação de Carnegie o perseguiram, entretanto o sucesso da Carnegie Steel despontava e transformava os EUA.

Além de gerar milhares de empregos, Carnegie também foi responsável por transformar o cenário americano. Além da construção de pontes famosas, ele também introduziu o uso do aço para a construção dos arranha-céus americanos, edifícios com dezenas de andares, que anos depois iriam compor o visual do país americano, e principalmente da cidade de Nova York, que se tornaria referência em todo o mundo.

O sucesso de Carnegie acabou chamando a atenção do mercado financeiro, que despontava no início do século XX, com figuras que se tornariam lendárias, como o banqueiro John Pierpont Morgan.

J.P Morgan entrou em contato com Carnegie, sondando um valor que fosse necessário para comprar a indústria de aço Carnegie.

A época, Andrew Carnegie sugeriu um valor considerado impagável naquela época, algo em torno de 400 bilhões de dólares, em valores atualizados.

Apesar de ter dado o valor em tom de brincadeira, JP Morgan reuniu diversos investidores e conseguiu levantar o capital sugerido, e assim, em 1901, o grupo de investidores capitaneado por Morgan comprou a Carnegie Steel Company, que passaria a se chamar US Steel Company.

A operação rendeu a célebre frase de JP Morgan para Carnegie, que formalizava o acordo: ‘’Parabéns, você é o homem mais rico do mundo’’.

A época, a fortuna de Carnegie representava algo absolutamente imaginável, até para os dias de hoje, e que fez com que Carnegie pudesse dar início a seu grande sonho, se dedicar a filantropia.

Foi assim que em 1904 ele criou a Universidade Carnegie-Mellon

Mesmo depois de ser um dos homens mais ricos do mundo, sempre se preocupou com a justiça social e pregou o exercício da filantropia. Carnegie é tido como o primeiro empresário a declarar publicamente que os ricos têm a obrigação moral de repartir as suas fortunas acumuladas.

A sua primeira doação foi realizada na sua terra natal, Dunfermline.

Na cidade, ele ajudou a construir 2800 bibliotecas nos Estados Unidos, museus, salas de concerto, montou fundações, fez doações para instituições de educação, construiu o famoso Carnegie Hall e o Peace Palace. Os seus esforços manifestaram-se em várias formas de filantropia, entre eles a Carnegie Institute of Pittisburgh (1896), a Carnegie Institution of New York (1902) e a Carnegie Corporation of New York (1911).

Em 1910 criou a Carnegie Endowment for International Peace, instituição não lucrativa direcionada para o entendimento diplomático das nações, que vigora até hoje.

Em 1898, o magnata escocês escreveu o manual ‘’O Evangelho da Riqueza’’, onde defendia a riqueza em excesso como um fundo de confiança a ser http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrado em benefício da comunidade.

Carnegie foi um dos maiores defensores da Liga das Nações, a primeira organização mundial nos moldes da ONU.

Andrew Carnegie morreu em Lenox, Massachusetts (EUA), aos 83 anos.

Seu eterno rival, John D. Rockefeller acabou falecendo prestes a completar 98 anos, vivendo cerca de 15 anos a mais que Carnegie. E assim, acabou acumulando uma fortuna superior à de Andrew Carnegie, fazendo de Carnegie o segundo homem mais rico da história.

Entretanto, Carnegie havia cumprido a sua missão social doando quase toda a sua fortuna. Para ele, um milionário jamais deveria falecer rico, e deveria deixar sua fortuna para as pessoas ainda em vida.

Carnegie era casado com Louise Whitfiled, com que se casou apenas aos 51 anos de idade; e teve uma única filha, Margaret Carnegie Miller.

Um dos maiores legados de Carnegie, entretanto, foi produzido juntamente a um jovem jornalista.

Em 1909, Andrew Carnegie conheceu Napoleon Hill, um jovem e ambicioso jornalista que recebeu uma missão do bilionário: entender porque certas pessoas tinham sucesso e outras não.

Foi assim, que Napoleon Hill passou os vinte anos posteriores entrevistando pessoas de sucesso, como o próprio Carnegie.

Ao todo foram feitas mais de 16 mil entrevistas com diversas pessoas de sucesso, entre elas, os 500 homens mais ricos do mundo naquela época, com destaque para Henry Ford, John D. Rockefeller, Thomas Edison, entre outros.

O resultado da pesquisa foi compilado nos livros de Napoleon Hill, se destacando o livro ‘’ A Lei do Triunfo’’ e o livro ‘’Quem Pensa Enriquece’’, que já falamos muito sobre ele em nosso canal.

O legado de Carnegie é enorme, e em 2019, o centenário de sua morte nos convida a relembrar sua trajetória e seus feitos, que perduram até hoje.

Apesar de algumas controvérsias, sua vida e sua história estiveram relacionadas ao desenvolvimento econômico e social dos Estados Unidos na segunda metade do século XIX e início do século XX; bem como produzem frutos até os dias de hoje.

A História de Carnegie é mais uma prova da capacidade de transformação do Empreendedorismo, fazendo com que um pobre menino imigrante, se tornasse o segundo homem mais rico da história moderna e responsável por transformar milhares de vidas, mesmo após o centenário de sua morte.

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