Wang Chuanfu é conhecido como o Elon Musk chinês.
E assim como o Homem de Ferro da Vida real, ele tem transformado o mundo com suas empresas, e tem se destacado como uma das estrelas do mercado automobilístico mundial.
Fundador da BYD, o empresário ainda é pouco conhecido pelo público ocidental, mas além de ser um dos homens mais rico do planeta, ele é a mente por trás da empresa que é conhecida como Tesla Chinesa.
E não seria nenhum exagero dizer o contrário disso… já que recentemente foi anunciado que a própria BYD, fundada em 1995, é que vai fornecer baterias para os futuros modelos da empresa de Musk.
Considerado por Charlie Munger, sócio de Warren Buffett, como uma mistura de Thomas Edison com Jack Welch, Wang chamou a atenção do próprio Oráculo de Omaha, que investiu na BYD Auto em 2008 e já teve um retorno de mais de 3700% em sua aposta…
Mas quem é Wang Chuanfu? Como ele conseguiu criar uma empresa tão poderosa?
Nascido na província de Anhui, uma das regiões mais obres da China; ele foi criado por seus irmãos em uma pequena propriedade rural, após o falecimento de seus pais… Estudioso, ele conseguiu uma oportunidade para melhorar de vida através da Educação; e com seu esforço, conseguiu se formar em Química e Física Metalúrgica.
A formação lhe abriu espaço para fazer um Mestrado e trabalhar em um instituto estatal de pesquisa e desenvolvimento na área de Metalurgia; onde ele conseguiu não apenas destaque, mas também chegou a ser vice-presidente da entidade antes de completar 30 anos de idade.
Apesar da carreira consolidada, Chuanfu tinha o sonho de criar seu próprio negócio; ainda que fosse sob as condições existentes no país vermelho. E assim, ele se juntou a um primo, e os dois fundaram a BYD, sigla para ‘’Build Your Dreams’’; que significa Construa Seus Sonhos em inglês.
A empreitada surgiu com o aporte inicial de cerca de 300 mil dólares, e não há informações precisas sobre como o dinheiro foi arrecado; e nem sobre qual foi o investimento feito por cada um dos fundadores.
Ainda assim, o negócio nasceu em 1995, com o objetivo de ser uma fábrica de baterias recarregáveis, a fim de atender a demanda cada vez mais crescente de eletrônicos em todo o mundo; em especial para um item que estava cada vez mais popular: os celulares…
Além disso, a empresa aproveitou a oportunidade de sediar sua fábrica na zona econômica especial de Shenzen, uma região com benefícios fiscais para os empreendimentos lá sediados…
Dessa forma, com o know-how do fundador, a empresa em poucos anos ganhou bastante destaque no setor, atendendo principalmente alguns dos fabricantes chineses que começavam a ganhar destaque tanto no mercado interno quanto no mercado internacional… o que fazia da fábrica, a empreitada certa, no lugar certo e na hora certa…
E assim como a economia chinesa cresceu, a BYD também surfou a onda; e passou a fornecer baterias recarregáveis não só para empresas locais, mas também para diversos fabricantes mundo afora; que aproveitavam dos preços baixos praticados pela empresa chinesa; que conseguia custo bem mais baixo que suas concorrentes globais, principalmente pelos incentivos locais e pela mão de obra barata existente no país.
Com esse mix, a empresa se tornou pública em 2002 quando abriu seu capital na bolsa de valores de Hong Kong; um movimento que não só colocou a empresa em um outro patamar; como também fez com que ela pudesse financiar uma nova vertente: os automóveis.
Com o caixa encorpado, a empresa mãe criou a BYD Auto, seu braço automobilístico que surgiu um ano depois, a partir a privatização da Qinchuan Machinery Works; uma antiga montadora do Governo Chinês, que na ocasião era bastante defasada.
Apesar disso, o plano do empresário era aproveitar a estrutura já existente para transformar a montadora em algo totalmente diferente; aproveitando a essência da BYD.
E curiosamente, enquanto na América, Elon Musk apostava na pequena montadora Tesla, com a promessa de fazê-la uma gigante; Wang também já planejava que em alguns anos, os carros seriam alimentados não mais por combustíveis fósseis, e sim por baterias elétricas; sua especialidade.
E a partir dali os esforços da nova montadora eram para que em pouco tempo o objetivo fosse atingido; e apesar de não ter começado exclusivamente como uma fabricante de elétricos, em 2008 a empresa já colocava os primeiros automóveis híbridos no mercado chinês.
E enquanto a Tesla focava em um único modelo esportivo 100% elétrico de alto valor, a BYD apostava em vários modelos híbridos, em uma espécie de transição; para que conseguisse se capitalizar e se desenvolver até conseguir colocar no mercado os futuros modelos totalmente elétricos.
Também no mesmo ano, a montadora abriu seu capital na Bolsa de Hong Kong e chamou a atenção de investidores de todo o mundo, que acreditavam que a empreitada poderia ser uma das principais referencias no mercado de elétricos que estava para nascer… e com o diferencial de ser uma empreitada da BYD, na época já uma das maiores fabricantes de baterias do planeta…
Dentre os investidores que se impressionaram com o projeto da montadora estavam Charlie Munger e Warren Buffett, que através da Berkshire Hathaway colocaram cerca de 232 milhões de dólares na empreitada, na mesma época.
Um pacote de ações que está na carteira da empresa até hoje, e que está avaliado em quase 9 bilhões de dólares. Nada mal, não é mesmo?
Mas nem tudo foram flores ao longo do caminho.
Além de acusações envolvendo supostas violações trabalhistas, a montadora também enfrentou acusações de quebra de patentes e violações de designs industriais de algumas das mais populares montadoras do mundo. Acusações que não prosperaram ou foram descontinuadas pela Justiça Chinesa.
E apesar dos pesares, nos anos seguintes, a aposta da empresa não só deu certo, como viabilizou a transição para modelos totalmente elétricos a partir de 2015; um movimento que terminou nesse ano, quando a BYD anunciou que todos os modelos de sua linha atual são totalmente elétricos.
Além do avanço, a montadora ampliou seu leque de atuação, e hoje está presente em mais de 50 países; inclusive no Brasil, desde 2015.
E além dos automóveis, a empresa também fabrica diferentes modelos de ônibus, caminhões e até bicicletas elétricas; que também são vendidas em vários países.
Dentre os clientes da empresa, estão não apenas pessoas físicas, mas também em grande parte o Governo Chinês e alguns entes públicos de diferentes cidades ao redor do mundo, que contam com veículos da empresa em suas redes de transporte público.
Enquanto isso, a BYD matriz também anunciou uma parceria para fornecer baterias automotivas para a Tesla, o que faz com que se especule que na verdade, o conglomerado chinês pode se tornar muito maior do que na condição presente; já que a parceria pode abrir espaço para a colaboração com as demais montadoras mundo afora.
E não apenas como fornecedora, já que em 2020, a BYD firmou uma colaboração com a Toyota para o desenvolvimento de tecnologias para o setor elétrico automotivo; assim como já anunciou também uma joint-venture com a Mercedes para a criação de alguns modelos de automóveis.
Movimentos que fazem da BYD uma das maiores empresas do mundo, sendo responsável pela produção de metade das baterias de celulares do planeta, e uma das quatro maiores fabricantes de baterias em geral do globo. Com um domínio não só da produção das baterias, mas também de semicondutores e outros componentes elétricos que a colocam em um grau de independência maior até do que da Tesla, por exemplo.
Em 2021, foram mais de 320 mil carros produzidos pela chinesa; cerca de um terço da produção da Tesla. Uma diferença ainda significativa, mas que promete ser diminuída nos próximos anos.
Pelo menos, se depender do ritmo de seu domínio na China, uma reviravolta é possível.
Por lá, cerca de 17% dos veículos elétricos são da montadora, contra 6% da empresa de Musk. Será que o padrão será repetido mundo afora?
De toda forma, de acordo com a Forbes, toda a estrutura da BYD está avaliada em 84,5 bilhões de dólares, em um conglomerado que emprega mais de 288 mil pessoas. Um valor ainda pequeno quando comparado com a gigante americana…
Mas graças as suas ações tanto na matriz, quanto na montadora, aos 56 anos de idade, Wang Chuanfu hoje possui uma fortuna avaliada em 27,1 bilhões de dólares. E se depender de seu histórico, há muito mais pela frente.
Será que um dia ele chegará ainda mais próximo do homem mais rico do mundo?
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