A HISTÓRIA DA KLABIN

Um colosso brasileiro, a Klabin é uma empresa de enorme sucesso com mais de 100 anos de atuação.

Criada em solo brasileiro, a empresa é fruto da reunião de imigrantes judeus que fugiram da perseguição do regime czarista russo e encontraram prosperidade e esperança no Brasil.

Dentre eles, o principal nome é Maurício Freeman Klabin, um imigrante que deixou a Lituânia em 1860.

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Na época, o Czar russo decidiu que judeus não poderiam ser donos de terras nas regiões pertencentes ao Império Russo. Ainda assim, Klabin havia descumprido a lei e conseguiu comprar sua própria terra.

Na época, ele ainda atendia pelo nome de batismo Moishe Elkana e tinha apenas 25 anos de idade. Mas, pouco tempos depois da aquisição, ele foi denunciado; e assim, além de ter sua terra expropriada, ele teve que fugir pois havia cometido um crime perante a lei russa.

Por conta disso, ele fugiu imediatamente depois de ter sido descoberto, e rumou para a Polônia; iniciando assim uma vida nômade que ainda teve como pontos a Alemanha e a Inglaterra.

Quase 20 anos depois, ele ouviu sobre uma oportunidade em um país distante que ele nunca tinha ouvido falar. O país estava aberto para imigrantes que quisessem trabalhar no campo e receberem em troca um pedaço de terra.

Esperançoso, Moishe decidiu aceitar a oferta e assim ele desembarcou no Brasil, terra que ele não conhecia, mas onde ele criaria um verdadeiro império.

Ao chegar no Porto de Santos, ele adotou o nome que o faria conhecido, Maurício Freeman Klabin. O novo nome facilitaria sua relação com os locais e a inspiração para o sobrenome Klabin veio de uma floresta em sua terra natal.

Porém, sua chegada no Brasil não foi bem como ele esperava. Na época, 1889, a oferta era que o Império lhe cederia um pedaço de terra para que ele explorasse apenas para o plantio e cultivo de uvas; atividade que não lhe interessava.

Mas, a o novo país parecia repleto de oportunidades, e ele já tinha um plano de ação.

Precavido, ele havia trazido na bagagem alguns papéis de cigarro para vender por aqui.  Posteriormente, ele comprou tabaco e enrolou manualmente alguns cigarros que logo começaram a ser vendidos para os locais; o que era uma novidade na ocasião e fazia bastante sucesso por onde ele passava. Até então, somente o cigarro de palha era consumido regularmente no Brasil.

Dessa maneira, Klabin fez seus primeiros trocados na nova morada; e rapidamente, ele também conseguiu um trabalho em uma papelaria e gráfica que funcionava nas proximidades da Praça da Sé, em São Paulo.

Acostumado aos tempos difíceis, Maurício já havia vindo para o Brasil com algumas economias, e ao mesmo tempo também vivia com muito pouco, e guardava quase tudo o que recebia de salário. Dessa maneira, ele aos poucos formou uma reserva financeira que lhe possibilitou comprar a loja em que trabalhava em poucos meses.

Com a aquisição, ele passou a tocar o negócio a sua maneira, incluindo também a venda de artigos de escritório que eram importados e tinham boa aceitação pela clientela. Dessa maneira, houve um importante aumento no faturamento da empresa, possibilitando também que ele pudesse trazer alguns familiares para o Brasil, como o irmão Salomão e Hessel.

A união familiar gerou frutos para o negócio, e em pouco tempo, os sócios alugaram um moinho nas proximidades da cidade para moer papel velho para produzir papelão. A iniciativa era o primeiro passo para uma espécie de verticalização da papelaria.

Com o crescimento do uso do papelão na época, os fundadores perceberam que poderiam aumentar suas margens de lucro se produzissem seu próprio papelão. A tacada formou um grande diferencial e permitiu que a empresa continuasse crescendo nos anos seguintes.

Reinvestindo os lucros constantemente, Maurício foi até a Alemanha para aprender a fazer seu próprio papel, e aproveitou a viagem para trazer os primeiros maquinários do que seria um negócio gigantesco no futuro.

Conjuntamente com a expansão do negócio e de suas atividades, os irmãos também adquiriram terrenos nas proximidades da capital, e estabeleceram um ciclo virtuoso, que era baseado no aumento da produção, do leque dos produtos, do lucro e que posteriormente evoluía para a compra de novos equipamentos e terrenos.

A prosperidade nos negócios era também impulsionada pela tranquilidade e receptividade em que a família judaica foi recebida no Brasil. Estes fatores foram importantes para que ao longo dos anos, outros familiares de Klabin também imigrassem pelo país.

Desse modo, além dos irmãos que já lhe acompanhavam, vieram também seus pais, outros irmãos, tios, primos e também sua noiva, Bertha Osband.

No grupo estavam seus primos que formavam a família Laffer.

Reunidos, os Klabin e os Laffer uniram forças também nos negócios e assim surgia a KIC, Klabin Irmãos e Companhia, que tinha como membros registrados Maurício, Salomão e Hessel Klabin e Miguel Lafer.

A empresa, que foi fundada em 1899, se especializou na fabricação de papel e celulose e nos anos seguintes arrendou fábricas e aos poucos foi se tornando uma potência no mercado que estava em franca ascensão, principalmente pelo aumento da demanda por papel, impulsionada pela migração das pessoas para os centros urbanos e pelo surgimento de novos empregos.

Poucos anos depois, houve a criação da CFP, Companhia Fabricadora de Papel, que cerca de quinze anos após sua fundação se tornou uma das três maiores fábricas do setor no Brasil.

Ao longo do tempo, os fundadores do grupo foram passando as atribuições para a segunda geração familiar, que tinha como membro que se tornou mais conhecido o primo Wolff Kadischewitz, que ficou popularmente conhecido como Wolf da Klabin. Apelido que evoluiu para a mudança oficial para o sobrenome Klabin.

A Wolf é atribuída a importância de ter sido o principal nome da empresa depois do fundador.

Maurício Klabin havia deixado o negócio para tratar de um câncer no estômago, se mudando provisoriamente para a Alemanha; onde faleceu aos 63 anos de idade, em 1923.

Além de Wolf, a empresa era diretamente http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrada por Horácio Lafer e Samuel Klabin.

A ascensão de Wolf Klabin dentro da empresa começou de baixo. Apesar de ter um grau de parentesco, ele começou como vendedor da empresa e percorreu diferentes cantos do Brasil em busca de compradores.

Ao longo o tempo, Wolf se destacou principalmente por sua habilidade de criar conexões importantes para a empresa. Nestas viagens, ele conheceu um político que mais tarde mudaria os rumos da Klabin: Getúlio Vargas.

Quando Getúlio assumiu o poder em 1932, Wolf já estava no comando da Klabin e os dois tinham interesses convergentes que catapultaram a companhia.

Para Vargas, era importante que o Brasil deixasse de ser um país dependente de produtos estrangeiros, e assim desde o início de seu governo ele fez esforços e investimentos na chamada indústria de base.

Na época, já havia uma necessidade grande por papel em todo o país, mas grande parte do papel, insumos e subprodutos eram importados. Além de virem de outros países, eles eram lastreados em dólar, que por sua vez tinha diferentes cotações, que dificultavam a vida de empresários e produtores locais; o que aumentava o preço médio do papel no mercado nacional.

Dessa forma, enquanto Getúlio queria estimular as indústrias nacionais, a Klabin também precisava de auxílio para poder crescer e conseguir produzir itens mais baratos.

Assim, em virtude da proximidade de Wolf com o Presidente, a Klabin foi uma das maiores beneficiadas pelo plano estadista de Vargas, que além de fornecer créditos e estímulos para a Klabin, também ajudava nas operações cambiais para que o dólar fosse mais barato para a empresa.

Foi desse casamento de interesses que a Klabin conseguiu tirar do papel um plano extremamente ousado de construir uma fábrica na Fazenda Monte Alegre, então localizada no município de Tibagi no interior do Paraná.

O terreno era de uma empresa francesa que havia falido, e para adquirir a área, a Klabin contou com interferência direta do Presidente e do interventor do Estado, Manuel Ribas, que era também amigo de Wolf Klabin.

Do ponto de vista estatal, a criação da fábrica tinha benefícios múltiplos, dentre eles uma expressiva geração de empregos para os moradores da região, e também o desenvolvimento da indústria nacional de papel. Outro ponto importante, é que a Klabin se tornaria uma das principais fornecedoras de papel jornal do país, possibilitando a circulação das noticias nacionais por todo o Brasil, fortalecendo os interesses ufanistas de Getúlio Vargas.

Além do estabelecimento da Fábrica, a área se tornou o município de Telêmaco Borba em 1940, que foi emancipado em 1960 e que tem um centro urbano idealizado por Horácio Klabin.

Em paralelo, a Klabin também apostou em outros setores industriais, adquirindo em 1932 a Manufatura Nacional de Porcelanas S.A, que colocou a empresa no ramo de cerâmicas; onde ela esteve até a década de 80.

Em 1951, a companhia comprou parte da Rilsan Brasileira S/A, empresa que adicionou a produção de seda artificial Raiom ao portfólio da Klabin. E em 1955, foi comprada a Companhia Universal de Fósforos. E no mesmo ano foi criada a fábrica de Del Castilho, na cidade do Rio de Janeiro, que seria especializada na produção de Papelão Ondulado.

A parceira com Getúlio Vargas também deu outro fruto em 1953, quando a Klabin inaugurou também em Telêmaco Borba, a Usina Hidrelétrica Presidente Vargas. A usina foi construída pela própria empresa, que teria também o direito de http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrá-la. E o projeto aproveitava as riquezas hídricas que também faziam parte da região.

Na década de 60, a Klabin apostou na fabricação do papel kraft, que se dava através da PCC, Papel e Celulosa Catarinense. E aumentou também suas instalações com a construção da Unidade Vila Anastásio no estado de São Paulo.

Na década de 70, o grupo também recorreu a novas aquisições e passou a atuar no mercado de sacos industriais e papéis descartáveis. E na década de 80 foram introduzidos os fitoterápicos.

Além de forte crescimento ao longo das décadas, a empresa também se preocupa com a sustentabilidade. A Klabin foi a primeira empresa do setor a receber a certificação internacional FSC de manejo florestal sustentável, e desde a década de 80 tem o seu parque de conservação na região de Tibagi, no Paraná.

Nas décadas seguintes, a empresa se fortaleceu e continuou apostando principalmente no papel, celulose e em seus derivados.

Em 1997, a Klabin criou a KCK Tissue S.A., uma joint venture com a Kimblerly Clark, que fez com que o grupo se tornasse o principal fabricante de papel higiênico, toalhas, lenços e guardanapos de papel no Brasil.

Desde 2001 a Klabin tem seu capital aberto na Bolsa de Valores e suas ações se tornaram queridinhas do mercado, principalmente pelo fato de a empresa ser uma potencia em um mercado perene e de poucos concorrentes diretos. Um dos investidores notáveis da empresa é Luiz Barsi Filho, considerado o maior investidor pessoa física do Brasil.

Atualmente, o grupo conta com 28 unidades, entre fábricas e centros produtivos, no Brasil e 1 na Argentina.

O portfólio da empresa está concentrado na produção de Celulose, Embalagens, Cartões e Kraftliner, respectivamente; sendo a líder do mercado de papéis, kraftliner e embalagens no Brasil, e dominando cerca de metade do mercado de cartões.

Em 2019 a empresa registrou receita de mais de 10 bilhões de reais.

E a Klabin continua em franca expansão.

Em março de 2020, a empresa adquiriu a fábrica International Paper e no próximo ano pretende lançar mais uma unidade fabril chamada Puma II, que levará o grupo a produzir o mesmo volume de kraftliner do que as duas empresas líderes mundiais do mercado. Hoje, a Klabin é a terceira maior fabricante do mundo na categoria.

Com forte atuação no mercado mundial, hoje cerca de 52 por cento das vendas da empresa são destinadas ao mercado externo. Tal fato fez com que em 2020 a empresa crescesse 30 por cento o seu faturamento em decorrência do aumento do preço do dólar em relação ao real.

Outro fator que impulsiona o crescimento da empresa nos últimos anos é a alta demanda por embalagens em virtude do aumento do comércio eletrônico, especialmente durante a crise recente.

E ao que tudo indica, além de todos o sucesso centenário, a empresa deve continuar prosperando e aumentando ainda mais o seu raio de atuação.

Por conta de todos estes feitos, a Klabin é uma das empresas mais admiradas do Brasil e é mais uma história de sucesso que merece ser contada em nosso canal.

https://www.facebook.com/Klabin.SA/videos/176624922952881

https://paranaportal.uol.com.br/colunas/memoria-paranaense/historia-da-primeira-grande-fabrica-de-papel-do-brasil-em-telemaco-borba/

https://klabin.com.br/nossa-essencia/memoria-klabin/

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