Crise na Disney.
O ano de 2022 não tem sido nada fácil para a Disney.
Após sofrer nos últimos anos com as restrições que fecharam seus parques e impactaram seus ganhos; a empresa tem enfrentado novos desafios que impactaram e muito as suas contas.
Para se ter ideia, entre idas e vindas, a empresa acumulou cerca de 41% de queda em suas ações somente nesse ano. E esse não é o único problema.
Enquanto apostou forte no Streaming, com o lançamento do Disney Plus e o fortalecimento de empreitadas como Hulu e Star Plus, a empresa acabou amargando 8 bilhões de dólares de prejuízo no departamento.
Para completar, no balanço geral, a empresa apresentou lucratividade muito inferior ao esperado…
Mas o que aconteceu com a Disney?
Por que ela está passando por apuros tão grandes recentemente?
Antes de entrar no mérito das atitudes da empresa é preciso ressaltar que a queda no preço das ações não é um fato exclusivo da Disney. E até mesmo concorrentes como Netflix e HBO também estão enfrentando problemas.
Enquanto nos últimos dois anos houve uma grande euforia no mercado financeiro, turbinada especialmente por uma série de políticas de fomento em todo o mundo; recentemente, diversas empresas também tiveram suas valorizações reduzidas nos últimos meses.
Contudo, o problema da Disney envolve também a sua própria atividade.
Depois de dominar grande parte do Entretenimento mundial, principalmente com as iniciativas de Cinema e Televisão, a Disney passou a adotar uma nova política de gestão e produção de conteúdo.
A mudança aconteceu principalmente após a posse de Bob Chapek como CEO do grupo em fevereiro de 2020.
Declaradamente aberto as chamadas pautas identitárias e progressistas, Chapek fez mudanças significativas tanto na estrutura diretiva da empresa, quanto nas produções da empresa.
Com essas medidas, indiretamente, a Disney passou a adotar algumas medidas da chamada política Woke, que tem sido amplamente debatida nos Estados Unidos.
Através dela, a Disney passou a exercer atos políticos e ideológicos em suas obras, na sua própria estrutura, como também entrou no cenário político americano.
A principal atitude da empresa foi entrar amplamente no debate político ao enfrentar membros do partido Republicano, especialmente por conta de uma legislação comportamental proposta no Estado da Flórida; local em que está a maior parte dos parques da empresa.
A posição dividiu opiniões, e enfrentou forte resistência de parte da população americana que passou a responder com um boicote generalizado à empresa. O que incluiu os parques e principalmente as plataformas de streaming e as produções cinematográficas.
Sob o mantra de ‘’Go Woke and Go Broke’’, que em tradução livre seria algo como ‘’se torne Woke e vá a falência’’, parte da população americana e até mesmo clientes de outros países decidiram aderir ao movimento que corresponde ao que no Brasil é conhecido como ‘’Quem lacra, não lucra’’.
Em que parte dos clientes opta por não mais consumir nenhum produto de uma empresa que opta por assumir determinada posição.
De toda forma, sem entrar no mérito da questão, o efeito é semelhante ao que acontece no Brasil com algumas empresas como Havan e Magazine Luiza, cujo os mandantes decidiram participar do cenário político e social.
E fica o questionamento – vale a pena uma empresa se posicionar politicamente? É interessante acenar para parte de sua clientela em detrimento do restante?
Qual a sua opinião sobre isso?
Na prática, as recentes decisões da Disney causaram uma espécie de racha dentre os possíveis clientes da empresa. E o efeito foi bastante negativo.
E apesar de inicialmente ter respaldo do Conselho da empresa, Bob Chapek acabou demitido.
Em seu lugar, a empresa recontratou Bob Iger, que era o CEO da empresa antes da entrada de Chapek.
Com o objetivo de se aposentar, Iger havia passado pessoalmente o cargo para Chapek; mas ao longo dos últimos anos, a relação dos dois se estremeceu e eles se desentenderam definitivamente.
Bob Iger foi CEO da Disney durante 15 anos, em seu mandato ele multiplicou o faturamento da empresa em cinco vezes e foi o responsável por fechar negócios como a compra da Lucas Film, da Marvel e da produtora Pixar, que foi negociada por ele pessoalmente junto ao antigo dono da empresa, Steve Jobs – que na ocasião se tornou o maior acionista individual da Disney.
O próprio executivo contou toda sua trajetória na Disney em seu livro ‘’Onde os Sonhos Acontecem’’, uma leitura essencial para qualquer empreendedor e que mostra com detalhes as negociações citadas, dentre outras empreitadas.
Seu retorno foi visto com bons olhos pelo mercado, que acenou com a alta no preço das ações da gigante. E agora fica a pergunta, será que a Disney vai voltar a sua forma antiga ou vai dobrar a aposta?
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