Um dos homens mais ricos do Brasil, o catarinense Alceu Elias Feldman construiu um império em um dos setores que carregam o país: o Agronegócio.
Fundador da Fertipar, Feldman conquistou uma fortuna bilionária… e a sua trajetória traz valiosas lições para todo empreendedor.
Apesar de ser bastante discreto, com poucas informações públicas sobre sua vida pessoal; os relatos sobre a vida do empresário apontam para um ingresso desde jovem no agronegócio.
Enquanto se graduava em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná, o futuro empresário começou a trabalhar como vendedor de fertilizantes; atendendo vários fazendeiros em diferentes áreas do Sul do país.
Com a experiência, ele rapidamente entendeu quais eram as necessidades dos agricultores. E ao contrário do senso comum, ele percebeu que as demandas eram diferentes em cada uma das áreas que ele atendia. Uma peculiaridade que não era bem atendida pelas empresas da época.
Nessa imersão, ele também teve acesso a como se dava o funcionamento do mercado de fertilizantes no Brasil.
E um fato lhe chamou muita atenção: de que a imensa maioria das matérias primas dos fertilizantes vendidos no país eram importadas.
CRISE DO CAFÉ NO PARANÁ – A GEADA EM 1975
Em paralelo, enquanto trabalhava como vendedor, a região Sul do Brasil sofreu muito com as diferentes e extremas condições climáticas que aconteceram a partir de 1975. Dentre elas, uma forte geada que acabou com quase todas as plantações de café no estado do Paraná.
Um prejuízo que foi apurado pela Revista Veja na época; e que indicou que dos 800 milhões de pés de Café, praticamente somente 100 milhões continuaram vivos.
Situação que dizimou a indústria cafeeira na região, e impactou severamente um dos principais motores da economia local.
E em meio a esse cenário desolador, os agricultores paranaenses optaram pelo plantio da soja, ao invés de tentarem recuperar os cafezais. Uma atividade que demandaria uma série de fertilizantes.
NASCIMENTO DA FERTIPAR
Por conhecer as necessidades da nova cultura, e por crer que o cenário de crise poderia ser uma ótima oportunidade; em 1980, Alceu Feldman decidiu uma pequena importadora de fertilizantes, que começaria atendendo os plantadores de soja do Paraná.
Nascia assim a Fertipar; que começou em um galpão alugado na cidade de Paranaguá, no estado do Paraná.
Um imóvel antigo que estava desocupado após a crise dos cafeicultores da região. Mostrando que muitas vezes, enquanto há crise em um mercado, há oportunidades em outros…
Como conhecedor do mercado, Feldman escolheu a dedo a localização do negócio; que estava em um imóvel estrategicamente posicionado; próximo daquele que é o maior porto importador de fertilizantes do país. E que ao mesmo tempo, poderia atender a uma indústria nascente e ávida por fertilizantes que chegassem de forma rápida e com um bom preço.
Assim, desde o início, a empresa conseguia negociar as matérias primas diretamente com os fabricantes e importadores; e já recebê-las, transformá-las no produto final e distribuí-los com uma agilidade pouco conhecida na época.
Logística que foi bolada pelo próprio Feldman, e que se tornou outro grande diferencial no início da empresa.
Conjunto de práticas que fizeram com que a empresa vendesse 35 mil toneladas de fertilizantes apenas no primeiro ano; segundo o portal ‘’Amanhã’’.
Um sucesso absoluto que deu combustível para novas empreitadas apenas 4 anos depois; surgindo assim a Fertigran, em Minas Gerais e um ano depois a Fertilizantes Piratini, no Rio Grande do Sul.
Negócios que tinham grandes semelhanças com o original, mas que guardavam características especificas, respeitando as necessidades de cada mercado local. Lição aprendida anos antes pelo fundador e que se tornou um forte diferencial para cada negócio. Conforme relatado pelo próprio Feldman, à revista Amanhã:
“São agriculturas completamente distintas, às quais precisamos nos adaptar. Esse é o segredo: nossa capacidade de adaptação aos clientes. Por isso o agricultor gosta de fazer negócios com a gente”.
Com esses pilares, a empresa conseguiu crescer fortemente nos anos seguintes; impulsionada principalmente pelo grande aumento no mercado da Soja no Brasil.
Para se ter ideia, nos 10 primeiros anos, a venda de fertilizantes pela Fertipar multiplicou 7 vezes. E até hoje, a empresa registra crescimento médio anual de 15 por cento.
Somente os fertilizantes para o mercado da Soja representam cerca de 30 por cento do faturamento da empresa. Tudo isso por conta da visão do fundador, que enxergou a lacuna no mercado paranaense ainda nos anos 80.
Se na época o Estado passou por uma profunda crise que praticamente acabou com o mercado cafeeiro; a tragédia deu espaço para o nascimento da cultura da soja. E hoje, o Estado é o segundo maior produtor de Soja do país, de acordo com dados da CONAB, a Companhia Nacional de Abastecimento.
Com os grandes sucessos, a Fertipar se tornou um grupo com múltiplas operações pelo país; que desde os anos 90, atende a região Nordeste, com iniciativas como Fertipar Bahia e Fertine.
E desde os anos 2000, a empresa também apostou na região Centro-Oeste do país. Outra área que foi extremamente impactada pelo boom na Soja no país; área de domínio da Fertipar. E que alavancou ainda mais as operações da gigante.
Hoje, além do Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o Grupo conta com operações em Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Bahia, Sergipe, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo e São Paulo.
E além de fertilizantes, a empresa também comercializa diferentes tipos de pesticidas.
A Fertipar também possui operações portuárias; contando com seu próprio Terminal no Porto de Paranaguá. Dominando várias etapas do processo logístico que fazem com que os produtos cheguem de forma mais rápida e barata para os clientes.
Todas elas empregam atualmente mais de 2100 pessoas.
Com esse portfólio, a empresa atualmente possui um faturamento anual de quase 2 bilhões de dólares. Números que fazem com que a empresa tenha também uma valorização bilionária. E, que por consequência, faz de seu fundador, um dos homens mais ricos do Brasil.
Detentor de cerca de 85 por cento das ações do negócio, que ganhou outros sócios com o passar dos anos; no momento dessa redação, de acordo com a revista Forbes Brasil, Alceu Feldman possui uma fortuna de 30,5 bilhões de reais; o que faz dele um dos dez homens mais ricos do Brasil.
Números expressivos que mostram o quão poderoso é o Agronegócio brasileiro, e como empreendedores brasileiros tem tido enorme sucesso nesse mercado.
E a história de Alceu Feldman é mais uma história de sucesso que merece ser contada em nosso canal.
Tem alguma história de um empreendedor que você quer conhecer? Compartilhe conosco nos comentários…
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