Mais um banco tem ganhado cada vez mais protagonismo no Brasil.
E além de investimentos em diversas áreas, esse banco acumula polêmicas, enquanto realiza diversas aquisições, e oferece um dos investimentos de renda fixa com maior retorno do país.
Esse é o Banco Master.
O banco que tem ganhado os noticiários, tanto por suas aquisições, como pelas ações de seu principal nome – o mineiro Daniel Vorcaro.
Mas, como surgiu o Banco Master?
Como em apenas 5 anos, o Banco Master saltou de pouco mais de 200 milhões de patrimônio líquido para mais de 5 bilhões de reais?
Nesse artigo, você vai conhecer a história do Banco Master e como ele está criando um império no mercado brasileiro.
ORIGEM DO BANCO MASTER – O BANCO MÁXIMA
Banco Master.
Nascido como Banco Máxima, o banco que até pouco tempo era desconhecido do grande público já possui décadas de história.
Criado em 1974, ainda como Máxima Correta de Títulos e Valores Mobiliários, a instituição ganhou o status de banco somente em 1990, quando realizava operações de crédito, especialmente no setor de produtos para crédito imobiliário.
Nessa esteira, durante mais de 20 anos, o Banco atuou majoritariamente no setor de crédito imobiliário, até passar por um processo de quase falência, em 2016, quando sofreu com a forte inadimplência em sua carteira de crédito imobiliário.
Até então, o banco era controlado pelo banqueiro Saul Sabbá.
Em situação delicada, o banco passou por um processo de reestruturação que envolveu toda a sua atuação e composição, ganhando novos sócios e novos aportes de capital que fariam do banco quase que uma nova instituição financeira.
REFORMULAÇÃO E ENTRADA DE DANIEL VORCARO
O processo efetivamente se deu a partir de 2018, quando entraram os novos sócios que deram um novo direcionamento ao banco – dentre eles, o principal nome é o empresário mineiro Daniel Vorcaro, que apesar de jovem já tinha bastante experiência no mercado imobiliário de Belo Horizonte, em virtude dos negócios de sua família – tocados pelo grupo Multipar.
Na mídia nacional, Vorcaro já teve seu nome associado a diferentes empreendimentos – dentre eles o projeto do hotel Golden Tulip que atenderia a demanda gerada pela Copa do Mundo de 2014.
Na ocasião, a obra visava revitalizar um antigo prédio no centro da capital mineira, e que inicialmente contou com o investimento de outras personalidades como o empresário Roberto Justus.
Nos últimos anos, Daniel Vorcaro também investiu em outros negócios no ramo hoteleiro, quando junto de outros sócios participou da compra do Fasano Itaim e do Botanique, hotel em Campos do Jordão.
Ele também é apontado como acionista da construtora Gafisa, do bilionário baiano Nelson Tanure.
Em outros setores, o empresário é sócio em negócios como a Universidade Ulbra e o fundo de shopping centers Macam.
Além disso, ele é considerado o segundo maior acionista da SAF do Clube Atlético Mineiro, com aportes que podem chegar a 300 milhões de reais. O que o deixa atrás apenas do majoritário Rubens Menin, dono do Banco Inter e da MRV Engenharia.
REMODELAÇÃO – ”NASCIMENTO” DO BANCO MASTER
Voltando para 2018… com a entrada de Vorcaro e os novos sócios, o novo grupo também assumiu o controle acionário da instituição, e praticamente surgia outra instituição financeira – que também ganhou pouco tempo depois um novo nome – passando a se chamar Banco Master desde 2021.
Em 2018, estima-se que o patrimônio líquido do Banco era de 30 milhões de reais.
Dentre as novas vertentes, o banco passou a diversificar sua carteira de produtos e de investimentos, instituindo novas fontes de renda como, por exemplo, o crédito consignado, seguros e outros serviços financeiros.
Assim, aos poucos, ele se tornou um misto de banco mercantil com banco de investimentos – e é o seu braço de investimentos que tem chamado a atenção do mercado brasileiro.
Em 2020, o Master também adquiriu o banco Vipal, que trouxe ao portfólio da instituição as carteiras de crédito pessoal e consignado.
Segundo o Valor Econômico, existem comparações entre a atuação do Master e o início das atuações do Banco BTG Pactual – que por muitos anos se especializou em adquirir participações de negócios em dificuldade – embolsando poucos anos depois um grande lucro após profundas reestruturações.
O próprio Daniel Vorcaro já afirmou que aposta no chamado ‘’private equity’’, em que o banco atua como um parceiro de negócios que atuam no chamado Middle Market – que precisam não só de dinheiro para crescerem, mas também de direcionamento. E nesse conjunto que entra a atuação do Master em alguns negócios espalhados pelo braço.
Nesse misto de investimentos e captações de recursos que desenrolam algumas polêmicas acerca do banco…
O Master tem apostado em negócios em que pode atuar tanto como provedor financeiro, como também como saneador, com o intuito de aumentar o patrimônio do negócio no curto e no médio prazo.
Além disso, ele atua conjuntamente com seu braço de investimentos, o Banco Master de Investimento, o chamado BMI, na realização de operações de fusões e aquisições, os famosos M&As.
Essas operações foram tocadas com auxílio do então sócio do banco, o gestor Maurício Quadrado, que tem ampla experiência no setor. Além dele, e de Daniel Vorcaro, o banqueiro Augusto Ferreira Lima também é um dos nomes fortes do negócio.
Dentre as operações em que o Master foi partícipe estão o acordo entre a Flytour e a Belvitur que deu origem à gigante do turismo BeFly, e a compra da Promed pela Hapvida.
O Master também se tornou parceiro da rede de clinicas médicas Oncoclínicas, em uma operação que envolveu alguns fundos de investimentos e movimentou mais de 1 bilhão de reais.
Na operação, a rede passou a ter uma capitalização total de mais de 1,5 bilhão de reais. Sendo 12% do capital de propriedade do banco.
O banco atuou também como facilitador na operação, e estruturou o aporte acionário do CEO do negócio, Bruno Lemos Ferrari. Ou seja, ganhou tanto como agente, como sócio.
COMPRA DA OPERAÇÃO BRASILEIRA DO SUPERMERCADOS DIA
Além de intermediário, o banco realizou por contra própria algumas aquisições como a recente compra da operação brasileira dos Supermercados Dia, em que arrematou o negócio deficitário por um valor simbólico, assumindo as dívidas da operação.
O banco também participou como sócio da operação de takeover que resultou na compra da Copel Telecom pela Alliar, em parceria com o já citado Nelson Tanure.
Outra importante aquisição, que coloca o Master mais próximo do público em geral foi a compra do controle acionário do banco digital Will Bank – uma instituição com mais de 6 milhões de clientes, sendo a maioria deles do Nordeste do Brasil.
O banco tem ganhado notoriedade nacional e inclusive, recentemente, anunciou uma parceira com o jogador Vinicius Junior. O foco da instituição são consumidores das classes D e C que tem dificuldade de acesso aos serviços dos bancos tradicionais.
O Master também anunciou a compra do banco Voiter.
Após a compra do Will Bank e do Voiter, estima-se que a carteira de clientes totais sob custódia do Master seja superior a 10,5 milhões de pessoas.
E se engana quem acha que o banco se limita a apenas a atividade bancária para o grande público.
COMPRA DA RESTOQUE – CRIAÇÃO DA VESTE S.A.
Em 2022, o Master, juntamente com outros sócios, comprou o controle acionário da Restoque, holding de moda responsável por grifes como Dudalina, John John e Le Lis Blanc.
Na divisão, o Master é um dos sócios da WNT Capital, que tem 56% do negócio, avaliado em mais de 1,2 bilhão de reais.
Na operação, a Restoque que tinha ações na bolsa de valores foi renomeada para Veste S.A. Estilo. Desde então, a companhia passa por uma profunda reformulação para reencontrar a lucratividade.
E o objetivo do Master é em poucos anos multiplicar o seu investimento.
O banco também tem participações em outros negócios como na Metalfrio e na promissora farmacêutica mineira Biomm.
Além da aquisição de negócios, seja em parte ou em sua totalidade, o Master também é apontado como participante de operações de recuperação de empresas em dificuldades financeiras, que são vistas como sucateadas pelo mercado financeiro.
Por essa razão, o nome do Banco é relacionado a negócios como CVC, Light, Ambipar, Oi e já mencionada Gafisa – em que o banco, juntamente com o investidor Nelson Tanure, desempenhariam papel de saneadores para tentarem reabilitar tais negócios – seja no todo ou na venda de partes do que sobrou dessas operações.
Em poucos anos, o Master conseguiu um crescimento impressionante.
Em 2017, antes da reestruturação, eram 30 milhões de reais de patrimônio. No fim de 2022 era 1,09 bilhão de reais. E uma carteira superior a 10 bilhões de reais sob custódia, com aumento de 159% apenas naquele ano.
Agora, estima-se que o banco já tenha um patrimônio de mais de 5 bilhões de reais.
Mas como isso foi possível?
Como o banco conseguiu movimentos tão contundentes em tão pouco tempo?
ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO DO BANCO MASTER
A resposta está na sua força de captação de dinheiro no mercado.
Mais precisamente nos títulos de renda fixa que ele emite.
Ao contrário de outros bancos, grande parte da receita do Master não advém de empréstimos ou operações financeiras para clientes, e sim da captação de recursos ao emitir instrumentos financeiros ao mercado.
Porém, esses títulos de grandes retornos também trazem consigo grandes polêmicas.
Além dos movimentos já citados, o Master tem ganhado muita mídia em razão dos CDBs que oferece – que são títulos de renda fixa com rendimentos que podem pagar até 140% do CDI – uma das maiores promessas do Brasil no segmento.
A título de comparação, as instituições financeiras brasileiras oferecem CDBs com taxas que giram em torno em média de 98% do CDI.
Aliado aos retornos expressivos, o Banco Master emite instrumentos que vencem em períodos considerados longos, com vencimento médio em torno de 5 anos.
Esses instrumentos em tese dão segurança para o investidor no médio prazo, e também trazem previsibilidade para o Master, que pode alocar os recursos em seus investimentos que podem render bem mais do que aquilo que ele terá de honrar.
Segundo o Banco Central, o Banco Master é visto como de categoria S3, a sigla para banco pequeno. Apesar disso, segundo a revista Piauí, o Master já colocou na praça mais de 40 bilhões de reais por meio dos CDBs.
Eram 2,5 bilhões em 2019, que saltaram para 17,4 bilhões em 2022 e pularam para os atuais 40 bilhões nesse ano.
Os instrumentos são vistos com olhares mistos pelo mercado.
Ao mesmo tempo que são extremamente agressivos, os títulos se apoiam no apetite do banco, que tem empilhado aquisições no mercado brasileiro – que em teoria, dão alicerce para que o banco possa honrar os compromissos que assumiu no médio prazo.
Já para os críticos, apesar da rentabilidade pré-fixada, os títulos são arriscados, já que o Banco está oferecendo algo muito acima do padrão do mercado – sem contar que se trata de uma instituição financeira relativamente recente.
Nesse sentido, existe uma grande polêmica em torno da solidez dos instrumentos do Master. Uma vez que historicamente instituições que ofereciam retornos muito acima do mercado tinham estruturas frágeis – que em algum momento cederam.
Apesar disso, os títulos são garantidos pelo FGC, o fundo garantidor de crédito, que consegue cobrir parte do valor prometido – 250 mil reais por CPF.
Em Outubro de 2023, a agência de rating Fitch avaliou o banco como B+, em escala global, e BBB para o mercado nacional; o que trouxe uma perspectiva local considerada positiva em relação ao banco.
Alguns desses títulos são vendidos por intermédio de outros bancos, como o caso do Banco Inter, que classifica alguns CDBs do Master como risco Médio ou até Muito Alto.
POLÊMICA DO BANCO MASTER COM A CAIXA ECONÔMICA
Outra grande polêmica que envolveu o Banco Master foi uma negociação frustrada com a Caixa Econômica Federal em julho deste ano.
Na ocasião, um grupo de gestores da Caixa perderam os cargos que ocupavam após barrarem uma operação considerada por eles como arriscada e atípica.
Na operação, a Caixa compraria 500 milhões de reais em títulos do Banco Master, através do seu braço de investimento em renda fixa, o Caixa Asset.
Porém, os analistas do banco desaconselharam a operação, e afirmaram que se tratava de uma operação de alto risco.
No acordo a Caixa compraria letras financeiras emitidas pelo Master com vencimento em 10 anos e rentabilidade de 130% do CDI. Porém, após a negativa, não foram divulgadas novas informações.
Já um grupo de analistas do Tribunal de Contas da União se manifestou dizendo que o Banco não demonstrou as capacidades necessárias para a aprovação da operação, e por causa disso ela não prosperou.
Mas essas não são as únicas polêmicas em torno do Master.
NEGATIVAS DE OUTROS BANCOS
Recentemente, foi especulado que o Bradesco suspenderia as negociações do CDB do Master em seu sistema; contudo a informação foi sumariamente negada pelas partes.
Contudo, no dia 29 de Outubro o banco BTG Pactual informou que suspendeu a captação de títulos primários do Banco Master, em virtude das incertezas em relação à instituição.
A notícia pode levar a uma série de desconfianças em torno do banco que vem acumulando polêmicas, movimentando bilhões e assumindo compromissos gigantescos para os próximos anos. O que pode desencadear um movimento de debandada dos bancos e parceiros que hoje conferem sustentação ao banco.
De toda forma, só os próximos capítulos vão dizer até aonde vai o banco….
Hoje, o Master possui uma estrutura com cerca de 250 funcionários.
DANIEL VORCARO COM MAJORITÁRIO
Porém, os bastidores do banco também estão agitados. Isso, porque, segundo algumas fontes, nos últimos meses, Daniel Vorcaro adquiriu as ações de seu sócio Maurício Quadrado.
Estima-se que a participação de Quadrado seria entre 20 e 30% do capital social do Master. E o antigo sócio deve criar uma nova instituição financeira.
Ou seja, enquanto acumula cada vez mais negócios e mais dinheiro sob seu comando, Daniel Vorcaro tem se tornado um dos novos tubarões do mercado financeiro brasileiro.
E agora, resta saber se o Master será um novo tubarão no oceano dominado pelos grandes bancos ou se as dúvidas a seu respeito vão se confirmar….
E você, o que acha?
É um banco promissor ou uma onda passageira?
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