A mais nova lista dos bilionários brasileiros da Revista Forbes trouxe atualizações e novidades.
Ao todo, são 5 novos nomes no grupo, e um deles chamou bastante atenção – o empresário Ricardo Faria, conhecido como ‘’o Rei do Ovo’’ – dono da Granja Faria.
Mas quem é Ricardo Faria? Como ele se tornou tão rico?
Nesse post você vai conhecer a história de Ricardo Faria e como ele se tornou o bilionário Rei do Ovo.
E mais uma prova de que o Agro é tech, é top, é tudo…
Nascido em 1975, o carioca, Ricardo Faria se mudou ainda criança para a cidade de Criciúma, no interior de Santa Catarina.
Desde a infância, ele já vendia os mais diferentes produtos. No início, eram laranjas do seu sítio de seu pai, depois passou a vender papelões que catava nas ruas para ganhar um extra; e mais tarde picolés.
Um dos seus grandes pontos de venda na época era o estádio Heriberto Hülse, do Criciúma Esporte Clube, em que ele faturava vendendo muitos picolés durante os jogos do time.
Aos 16 anos, Ricardo decidiu cursar Agronomia, depois de ter feito um intercambio nos Estados Unidos, na região de Fresno, na Califórnia. Lá, ele tomou conhecimento efetivo do agronegócio, que anos depois seria sua atividade principal.
Só que enquanto isso, ele começou uma jornada em que uma empreitada dava origem a empreitada seguinte…
CONFECÇÃO DE UNIFORMES COMERCIAIS
Enquanto cursava a faculdade na cidade de Porto Alegre, Ricardo decidiu abrir seu próprio negócio, mas em uma área diferente da área de estudo – uma confecção de uniformes comerciais – que começou pequena e nos anos seguintes passou a atender frigoríficos e montadoras.
O negócio era interessante, mas sazonal. Isso, porque os uniformes eram comprados de tempos em tempos, e os meses entre os intervalos entre uma compra e outra eram difíceis. O que fez com que Ricardo entendesse que precisaria ter um negócio perene; que tivesse dois pontos que se tornaram essenciais em seus negócios futuros – Margem e Recorrência.
Como os uniformes eram comprados periodicamente, eles não eram um negócio recorrente – o que o tornava até mesmo imprevisível – já que muitas vezes, o comprador que aparecia esporadicamente, também optava por um concorrente.
E, o pior, as margens da confecção eram baixas, pois não havia um grande valor agregado aos produtos; já que no final eram apenas uniformes, que variavam muito pouco de confecção para confecção.
Pra completar, além da margem ser apertada, havia ainda uma briga por preços constante com os concorrentes, o que diminuía ainda mais a margem no final das contas.
Foi assim que Ricardo entendeu que precisava mudar de negócio, mas nem tanto o negócio.
Ele continuaria no ramo de uniformes, mas o foco não era a venda dos produtos da confecção, e sim a criação de um serviço de aluguel e lavagem periódica dos uniformes das empresas.
SURGIMENTO DA LAVEBRAS
Uma vez que era muito mais lucrativo alugar e lavar uniformes do que simplesmente vender uniformes. Já que como se tratava de um serviço, que até então não era praticado amplamente, era possível agregar valor à prestação e se lucrar muito mais. Ou até 10x mais margem do que a confecção, como dito pelo empresário.
Além da Margem, o negócio teria recorrência – já que as empresas não só precisam de uniformes o tempo todo, como também sujam uniformes constantemente; e precisariam da empresa de Ricardo para mantê-los limpos e novos regularmente.
Assim, ele fechou diversos contratos com grandes empresas para o aluguel e a lavagem dos uniformes – que começaram com os antigos clientes da confecção, como frigoríficos e montadoras, e aumentaram para outros setores como hoteleiro e hospitalar – com destaque para a rede hoteleira Accor, a rede hospitalar da Amil e também a gigante alimentícia Perdigão. O que deu a ele a tão sonhada Recorrência.
Surgia assim, em 1997 a Lavebras, empresa que ganhou o país com diversas unidades e que aos poucos se tornou um colosso, ao não só ganhar cada vez mais clientes – como também ao ampliar sua rede com mais unidades – tanto com o crescimento natural, como também com a compra de concorrentes, através de diferentes operações de fusões e aquisições, os chamados M&As.
Os M&As se intensificaram a partir de 2013, quando o fundador da Amil, Edson Bueno, comprou 30% da Lavebras.
Na ocasião, a operação deu à Lavebras uma valorização estimada de mais de 400 milhões de reais.
O dinheiro injetado deu fôlego para que pouco tempo depois fossem feitos 30 M&As em apenas 36 meses; o que conferiu a rede, em 2017, o faturamento anual de mais de 500 milhões de reais.
Assim a Lavebras fez aquilo que se chama de Consolidação do setor em que atuava, se tornando uma gigante nacional. Tanto que chamou a atenção do Grupo francês Elis, maior player do mundo no mesmo ramo – que decidiu comprar a empresa ainda em 2017.
A Lavebras foi fundada com 16 mil dólares em 1997, e em 2017 foi vendida por mais de 1,7 bilhão de reais.
Nesse tempo, além da venda de parte do negócio para a família de Godoy Bueno, Ricardo Faria afirma que distribuiu cerca de 5% do negócio para colaboradores da empresa, naquilo que é conhecido como Partnership – em que alguns funcionários chave recebem participação acionária em um negócio. E que já foi explicado detalhadamente aqui abaixo:
A prática também foi feita pelo empresário em seus outros negócios posteriores.
No início, a Lavebras foi fundada por Ricardo, junto de um amigo.
A sociedade durou até 2005, quando o sócio vendeu sua participação para Faria.
Os dois se separaram após a negativa de Ricardo a uma proposta de venda do negócio feita por um fundo de private equity. Enquanto o sócio queria vender o negócio. O que levou o empresário a comprar a parte do sócio, com base na valorização feita pelo fundo.
A Lavebras foi o primeiro grande negócio de Ricardo Faria e deu a ele uma fortuna considerável.
Contudo, enquanto tocava as operações da Lavebras, Ricardo já havia dado início a outro negócio que se tornaria ainda maior – a Granja Faria.
SURGIMENTO DA GRANJA FARIA
Em 2006, Faria abriu seus olhos para o mercado avicultor após ter a informação de que a Perdigão, sua então cliente da Lavebras, estava precisando de um novo fornecedor para o chamado mercado de ovos férteis.
Foi a partir dessa necessidade que Ricardo passou a efetivamente atuar no Agronegócio, com a abertura de sua primeira granja na cidade de Nova Mutum, no Mato Grosso – considerado o marco zero da Granja Faria – que hoje tem sua sede na cidade de Lauro Müller em Santa Cataria.
Inicialmente, o negócio fechou um contrato com a BRF, no ano de 2008. E depois passou a atuar também na cidade de Videira, em Santa Catarina, e no ano seguinte na cidade de Fazenda Vila Nova no Rio Grande do Sul; até então, trabalhando exclusivamente com ovos férteis.
Em 2012, a Granja firmou parceria com a gigante Tyson, que posteriormente veio a integrar o Grupo JBS, para a produção de frango de corte- a partir dali uma nova vertente da granja. A operação foi erguida na cidade de Campo Mourão, no Paraná.
Assim como na Lavebras, Ricardo deu início a um processo de consolidação do mercado avicultor, e passou a também realizar M&As envolvendo a Granja Faria.
A primeira grande operação foi a compra da Avícola Catarinense, em 2013. Então com 24 anos de existência, a avícola trabalhava com a venda de ovos férteis e pintinhos.
Outra compra foi a de uma propriedade na cidade de Erval Velho, Santa Catarina, que passou a ser o ponto da produção de ovos férteis para exportação. O que colocou a Granja Faria em diferentes mercados, além do Brasil.
Os ovos de seu incubatório nacionalmente são distribuídos para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Já em 2018, a Granja entrou no mercado de ovos comerciais, o ovo que é servido diretamente para a mesa dos consumidores. A entrada se deu a partir da compra de negócios tradicionais como a Josidith em Darcinópolis, Tocantis; a Marutani em Arapongas, no Paraná e a Stragliotto, em Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
Para se criar um negócio relevante no mercado aviário são necessários anos de preparo e desenvolvimento, até mesmo para que as aves atinjam a maturidade necessária para a produção.
Só que para ganhar tempo, a Granja Faria cresceu através da aquisição de empresas tradicionais, que além de comporem a grande estrutura montada pelo Grupo, também trazem know-how para o negócio como um todo – o que encurta o período de crescimento de toda a operação, e ajuda com que a Granja Faria também abra suas próprias operações.
Assim, em 2018, a Granja Faria abriu sua própria marca – a Ares do Campo, com operações em Palhoça, Santa Catarina.
A marca leva ao mercado os chamados ovos caipiras, e simbolizam não só a entrada do Grupo no mercado, mas uma maturação do mercado em si.
Isso, porque, o ovo, que já foi um alimento vilanizado em todo o mundo; passou a ser considerado como uma proteína de alta qualidade, e que possuí categorias de sabor e preparação.
O que inclui desde os chamados ovos comuns, em que as aves são criadas em gaiolas. A também os chamados ovos caipiras, em que as aves são criadas soltas; e os ovos orgânicos, em que além de soltas, as aves recebem alimentação diferenciada.
E não só isso, hoje o mercado consome categorias diferentes de ovos, que podem ser enriquecidos com Omega 3, selênio, e outros nutrientes.
Além de diferentes qualidades, os ovos também são hoje mais consumidos em termos de quantidade – dois fatores que ajudaram no crescimento meteórico da Granja Faria.
Sem contar, que o ovo deixou de ser visto como apenas um alimento barato; e hoje conta com diferentes categorias, tipos e também preços. O que trouxe valor agregado ao produto.
AQUISIÇÕES DA GRANJA FARIA
Tanto que em 2019 a Granja Faria adquiriu outras empresas como a Aviário Santo Antonio, conhecida como ASA e a Iana Alimentos, ambas no estado de Minas Gerais.
E a Granja Ovos Prata, em Nova Prata no Rio Grande do Sul – que foi renomeada para Avimor.
Em 2021, foi a vez da aquisição da Granja Alexaves, da cidade de Alexania, em Goiás. Em 2023, a BL Ovos, do Espírito Santos e a Katayama Alimentos, de Guararapes, São Paulo. E, por fim, em 2024, a Granja Vitagema.
E não para por aí.
Além da produção dos ovos e do fornecimento para mercados e supermercados, a Granja também passou a fornecer ovos diretamente para os clientes.
Primeiro, através da chamada Assinatura de Ovos, em que os clientes recebem periodicamente um carregamento de ovos em suas casas – e também com seu próprio Fast food, com o ovo como principal estrela – chamado Eggy.
Atualmente, a lanchonete Eggy conta com 2 unidades em São Paulo capital e uma na cidade de Nepomuceno, em Minas Gerais.
E na Granja Faria, o aproveitamento não fica apenas por conta dos ovos e da carne do frango – o esterco de galinha também é um produto, que é comercializado pela Granja, através da Fertifar – empresa de fertilizantes e organominerais bioativas – que vende tanto para o mercado, como para outro negócio de Ricardo Faria – a Insolo.
Desde 2020, o empreendedor vem se dedicando também para outra vertente.
CRIAÇÃO DA INSOLO
Tudo começou com a Terrus, uma empresa que produz grãos; que teve suas primeiras operações em terras no Tocantins.
Em 2022, a empresa se juntou a operação da Insolo, que foi originada a partir de terrenos que eram de propriedade do Endowment da Universidade de Harvard, e que já desenvolviam um trabalho sofisticado que unia agricultura e tecnologia.
Em 2017, após a venda da Lavebras, Ricardo foi estudar por um período em Harvard, e estabeleceu uma relação de amizade com a universidade, que culminou com a venda do negócio para o Grupo Faria, num negócio total de 1,8 bilhões de reais.
Hoje, a Insolo é especializada não só na produção de grãos, mas também nos chamados defensivos biológicos, que buscam eliminar o uso de defensivos químicos na agricultura nacional. Com propriedades produtivas nos estados de Tocantins, Maranhão e Piauí, num total de mais de 205 mil hectares de área operacional.
A empresa se notabiliza pelo uso de alta tecnologia em suas fazendas – e inclusive, uma delas, foi a primeira do país a receber sua própria antena de internet 5G.
O que mostra o avanço da operação, que fatura mais de 1 bilhão de reais por ano, e é a 5ª maior produtora de grãos do país.
Assim, Ricardo Faria construiu um ecossistema que faz parte da chamada economia circular – e que confere uma sinergia enorme entre a Insolo e a Granja Faria.
Isso, porque, a Insolo fornece o alimento das Galinhas da Granja Faria, que por sua vez fornecem o esterco que é usado como adubo das plantações da Insolo. O que cria um ecossistema de ganha-ganha.
Voltando à Granja Faria, hoje ela detém 10% do mercado nacional de Ovos, e há a expectativa de que exista margem para se chegar a 25% do mercado nos próximos anos.
Apesar disso, por enquanto, não há intenção de se abrir o capital do Grupo – que deve continuar crescendo com recursos próprios, apostando principalmente nos M&As.
Ao todo, somente na Granja Faria são 2700 funcionários, 34 unidades produtivas e uma produção impressionante de 16 milhões de ovos por dia; que atendem ao mercado brasileiro e também outros 17 países como África do Sul, Alemanha e Arábia Saudita.
Não à toa, Ricardo se tornou conhecido como ‘’o rei do ovo’’.
Após construir todo esse império, aos 49 anos de idade, Ricardo Faria construiu uma fortuna bilionária, que segundo a Forbes alcança incríveis 17,45 bilhões de reais. E se depender de seus planos, há espaço para muito mais….
E aí, gostou da história do Ricardo?
Qual outro empreendedor você quer conhecer a história?
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