A BYD ERROU?? – 100 MIL CARROS EM ESTOQUE? – O QUE ACONTECEU COM A BYD?

Mais de 100 mil carros importados.

Dois anos de estoque parado nos portos do País.

A BYD superestimou a demanda do Brasil?

É o início do fim da segunda invasão de carros chineses?

O que realmente aconteceu?

É um erro ou tudo faz parte de um plano?

Nesse post, você vai entender o que está acontecendo com a BYD. E tirar suas próprias conclusões.

O Brasil está passando pela segunda invasão de carros chineses.

A ponto de mais de 100 mil carros estarem parados nos pátios dos portos do país e das concessionárias das marcas chinesas.

Depois de uma tentativa malsucedida de marcas como Lifan, Effa, Chery e principalmente a JAC Motors; novamente os chineses tentam conquistar o mercado brasileiro. Especialmente com marcas como GWM e a mais comentada de todas – a BYD.

Só que dessa vez, há dois fatores novos.

Enquanto no início da década passada as marcas chinesas apostaram em carros acessíveis, com preços agressivos, turbinados por um dólar equivalente a menos dois reais.

Agora, a indústria chinesa aposta em carros com alto valor agregado e com um grande diferencial – veículos eletrificados – que possuem motores elétricos em sua totalidade, como no caso dos 100% elétricos; ou complementares, como no caso dos chamados híbridos que contam com um motor a combustão e um motor elétrico.

Sob essa nova dinâmica, nem mesmo o dólar acima dos 5 reais impede os chineses de apostarem forte no mercado brasileiro – a ponto de oferecem produtos que em teoria entregam muito mais equipamentos ao consumidor quando comparados com seus concorrentes, por preços iguais ou até inferiores.

Assim, os chineses começaram a fazer muito barulho com carros inicialmente acima dos 150 mil reais; e mais recentemente com modelos menores que giram em torno dos 100 mil reais. Com dois grandes cavaleiros nessa briga – a GWM e principalmente a BYD – que hoje tem 72% do mercado de elétricos brasileiro.

E além de um produto que em teoria entrega mais por menos, as novas montadoras tem apostado massivamente em todo tipo de divulgação – o que colocou o nome das marcas na boca do povo; e tem atraído um grande número de pessoas que enxergam diferenciais nas marcas.

Assim, a BYD ganhou enorme destaque. A ponto de ter alcançado no primeiro semestre desse ano, o posto de 10ª marca mais vendida do país. Com mais de 32 mil carros vendidos – o que representa cerca de 3% do mercado brasileiro.  

No nicho de elétricos, a BYD chegou a 72% de participação. E por aqui, a marca se tornou a referencia do segmento.

Porém, a meta da empresa é vender 100 mil carros no Brasil em 2024. Mas por enquanto foram 51.174 veículos vendidos de janeiro a setembro, segundo a própria montadora.

Hoje são 200 lojas espalhadas pelo país e 11 modelos de carros disponíveis.

IMPACTO DA TRIBUTAÇÃO PARA A BYD

Um dos grandes diferenciais que ajudaram o crescimento da BYD por aqui, não foi apenas o seu produto em si, mas principalmente o fato de os veículos elétricos eram isentos de imposto de importação desde 2015.

Porém, tudo mudou a partir desse ano, quando pressionado pelas montadoras que fabricam no Brasil, o Governo Brasileiro decidiu retornar com a cobrança do imposto a partir de Janeiro de 2024. E mais do que isso, aumentar progressivamente as alíquotas que no início do ano eram entre 10 e 12% dependendo do tipo de elétrico.

De tal modo que esses valores que vigoravam no início do ano, foram majorados para algo entre 18% para os 100% elétricos e até 25% de imposto, no caso de alguns dos híbridos. 

E não para por aí. A taxação progressiva aumentaria para a faixa de 25 a 30% em Julho de 2025 e saltaria para 35% para todos os veículos híbridos ou elétricos em Julho de 2026.

E já há pressão por parte da ANFAVEA, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Motores, para que a taxação seja antecipada. E mais do que isso, já há lobby para que a taxação de importados chegue a 100%.

E é aqui que entram os mais de 100 mil carros que foram importados nesse ano, tanto pela BYD como pelas outras marcas chinesas.

Receosas com as novas alíquotas, as chinesas decidiram se antecipar à taxação e preferiram trazer ao Brasil o máximo possível de veículos antes do mês de julho, quando passou a valer a nova regulamentação.

Por causa disso, a própria BYD chegou a anunciar que pretendia trazer 100 mil carros ao Brasil até o referido mês. Considerando que a marca vendeu 51 mil carros em nove meses, o número de veículos seria o estoque de quase dois anos de vendas.

E de acordo com o Globo, foram 114 mil carros importados pela BYD, nesse ano, até o presente momento. O que significa quase 90% do volume de veículos elétricos importados no país em 2024.

No total, segundo a ANFAVEA, em setembro, somente nos pátios dos portos de Suape e Santa Catarina, o total de veículos chineses era de mais de 81 mil veículos – sendo que a venda total das marcas vermelhas tinha sido de 72 mil unidades entre janeiro e agosto.

E isso sem contar os estoques que já foram distribuídos para a rede de concessionárias espalhada pelo país.

E é aqui que mora o problema e que começa a discussão.

Primeiro, a estratégia da BYD.

A ESTRATÉGIA DA BYD

Com tantos carros em estoque, a BYD precisa buscar estratégias para vender os carros no menor tempo possível. E pode até usar algumas estratégias já usadas pela concorrência para diminuir o impacto no longo prazo.

Porém, o racional da importação massiva das empresas chinesas se dá pelo fato de que na contabilidade dessas montadoras, é mais barato trazer os produtos antes das novas alíquotas do que pagar os impostos.

E mesmo que ela esteja empatando capital e perdendo dinheiro ao deixar os carros em estoque, a contabilidade final pode ser mais interessante para a empresa.

Isso, porque, essa manobra significa a eliminação de algo entre 8 e 13% do valor do veículo que viram a ser pagos, referentes a impostos, somente com a alteração de julho desse ano.

Para comparação de quanto é representativo esse valor, estima-se que a margem de lucro total de um veículo no Brasil possa chegar até os 10% do preço do carro.

É verdade que o valor dos impostos de certo modo é repassado ao consumidor na conta final, e os veículos chegariam bem mais caros ao mercado no final da equação. Mas, por enquanto, a BYD preferiu fugir destas novas alíquotas – e mesmo assim, reajustou seu preço.

Vale ressaltar que a mudança de alíquota foi um dos fatores que estragou o sonho da JAC Motors e outras marcas chinesas no Brasil mais de uma década atrás.

Agora, o desafio da BYD é conseguir vender todo o estoque acumulado, em uma operação sem precedentes até aqui.

E o pior, evitar que os veículos não sofram com as ações do tempo e do ambiente, que podem danificar severamente os modelos ainda zero quilometro que estão estacionados nos pátios.

Por enquanto, de acordo com o vice-presidente sênior da BYD, Alexandre Baldy, a megaoperação de importação foi vitoriosa; já que a BYD já economizou mais de 1 bilhão de reais ao antecipar os estoques antes do aumento dos impostos.

Porém, ainda não há confirmação de como realmente a ação vai impactar o resultado da empresa – e a resposta pode ser dada apenas daqui a mais de um ano, quando todo o estoque for vendido.

Para completar, entram alguns desafios que ainda podem ser experimentados.

O primeiro é o fato de que carros do ano 2024 foram importados agora e podem ser vendidos apenas daqui a um ano. Nesse caso, não se sabe como os produtos serão introduzidos no mercado.

Alguns influenciadores do ramo, especulam a possibilidade de que esses carros apesar de terem sido importados no ano de 2024, possam ser vendidos no próximo ano como modelo 2025 ou até 2026.

Na teoria, trata-se de um jogo de palavras – já que existem carros fabricados em um ano, sendo eles modelos de outros anos. A prática não é incomum, e a própria BYD já vende alguns modelos hoje como 2025. É o caso do modelo Dolphin, que desde julho é vendido como Dolphin 2025.

Nesse sentido, pode ser que o mercado simplesmente aceite os carros importados agora, apesar da divergência entre modelo e ano de fabricação.

Ou então, a BYD pode vir a praticar um preço mais interessante, já descontando esse prejuízo temporal. Porém, não há confirmação dessas informações e nem houve menção de qual será a estratégia da empresa.

Por enquanto, o que é sabido é que o foco da montadora é Volume, conforme apurado pelo influenciador Victor Picolli do canal Top Drive, junto a um representante da empresa.

Nessa estratégia, pode ser que a BYD venha a praticar preços bem descontados visando ganhar participação no mercado brasileiro no menor tempo possível. E apostar no fato de que ao vender muitos veículos em um curto espaço de tempo, a marca ganhe participação de mercado – diminua as dúvidas sobre ela – e possa vir a lucrar efetivamente em poucos anos, quando se consolidar efetivamente no mercado brasileiro.

Outro ponto é que o fato de a BYD ter trazido tantos carros pode dar a ela uma vantagem futura, no sentido de já ter uma grande quantidade de carros à pronta entrega – o que pode ser bastante importante caso a demanda por seus carros continue crescendo vertiginosamente nos próximos meses.

Porém, até aqui houve apenas os fatores que envolvem a empresa.

DESAFIOS DO MERCADO DE CARROS ELÉTRICOS

Só que além desses problemas e desafios, as montadoras chinesas terão de enfrentar também um possível desaquecimento do mercado de elétricos – algo que já aconteceu em outros mercados mundo afora – especialmente depois do reajuste de preços, em virtude de impostos e proteções.

Por enquanto, a BYD vive uma situação mista em todo o globo, em que apesar de aumentar muito suas vendas, ela também começa a perder tração em virtude de uma certa queda global no interesse pelos elétricos, bem como em razão dos desafios impostos por governos, mundo a fora.

Um dos principais pontos é a má recepção dos veículos elétricos no mercado de usados, especialmente pelo fato de alguns modelos ficarem obsoletos com uma certa velocidade – já que, por exemplo, cinco anos no mercado de elétricos pode significar décadas de avanço- que tornam obsoleto um carro com apenas 5 anos de fabricação.

Sem contar a vida útil das baterias, que podem fazer com que o comprador de um carro elétrico usado tenha que comprar além do carro, uma nova bateria – o que deixa o custo final impraticável – e que afasta compradores de usados.

Também há um enorme problema referente ao mercado de locação; em que os elétricos também têm sido rejeitados pelas locadoras e pelos clientes, por serem soluções boas para o transporte urbano, mas ainda insuficientes para o transporte rodoviário – especialmente pela falta de carregadores nos arredores das rodovias. Sem contar que boa parte dos carregadores existentes hoje estão frequentemente ocupados – demoram para carregar – e em alguns casos estão estragados ou inviabilizados.

E na Europa já circulam notícias preocupantes para a BYD.

Mesmo com o aumento no mercado europeu, a marca ainda está insatisfeita com os resultados; e enfrenta desafios contra empresas europeias. E por lá, a tendência também é a implementação de impostos robustos para frearem as chinesas, conforme já antecipado pela Comissão Europeia.

Alguns aumentos já entraram em vigor, e em julho foi contabilizada uma queda de 45% nas vendas quando comparado com o mês anterior. O que é visto como um enorme alerta – já que o mercado brasileiro pode ter o mesmo destino.

Porém, com relação aos impostos a BYD já busca uma solução definitiva.

BYDLÂNDIA E FÁBRICA NO BRASIL

Para fugir de vez dos impostos de importação, a BYD quer nacionalizar seus carros o mais rápido possível. E prevê o início da fabricação ainda no início de 2025, em sua fábrica na cidade de Camaçari na Bahia, onde pretende criar uma espécie de minicidade – como já contado aqui no canal.

Inicialmente, a ideia é fabricar os modelos Dolphin, Dolphin Mini, Song Plus e Yuan Plus em território brasileiro ainda no primeiro semestre de 2025.

Porém, resta saber se o mercado brasileiro conseguirá absorver tantos veículos elétricos nos próximos meses, especialmente pela malha de carregamento ser quase inexistente nas rodovias e ainda muito embrionária no perímetro urbano.

Nesse cenário, por enquanto há todo tipo de especulação sobre a BYD. Inclusive boatos de que a empresa estaria vendendo menos do que se esperava e que a megaoperação de importação teria sido um erro enorme – a ponto de dar um enorme prejuízo futuro para a marca – que pode ficar com os carros encalhados.

Pra você – foi um erro ou uma estratégia inteligente da BYD?

Se não há ainda uma resposta precisa, resta um exercício de futurologia e começam as apostas.

Será que a BYD vai vencer esse grande desafio?

O Brasil vai caminhar para os elétricos ou foi tudo apenas uma tendência passageira?

Compartilhe a sua opinião com a gente nos comentários.

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