Os Bilionários são sem dúvidas mestres do dinheiro.
Não à toa, esses poucos indivíduos concentram grande parte da riqueza mundial.
Alguns deles construíram suas fortunas através de negócios extremamente valiosos que transformaram a vida de milhares ou até milhões de pessoas.
E além de saberem multiplicar recursos e lucrarem muito com isso, os bilionários também tem acesso a um conhecimento detalhado de como protegerem a fortuna que conquistaram. Não apenas de fatores internos ou externos, mas também do Governo.
Obviamente assessorados pelos melhores contadores, advogados e planejadores financeiros, os bilionários têm acesso a informações financeiras e tributárias que fazem literalmente com que eles – os ricos fiquem cada vez mais ricos – enquanto os pobres ficam cada vez mais pobres….
Isso, porque, eles legalmente conseguem fugir de impostos…De muitos impostos…
E não raramente, megaempresários como Elon Musk, Jeff Bezos e Warren Buffett conseguem pagar menos impostos do que eu e você.
E as vezes, quando o assunto é o imposto de renda – até mesmo Zero.
Isso mesmo, zero.
E não, não é através de nenhuma ameaça ou nenhuma maracutaia.
É através de uma estratégia conhecida como BUY, BORROW, DIE.
Ou em português Comprar, Pegar Emprestado e Morrer.
Através dessa estratégia, as pessoas mais ricas do mundo conseguem satisfazer os desejos mais loucos e improváveis que o dinheiro pode comprar, e ao mesmo tempo evitam pagar impostos – algo que deixa qualquer anarcocapitalista orgulhoso.
Para se ter ideia, entre os anos de 2009 e 2012, Elon Musk não pagou nenhum centavo de imposto de renda – assim como no ano de 2018, ele não pagou nenhum imposto federal.
Da mesma forma, Jeff Bezos conseguiu a mesma proeza em 2017, assim como Donald Trump e outros bilionários em alguns anos.
Mas como eles conseguem isso?
Como é possível ter uma fortuna bilionária e não pagar impostos?
Esse texto não é para discutir se isso é certo ou errado – até porque a discussão sobre tributação dos bilionários pode gerar outros desfechos e mereceria um longo vídeo a parte…
Para você, eles devem ou não pagar mais impostos?
De toda forma, vamos focar somente, única e exclusivamente em como os bilionários conseguem fugir dos impostos…
Isso ocorre principalmente porque a grande maioria dos governos, inclusive o americano, concentram a cobrança de impostos em cima da renda das pessoas, e não em cima do patrimônio.
Dessa forma, os bilionários evitam a todo modo as rendas tributáveis – como o salário por exemplo. E investem no acúmulo de patrimônio e em outras estratégias que passam longe da fome do leão.
Ou seja, na prática, eles dizem ao mundo – ‘’se o Governo tributa a renda, tudo bem – nós não temos renda’’.
Nessa linha, é comum que alguns bilionários tenham salário zero – mesmo sendo eles conselheiros ou executivos de suas próprias empresas bilionárias. Ou então, que ao invés de salário, eles sejam remunerados em ações de empresas em que são sócios ou controladores.
Além disso, eles muitas vezes incluem suas despesas pessoais como despesas de alguma outra empresa ou fundação de sua propriedade. O que na prática torna a despesa que era deles, em despesa de uma empresa – e quem paga as despesas é a própria empresa.
Aqui no Brasil, por exemplo, alguns bilionários não recebem salário, ou se recebem é o mínimo possível – mas, em contrapartida recebem dividendos periódicos de suas próprias empresas – que até esse momento não são rendimentos tributáveis.
Essa estratégia não é válida nos EUA, que tributa os dividendos em cerca de 30% direto na fonte.
Ainda assim, os bilionários americanos procuram outras alternativas, o que fortalece ainda mais a estratégia do Buy, Borrow, Die – que pode ser usada na maioria das jurisdições mundo afora sem maiores problemas.
Através dela, os super ricos começam comprando ativos como imóveis, ações e outros investimentos de longo prazo que formam seu patrimônio. O que forma o primeiro elemento – BUY.
PRIMEIRO PASSO – BUY (COMPRE)
Esses ativos estão sujeitos a depreciação ao longo do tempo, e as despesas que eles venham a gerar ao longo do tempo é utilizada como um fator de depreciação.
Outro fator é a própria depreciação do ativo em si, que é a perda de valor ao longo do tempo, como um carro que tende a perder valor ano após ano – ou um imóvel cujo o valor de registro não é atualizado ao longo dos anos na declaração de imposto de renda.
E ainda que alguns desses ativos possam ter um preço de mercado que se valoriza ao longo do tempo, esse preço mais alto somente é corrigido e lançado no imposto de renda caso os proprietários queiram vender os ativos.
E enquanto esses ativos permanecem dentro da composição do patrimônio dos bilionários, eles continuam proporcionalmente perdendo valor ano a ano.
Por causa disso, na maioria dos casos, os bilionários não vendem os ativos que possuem diretamente – assim ou eles os mantêm, ou utilizam esses ativos como moeda de troca para realizarem a permuta por outros ativos.
Isso porque se venderem o ativo, a operação poderá ser duramente tributada pelo Governo – e eles querem passar longe disso.
Só que apesar de esse primeiro ponto ser interessante como forma de proteção de patrimônio, ele esbarra em outro problema – os bilionários precisam de dinheiro para comprarem aquilo que desejam – e é aí que entra o segundo ponto.
Pegar dinheiro emprestado – o BORROW.
SEGUNDO PASSO – BORROW (PEGUE EMPRESTADO)
Como evitam fontes de renda tributáveis, como salários e dividendos, os bilionários em geral optam por tomar dinheiro emprestado em bancos para comprarem os mais loucos brinquedos – como casas, iates, supercarros e outros mimos.
Ou até mesmo para comprarem outras empresas – como recentemente, Elon Musk tomou dinheiro emprestado para comprar o Twitter.
O porque os bilionários fazem dívidas e porque as dívidas são extremamente interessantes para eles são assuntos que já foram debatidos em um vídeo no canal – e o link para ele vai estar na descrição desse vídeo.
De toda forma, tomar dinheiro emprestado é uma forma interessante de ter dinheiro em mãos, sem ter de dar uma parte para o Estado.
Isso, porque, os bilionários não tomam qualquer tipo de empréstimo – eles financiam a si mesmos, dando seus próprios ativos como garantia. O que pode incluir tanto – imóveis, carros ou até mesmo suas próprias ações das empresas que eles mesmo são donos.
Ao invés de simplesmente pegarem emprestado com os bancos a quantia que desejam e pagarem o valor posteriormente acrescido de juros elevados – eles oferecem seus ativos como garantia aos bancos, e assim conseguem pegar dinheiro emprestado com juros extremamente baixos – já que os bancos podem tomar o patrimônio dado em garantia em caso de não pagamento.
Ainda que esse tipo de empréstimo gere algum custo com juros ao longo do tempo, o valor dos juros é menor do que aquilo que eles pagariam de impostos se eles realizassem operações normais de compra e venda – ou se recebessem uma fonte de renda tradicional, como um alto salário por exemplo.
Para completar, é comum que esses empréstimos sejam arrolados por repetidas vezes, em novos financiamentos, com novas garantias e até mesmo prazos longos de carência para começarem o pagamento.
Não raramente, eles também indiretamente trocam os empréstimos por algumas de suas próprias ações diretamente – não caracterizando uma operação de compra e venda – e sim pelo simples fato de eles apenas deixarem de pagar a dívida assumida – de forma que o empréstimo por si só absorva as ações dadas em garantia como forma de pagamento.
Ou seja, muito dinheiro na mão, sem ter que pagar imposto.
Além disso, há também casos de que os bancos também facilitam o acesso ao dinheiro em troca de preferências e facilidades para realizarem futuras operações das empresas desses bilionários, como por exemplo – participarem de uma futura abertura de capital ou de uma operação para a captação de dinheiro no mercado financeiro.
De toda forma, independente da opção escolhida, os bilionários fogem do radar do governo e dos impostos – e se tiverem custos nessa operação com os bancos, ele é bem menor do que simplesmente dar dinheiro para o governo. Ou seja, mais dinheiro para eles e menos para o Estado.
Por fim, o último passo – Morrer.
TERCEIRO PASSO – DIE (MORRER)
Uma das maiores fontes de renda dos governos é o imposto pago por herdeiros.
Aqui no Brasil, por exemplo, os impostos de transmissão de bens são estaduais – variando entre 2 e 8% . Em Minas Gerais é de 5% .
E muitas vezes, depois de receberem o bem e pagarem o imposto sobre a transmissão, é comum ter de pagar mais imposto de renda sobre ganho de capital se você vender o bem recebido e tiver lucro na operação – isso, porque, normalmente o valor do bem no inventário é bem menor do que o valor real – e você tem que pagar cerca de 15% sobre o lucro resultante dessa diferença.
Você acha justo?
Você acha que nossos impostos são bem utilizados?
De toda forma, em outros países, o valor é substancialmente maior – podendo chegar a até 50%.
Nos EUA por exemplo, ele varia entre 18 e 40%. Já em Portugal é de 10%.
Mas aí é que entra a última estratégia dos bilionários para fugirem dos impostos – não só em vida, mas também para seus herdeiros.
Além da engenharia já citada, o dinheiro e os bens que formam o patrimônio dos bilionários também é protegido por holdings, fundações e outras roupagens jurídicas que pagam menos impostos do que uma pessoa física. Ou que só irão pagar impostos quando algum bem de seu portfólio for vendido.
Entidades em que seus herdeiros se tornam sócios ainda com os bilionários vivos.
Com o falecimento do titular, os herdeiros podem receber cotas, ações e bens. E geralmente o patrimônio que recebem tem elementos que possuem um valor nominal diferente do valor real. E em geral esse valor nominal é muito menor do que o valor real.
É aí que mora outro bônus.
Nos EUA, por exemplo, essa diferença entre o valor real e o valor nominal pode ser corrigida através do que é chamado de ‘’base de custo ajustada’’, em que no momento em que recebem os bens de herança, os herdeiros podem corrigir e atualizarem o valor do passado para o valor presente.
E caso queriam vender o bem, eles podem vender sem ter de pagarem imposto sobre ganho de capital – já que contabilmente não houve lucro na operação.
Ou seja, eles podem se desfazer de ações e outros bens sem o pagamento de impostos de ganho de capital – fugindo assim do imposto sobre herança e do imposto sobre o ganho.
Só que antes de terem de se preocupar com possíveis impostos, os herdeiros muitas vezes herdam um patrimônio virtualmente negativo – isso porque as dívidas feitas pelos bilionários são lançadas no inventário junto com os bens a receber – e muitas vezes, o valor considerado total dos bens, antes das devidas atualizações, é menor do que o valor das dívidas a pagar.
Isso porque, se ao longo de décadas o valor do patrimônio não for devidamente atualizado, em tese ele pode ser menor do que o valor das dívidas – e se o patrimônio for virtualmente negativo, não há imposto a se pagar.
Ou seja, um bilionário pode construir uma fortuna imensa pagando pouquíssimos impostos e ainda deixar esse patrimônio para outras gerações – que por sua vez pagam pouco ou nenhum imposto sobre ele.
Para completar, em relação as dívidas bancárias são comuns também que os bilionários assumam dívidas personalíssimas – que se extinguem em caso de falecimento do titular.
Ou seja, dívidas que não passam para os herdeiros.
Para isso, eles contratam também seguros e outras modalidades que fazem com que a dívida não passe para seus sucessores. E nos casos em que passam, os sucessores podem optar por quitarem as dívidas, ou simplesmente deixarem ela rolar e continuarem o jogo feito por seus antecessores – e assim manter o ciclo – BUY, BORROW, DIE.
E assim que continua o rico cada vez mais rico – enquanto os pobres pagam impostos sobre a renda e sobre os bens que recebem por herança.
De toda forma, sem juízo de valor, essa é a regra do jogo.
E você, acha justa essa regra?
Qual a sua opinião sobre tudo isso?
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