PROBLEMA OU SOLUÇÃO? – A DELICADA SITUAÇÃO DE GOL E AZUL

Uma gigante da aviação está prestes a ser formada.

Pelo menos, essa é a ideia de Gol e Azul – duas das maiores companhias aéreas do Brasil – que pretendem se unir para atingirem uma nova realidade.

Porém, apesar de seu provável tamanho, a empreitada terá um grande desafio pela frente….

Nesse post, você vai entender a operação que envolve a fusão de Gol e Azul, e porque ela é delicada.

Por que empresas se juntam?

Vários motivos podem levar empresas a se unirem.

Algumas se juntam para aumentarem os lucros. Outras, para dominarem um mercado ou conquistarem outros setores.; enquanto outras precisam se unir para sobreviverem…

Como no caso de Azul e Gol – em que a união é uma tentativa de manter de pé o que as duas bandeiras conquistaram até aqui.

Isso, porque, apesar de venderem passagens com preços cada vez mais altos, as companhias aéreas têm uma realidade muito mais difícil do que se imagina. E a situação atual das duas é extremamente delicada…

Primeiro, pela própria natureza do setor aéreo – principalmente o setor aéreo brasileiro – que assistiu ao fim de empresas como Vasp e Varig – e a desistência de outros participantes que simplesmente viram que o Brasil não é para amadores – como foi a curta operação da Avianca Brasil na década passada.

O setor é extremamente vulnerável a variação de preços, como no caso dos combustíveis, e do valor do dólar em relação ao real – assim, como elas também sofrem diretamente com as oscilações da economia.

Não à toa, dizem que é possível se tornar milionário sendo o dono de uma companhia aérea.

Basta abrir uma quando você é bilionário….

SETOR DE AVIAÇÃO NO BRASIL

E se o setor por si só é considerado ruim, atuar no Brasil é ainda mais difícil – e a dificuldade foi elevada a mil com o impacto da pandemia – em que as companhias aéreas tiveram meses praticamente inoperantes – que foram seguidos de severas restrições – e uma demanda pequena de viajantes.

Meses depois da reabertura, as aéreas apostaram que haveria uma recuperação com base no fato de que muitas pessoas haviam deixado de viajar nos meses anteriores – e que algumas tinham conseguido economizar durante o período em que estiveram em casa – e que planejavam viajar após a reabertura.

De fato, houve uma boa demanda pelos voos. E para estancar os prejuízos, as passagens aéreas dispararam.

Só que a retomada foi curta, e mesmo sem o mesmo fluxo – os preços altos praticamente se mantiveram. E desde então se estabeleceu um novo patamar no preço das passagens aéreas no Brasil.

Mesmo assim a conta não fechou… e a economia não ajudou.

Com a disparada do preço do dólar e o aumento das taxas de juros mundo afora, o endividamento das companhias aéreas brasileiras disparou – no mesmo momento que os custos também aumentaram.

E não bastasse os novos compromissos, os compromissos assumidos na metade da década passada também não tinham sido superados. E o endividamento virou uma bola de neve – que só aumenta com prejuízos recentes…

Uma situação caótica que levou Gol, Azul e também a Latam a situações extremamente delicadas. E fez com que as empresas tivessem que buscar toda e qualquer ajuda para sobreviverem.

Não à toa, a Azul realizou uma renegociação extrajudicial para renegociar suas dívidas – estimadas na casa dos 20 bilhões de reais. Enquanto a Gol, fez um caminho ainda mais arriscado.

A companhia que tem ações listadas na bolsa americana, entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça dos EUA, na condição do chamado Chapter 11 – que permite até mesmo a suspensão de algumas dívidas – estimadas em mais de 40 bilhões de reais.

Segundo a Reuters, o valor é mais de 6 vezes o EBITDA da companhia.

Em meio a essas renegociações, as duas aéreas pensaram nas mais diferentes formas de cortar custos e aumentarem suas receitas.

Até mesmo o tradicional lanchinho da Azul, considerado um de seus grandes diferenciais, foi limitado e passou a somente ser oferecido em voos com mais de 45 minutos de duração – e com muito menos fartura.

E para otimizarem suas operações, Gol e Azul anunciaram uma parceria de rotas, no que é chamado de code share – em que as duas compartilham trechos.

A parceria gerou uma aproximação entre as partes, mas não foi suficiente para melhorar efetivamente a situação.

Sem alternativa, as duas aéreas anunciaram que estão em processo de fusão, a fim de se obter um novo grupo aéreo que a princípio vai abrigar as duas bandeiras.

FUSÃO DE GOL E AZUL

O objetivo é buscar a salvação das marcas, com base na ideia de que com a fusão as empresas podem se beneficiar daquilo que é conhecido como Sinergia – a ideia de que duas empresas conjuntas geram uma força maior do que a soma das capacidades das duas empresas separadas.

Ou na linguagem dos negócios – uma soma em que 1 mais 1 não é igual a 2 – mas sim um número maior.

Isso, porque, com a combinação dos esforços, as empresas podem cortar uma série de custos que vão desde a operação do dia a dia – como também a estrutura da empresa em si – que pode operar duas bandeiras, com uma única grande estrutura executiva.

Mas, ao mesmo tempo em que gera benefícios, a fusão também pode ter desafios – uma vez que as duas empresas têm culturas diferentes – e podem ter dificuldade até encontrarem um espírito comum.

Além dos benefícios da fusão por si só, as duas acreditam que com o plano de fusão, será antes possível captar uma injeção de 1,8 bilhões de dólares de investidores na GOL – para que assim a empresa possa deixar a recuperação judicial – e fique livre para a selar a fusão.

Plano que agradou o mercado, e que já tem possíveis investidores – que sinalizaram interesse no aporte.

Na prática, a fusão pode gerar uma gigante que com uma malha bem diversas – já que segundo as empresas, as duas atuam de forma complementar – sem sobreposição – uma vez que a Gol tem o foco em voos para grandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, enquanto a Azul atende uma malha mais ampla e difusa.

Estima-se que a junção das duas seja capaz de conceder uma participação de mercado em torno de 60% do total – sendo hoje que a Latam tem quase 40% do mercado.

Apesar disso, especialistas afirmam que o número não geraria a chamada concentração – e que a concorrência no mercado estaria preservada.

Porém, o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica – ainda vai se manifestar sobre o tema – e há rumores mistos sobre o futuro da fusão – que pode ser indeferida pela entidade – caso seja identificado prejuízo a concorrência.

De toda forma, a fusão somente poderá evoluir se a Gol conseguir captar o investimento pretendido e então venha a sair da recuperação judicial, após uma decisão favorável da Justiça Americana.

Considerando a dificuldade das duas empresas, é pouco provável que o CADE rejeite a fusão, mas pode ser que a entidade estabeleça algumas limitações para o acordo – que façam com que a nova gigante tenha que fazer algumas concessões – como aconteceu no caso da fusão entre Sadia e Perdigão – que deu origem à BR Foods.

E o Governo Federal já se manifestou de forma favorável e está otimista com a fusão.

Inclusive, o Governo realizou um acordo recente que diminui substancialmente as dívidas que as duas companhias tinham junto à União.

Vale ressaltar, que segundo apuração da jornalista Raquel Landim, as duas companhias afirmaram que sem a fusão, a GOL pode ir à falência – o que faria do acordo uma verdadeira necessidade.

O acordo ainda será discutido minuciosamente pelas partes – e precisa do OK da Justiça Americana, e posteriormente do CADE; mas caso firmado – a princípio a estrutura da nova gigante da aviação, ainda sem nome – continuará operando as bandeiras Gol e Azul.

De acordo com a CNN Brasil, hoje a Azul possui 182 aeronaves, das fabricantes Airbus e Embraer- enquanto a Gol possui 138 – do modelo Boeing 737.

Estruturalmente, o comando executivo do novo grupo ficaria com a Azul, enquanto a presidência do conselho será uma indicação do Grupo Abra – que representa a GOL.

O conselho de administração será formado por 9 membros – sendo 3 de cada aérea e 3 independentes.

Em termos de mercado financeiro, pode ser que a GOL tenha que vender 25% de suas ações no negócio – desde que não seja para uma concorrente.

E deve ser estabelecido um limite 15% para um único investidor ou entidade – no que é conhecido como poison pill.

Segundo John Rodgerson, homem forte da Azul, e que deve ser o comandante do novo grupo – a ideia é criar uma gigante brasileira de aviação, que irá representar o setor no país – tal como existem: a IAG no Reino Unido, a Lufthansa na Alemanha, e a Latam que tem base no Chile – e que resultou da incorporação da brasileira TAM pela chilena Lan Chile.

E a previsão é já operar conjuntamente em 2026.

Na prática, especialistas divergem sobre os impactos da fusão para o mercado e para o consumidor – mas a princípio, pode ser que essa seja a única saída para manter o setor brasileiro de aviação minimamente de pé….

E você, acredita na recuperação das companhias?

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