MUITO ALÉM DA NUTELLA – A HISTÓRIA DA FERRERO

Ferrero é sinônimo de sabor, qualidade e delícias que são admiradas em todo o planeta.

Nutella, Kinder e Ferrero Rocher são apenas algumas de suas criações.

Tudo começou com o italiano Pietro Ferrero, que tinha uma doceria na cidade de Alba.

Antes de se especializar no manuseio do chocolate, Pietro serviu ao exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial. E nos seguintes ele viveu uma vida nômade, passando por várias localidades, onde aprendeu a trabalhar com doces e também a vende-los. Nesse meio tempo, ele ingressou na vida de mascate, ao tentar vender alimentos para suprir as necessidades das tropas italianas que estavam na África, mas sem sucesso.

Foi então que ele se firmou na cidade de Alba, na Itália, onde ele passou a viver com sua esposa e seu filho, Michele.

Por lá, ele criou uma pequena doceria especializada em chocolates. Mas, durante a segunda guerra, ele tinha dificuldades para conseguir todo o chocolate que precisava para atender sua clientela. E por conta da escassez, ele passou a testar receitas que usassem bem menos chocolate.

Nessa busca, ele tentou vários experimentos até chegar a um misto de chocolate com pasta de avelãs, e encontrar uma receita que em pouco tempo se tornou seu principal produto: o Giandujot.

Um doce razoavelmente mole que surgiu da mistura de chocolate, avelã e manteiga de cacau; e que era inspirado no Gianduitto, uma receita de chocolate com avelã, que era popular na região do Piemonte.

A nova receita podia ser fracionada e facilmente transportada, sendo vendida enrolada em papel de seda.

O doce contava com robusto valor nutricional e era versátil, podendo ser consumido puro ou incluído no café da manhã; junto de pães, frutas e outros alimentos. E, o melhor, custando poucas moedas.

Dessa forma, rapidamente o produto caiu no gosto dos habitantes de Alba e região.

O produto vendia na mesma velocidade que ele conseguia produzir, e com o passar dos meses ele enxergou que poderia transformar o doce em um produto comercializado em toda a Itália.

E para isso, ele se juntou a seu irmão mais novo, Giovanni; que tinha experiência em vendas, principalmente em atacado. E dessa forma, em 1946, os irmãos fundaram a Ferrero, a fabricante de doces que ganharia o planeta.

No início, o produto enfrentava dificuldades por conta do calor; derretendo e prejudicando a embalagem que ficava muito úmida. E por conta disso, os irmãos decidiram alterar a fórmula e deixar o doce com aspecto de pasta; o que gerou um novo nome: Supercrema.

Com o aspecto cremoso, o doce era vendido em potes de vidro e rapidamente ganhou a Itália.

Além de um sabor marcante, o produto se tornou fácil de ser estocado e distribuído; contando também com uma logística muito bem estruturada que garantia que os produtos chegassem nos principais pontos do país.

Se de um lado, Pietro Ferrero conseguiu criar um produto de destaque; ao mesmo tempo seu irmão Giovanni desempenhou um papel tão importante quanto ao conseguir montar uma rede de distribuição que foi vital para o crescimento rápido do negócio; que conseguia levar a Supercrema para vários pontos de vendas, através de uma equipe de representantes espalhados pela Itália.

Porém, Pietro Ferrero pouco pôde testemunhar o sucesso de seu negócio, já que em 1949, aos 51 anos; ele teve um infarto fulminante.

Em seu lugar, assumiram o seu filho Michelle, então com 33 anos; e, por um curto espaço de tempo, sua esposa Piera; que o acompanhou desde suas primeiras criações.

MICHELE FERRERO

Michele Ferrero é considerado tão ou mais importante do que seu pai para o crescimento do negócio.

Ele foi o responsável por internacionalizar a empresa, e levar a Ferrero para a Alemanha a partir de 1956;

O país estava completamente devastado no pós-guerra, e oferecia uma série de imóveis de baixo custo onde a empresa se instalou. Alguns deles, eram até mesmo antigas fábricas de mísseis; que passaram a produzir doces da Ferrero em larga escala para o mercado alemão e suas adjacências.

Enquanto a maioria das pessoas enxergava a crise no mercado alemão, Ferrero viu uma grande oportunidade; que rapidamente teve retorno.

Posteriormente, ele introduziu um novo produto utilizando chocolate e licor de cereja; o bombom Mon Chéri, lançado em 1956 e que se consolidou como um sucesso absoluto na Alemanha.

Entretanto, enquanto a Ferrero crescia e se tornava multinacional; Giovanni Ferrero também faleceu de um ataque cardíaco, em 1957 aos 52 anos de idade. Sua esposa, e então herdeira, decidiu vender sua participação para Michele Ferrero, que se tornou o único comandante do negócio.

Sob seu comando, a empresa avançou também para a Bélgica, a Áustria e a França nos anos seguintes.

Para conquistar cada mercado, eram investidas grandes quantias em anúncios e outras formas de publicidade; que reforçavam não só o sabor dos produtos da Ferrero, mas também os benefícios agregados a cada um dos doces.

Entre eles, o fato de ser um doce relativamente acessível e capaz de conferir um valor calórico robusto; algo importante principalmente na Europa pós-guerra; onde as pessoas tinham pouco dinheiro e precisavam de produtos acessíveis e com alto valor energético.

E enquanto a Europa conseguia aos poucos se recuperar, a Ferrero também crescia o seu mercado consumidor e seu faturamento. E com o cenário mais favorável como um todo, a empresa decidiu melhorar ainda mais seu produto, aproveitando também do fato do cacau e seus produtos estarem mais acessíveis.

Dessa maneira, em 1964, Michelle Ferrero decidiu alterar a fórmula da Supercrema, adicionando mais chocolate e manteiga de cacau.

NUTELLA

Na época, o Governo Italiano proibiu que os produtos tivessem nomes com superlativos, como a própria expressão Super; e dessa forma, além da nova fórmula, o produto ganharia um novo nome.

E o nome escolhido foi uma expressão pensada para ser fácil de ser assimilada e pronunciada em várias línguas; e surgiu da junção das palavras Nut, que pode ser entendido como nozes ou castanha em inglês, e Nociolla, que é avelã em italiano.

Da junção surgiu: Nutella.

O seu produto de maior sucesso.

Com o novo antigo produto, a companhia conseguiu conquistar também o Reino Unido, a Dinamarca, a Suécia e até a Suiça; tradicional terra de chocolates.

Em meio a tal crescimento, a Ferrero também incluiu novos produtos em seu portfólio com a criação de outros tipos de bombons e também da linha Kinder; um chocolate criado para crianças, cujo nome significa criança em alemão; que foi introduzido em 1968.

Desde o início, o diferencial da linha Kinder era o fato de usar mais leite e menos cacau, o que deixava o sabor mais agradável para as crianças, e também lhe dava um aspecto mais cremoso.

E a empresa não ficou limitada ao chocolate e seus derivados; e decidiu diversificar.

Em 1969 foi lançada uma caixinha de pequenas balas que se dissolviam na boca, com sabor referescante de menta: o Tic Tac.

A balinha foi um sucesso desde o início, e foi logo exportada para fora da Europa junto com os demais produtos da companhia, que além dos doces, também passou a incluir bebidas adoçadas.

Dessa forma, a empresa chegou a Ásia, América Latina, Austrália, Canadá e conquistou os EUA, que se tornaram grandes consumidores dos produtos italianos.

Apostando forte no mercado infantil, a Ferrero decidiu expandir a linha Kinder com um produto marcante na vida de milhões de pessoas: o Kinder Sorpresa, conhecido décadas depois no Brasil como Kinder Ovo.

O chocolate em formato de ovo com um brinquedo surpresa dentro logo conquistou as crianças de todo o mundo.  E foi apenas uma das adições à linha Kinder, que ganhou diversos sabores e formatos nos anos seguintes.

Curiosamente, o Kinder Ovo havia sido proibido nos EUA por risco de asfixia em crianças, por conta dos pequenos brinquedos dentro dele. A proibição vigorou até 2017, quando a empresa realizou algumas mudanças para se adaptar às regras americanas.

Porém, aquela que é considerada a grande obra de Michelle Ferrero surgiu após uma busca de cinco anos, em que ele desejava criar um produto que pudesse não apenas surpreender pelo sabor, mas também que fosse símbolo de status e elegância.

Nessa busca, foram vários testes envolvendo chocolate, avelã e biscoito waffer; até que em 1982, enfim foi lançado o Ferrero Rocher; a joia da coroa italiana.

FERRERO ROCHER

O nome Rocher, vem do francês e significa Pedra; uma homenagem à pedra da gruta de Massabielle, onde Nossa Senhora teria aparecido para Santa Bernadette; e uma alusão à crosta e recheio do bombom.

Desde o início, o produto chamou a atenção, e rapidamente foi associado a eventos luxuosos e grandes recepções; assim como a empresa esperava.

Mas, não foi coincidência; uma vez que a Ferrero investiu fortemente em publicidade e marketing para literalmente criar um posicionamento premium para o produto; de forma que as pessoas enxergassem Valor no bombom de preço mais alto da fabricante.

Todo o esforço e resultado realizava a visão de Michelle, que além de criar um produto premium, também criou um produto que conseguia usar ingredientes que já estavam presentes em outros produtos da marca, e ao mesmo tempo custava quase que o mesmo tanto que o resto da família; consolidando um produto com ótima margem de lucro, colocando a Ferrero em um novo patamar.

E a fórmula foi repetida em 1989 com o lançamento do Rafaello, um bombom feito com amêndoas e côco; que também se tornou popular mundialmente; mas com uma escala menor do que o Rocher.

E um ano depois veio a barra Kinder Bueno.

Por aqui, a Ferrero se estabeleceu oficialmente a partir de 1994 quando trouxe o Kinder Ovo, que logo se tornou um sucesso no país; apesar de ter um preço relativamente alto.

Ainda assim, a adesão ao produto fez com que outros itens chegassem ao Brasil como o Kinder Bueno, o Ferrero Rocher e as balas Tic Tac.

Devido ao grande sucesso, em 1997, foi estabelecida a primeira fábrica em Poços de Caldas, Minas Gerais; que ajudou também a tornar a linha mais acessível ao mercado brasileiro, já que até então, os produtos eram todos importados.

Enquanto isso, a Ferrero continuou crescendo em todo o mundo e adicionando novos itens a seu portfólio; que fizeram com que a empresa se consolidasse nos principais mercados, tendo como principais consumidores os EUA e a China, que aumenta sua demanda na mesma medida em que cresce a sua economia.

Todos esses feitos fizeram com que Michele Ferrero se tornasse um dos homens mais ricos do planeta; e desde 2008, o mais rico da Itália; quando ultrapassou o magnata Silvio Berlusconi.

Infelizmente, em 14 de Fevereiro de 2015, Michele faleceu aos 89 anos de idade. Ele teve dois filhos, Giovanni e Pietro.

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