A HISTÓRIA DE ABÍLIO DINIZ

Abílio Diniz é um dos maiores empreendedores do Brasil, e uma referência de renome internacional quando o assunto é varejo.

Abílio dos Santos Diniz nasceu em São Paulo no dia 28 de dezembro de 1936.

Abilio é o primeiro dos seis filhos de Florípes Pires e do imigrante português Valentim Diniz.

Valentim nasceu em 1913 no interior de Portugal, e imigrou ao Brasil em 25 de Novembro de 1929.Posteriormente, se estabeleceu em solo brasileiro como comerciante, sendo dono de uma padaria.

Abilio Diniz começou a trabalhar aos 12 anos auxiliando seu pai na Doceria Pão de Açúcar, inaugurada em setembro de 1948.

Em sua infância sofria bullying por ser baixinho e gordinho. Por conta disso, desde jovem passou a praticar constantemente exercícios físicos e artes marciais, moldando uma personalidade competitiva desde muito cedo.

Abílio estudou no colégio Anglo Latino, fez segundo grau no Colégio Mackenzie e se formou em 1956 pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas.

Concluída a graduação, Diniz abriu mão de uma pós-graduação na Universidade de Michigan ao aceitar a proposta de seu pai para abrir um supermercado.

Em abril de 1959, pai e filho inauguraram o Supermercado Pão de Açúcar, a primeira unidade do que viria a se tornar a maior rede varejista da América Latina, o Grupo Pão de Açúcar. Localizada na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo.

BENCHMARKING

Em 1960, com a operação da primeira loja estabelecida, Diniz viajou durante quatro meses pela Europa e pelos Estados Unidos para observar o funcionamento do setor de varejo no exterior. Por meio das visitas nas redes de supermercados pelo mundo, Diniz buscou aprender tudo o que podia sobre a concorrência. Em suas visitas em observou em loco as operações do Wal-Mart, e na Europa do Carrefour e Casinó.

AQUSIÇÕES E EXPANSÃO

Em 1963, após quatro anos da abertura da primeira loja, a segunda unidade do Pão de Açúcar foi inaugurada na rua Maria Antônia, no centro de São Paulo. Um ano depois, o Pão de Açúcar adquiriu os supermercados Quiko e Tip Top.

A expansão por meio da compra de outras redes concorrentes é uma estratégia amplamente adotada por empreendedores que dominaram mercados em todo o mundo. A Coca-Cola Company comprou diversas marcas de bebidas não-alcoolicas em todo o mundo. No Brasil, Carlos Wizard criou o Grupo Multi, que adquiriu diversas escolas de Inglês consolidadas como o Yázigi e escolas preparatórias como a Microlins. Assim, ele consolidou o grupo como um dos líderes do mercado de educação no Brasil. Em 2013 ele vendeu o Grupo por cerca de 3 bilhões de reais.

Em 1965, Diniz foi para os Estados Unidos estudar Marketing pela Universidade de Ohio e Economia pela Universidade Columbia, em Nova York. Na época ele se preparou para poder dar um salto na organização da família, adquirindo conhecimento e vivência que seriam essenciais em sua trajetória como empreendedor.

Ao longo de sua jornada, Abílio ganhou a companhia de outros empreendedores e economistas, que o ajudaram a ganhar cada vez mais força como empresário. Entre estas pessoas se destacam o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, responsável pelo antigo plano Bresser.

Em 1967, Diniz embarcou para Paris para conhecer Marcel Fournier, co-fundador do Carrefour. O empresário levou-os para conhecer uma loja, onde detalhou o passo a passo da operação.

Na época até mesmo o tamanho das escadas rolantes das lojas do Carrefour foram usadas de modelo por Abílio. Realizando um verdadeiro Benchmarking, isto é, estudando as melhores práticas do mercado.

Em 1968, Diniz foi um dos fundadores da Associação Brasileiras de Supermercados. Mostrando desde cedo as suas habilidades de liderança, e se consolidando como uma voz atuante no setor varejista nacional.

Inspirado no modelo de hipermercados Carrefour, Diniz inaugurou em 1971, na cidade de Santo André, a bandeira Jumbo, o primeiro hipermercado do Brasil. Nas lojas do Jumbo era possível encontrar muito mais do que produtos do catálogo regular de  um supermercado. As lojas também oferecia um enorme leque de produtos, com presença de peças automotivas, eletrodomésticos, entre outras opções, que diferenciavam o modelo de hipermercado dos tradicionais supermercados.

Em 1976, o Grupo Pão de Açúcar, que se consolidava como uma rede poderosa de varejo no Brasil, com diversas bandeiras de supermercados sobre o seu guarda-chuva, adquiriu também a rede Eletroradiobraz, segunda maior rede de supermercados e hipermercados do Brasil na época, com oito supermercados, 26 hipermercados, 16 magazines e um depósito.

Durante as décadas de 60 e 70, o Pão de Açúcar apresentou um grande crescimento com Diniz à frente do negócio. O Pão de Açúcar foi a primeira rede de supermercados a instalar uma loja em shopping center (o Iguatemi, em São Paulo), a ter uma farmácia, a funcionar 24 horas e a montar um centro de processamento de dados.

Todas essas atitudes representavam diferenciais competitivos expressivos, que ajudavam a rede a acumular cada vez mais caixa para realizar novas aquisições e dominar o mercado nacional.

Entretanto, em 1979, após os decorrentes desentendimentos familiares, Diniz afastou-se dos negócios. Apesar de tocar as atividades da empresa, a palavra final era sempre de seu pai, que foi presidente da empresa até 1995.

 Nessa época,  Abílio foi convidado pelo ministro do Planejamento, Mario Henrique Simonsen, para fazer parte do Conselho Monetário Nacional.

Lá, atuou principalmente coordenando a produção de boletins econômicos. No período de dez anos em que Diniz passou na ponte aérea São Paulo-Brasília, a empresa foi conduzida por seu pai, irmãos e outros profissionais.

No final da década de 1980, ao perceber que os negócios não iam bem, seu Valentim pediu que Diniz assumisse a direção com plenos poderes. Em meados de 1989, Diniz voltou à companhia e passou a ocupar a presidência executiva, enquanto seu Valentim integrava a presidência do Conselho de Administração do Grupo.

Apesar da felicidade momentânea por retornar à chefia do Grupo Pão de Açúcar, Abílio sofreu um novo e duro golpe em 1989.

SEQUESTRO

No dia 11 de dezembro de 1989, Diniz foi sequestrado no Jardim Europa, em São Paulo. Na época ele dispensava equipe particular de segurança e andava armado frequentemente.

 Durante seis dias ele ficou em um cativeiro no bairro do Jabaquara (zona sul de SP). O grupo era composto por cerca de dez sequestradores, de vários países sul-americanos, ligados a um suposto movimento de esquerda. Todos acabaram sendo presos.

CRISE NO PÃO DE AÇÚCAR

Visando salvar a empresa da família e tentando recuperar sua saúde mental, Abílio Diniz desenvolveu um projeto de recuperação emergencial, mas não chegou a executar, pois, em março de 1990, o governo Collor implementou um plano de medidas financeiras no país, como o confisco das cadernetas de poupança. O confisco gerou uma enorme crise no país, que abateu o faturamento do GPA, levando à uma falta de caixa na empresa, e o Pão de Açúcar ficou à beira da falência.

Para recuperar a companhia, Diniz pôs em prática o lema “corte, concentre e simplifique”. Executou um plano de corte drástico de despesas, que não poupou nem os cargos de primeiro escalão. Na época a empresa tinha se habituado a pagar cada vez mais seus empregados, e investir na contratação de executivos com salários cada vez mais altos.

Além disso, a antiga sede original do Pão de Açúcar foi substituída por um suntuoso prédio na Berrini, bairro comercial de São Paulo. A idéia da construção do prédio foi dos irmãos de  Abílio, que revezaram o comando da empresa durante os anos de ausência de Abílio. O prédio foi sede do GPA de 1986 a 1992. Entretanto, Abílio decidiu vender o prédio, e retornar a sede da empresa para as instalações, bem mais enxutas; onerando também menos gastos.

O número de lojas, que chegou a 626 em 1985, foi reduzido para 262, em 1992.

 Desta forma, Diniz conseguiu contornar a crise da empresa, e também atravessar o período de instabilidade da economia nacional. Posteriormente, as medidas de Abílio possibilitaram ao grupo a realização de um novo período de expansão.

A partir de 1992, conflitos familiares começaram a interferir no futuro da companhia. A discordância de Abílio com seus pais e irmãos ficou insustentável, e algumas das partes deveriam ceder para que o grupo não saísse prejudicado.

 O Grupo Pão de Açúcar se estabilizou societariamente com um acordo fechado em novembro de 1993. Diniz ficou com o controle majoritário do grupo, e seus pais passaram a ter uma participação minoritária (36,5% das ações), sua irmã Lucília preservou 12% das ações. Os demais irmãos venderam suas participações no grupo. A compra das partes de seus irmãos acabou onerando de forma significativa o caixa da empresa.

Já em 1995, Abilio Diniz abriu o capital do Grupo Pão de Açúcar e, em 1997, passou a negociar suas ações na Bolsa de Nova York. Foi a primeira empresa de controle 100% nacional a realizar uma emissão global de ações (tanto em bolsas no Brasil, como nos Estados Unidos e Europa.

O próximo passo foi buscar um parceiro estratégico no exterior. Nesse processo, foi escolhido o grupo francês Casino, presidido por Jean-Charles Naouri, que entrou, em 1999, como sócio minoritário, adquirindo 24,5% do Grupo Pão de Açúcar (GPA) por 854 milhões de dólares.

Dois anos depois, o grupo francês ampliou sua participação no negócio, investindo dois bilhões de reais, e em junho de 2012, assumiu o controle total do GPA.

No final de 2002, Diniz e seus filhos decidiram profissionalizar a companhia. Dessa forma, Diniz deixou a presidência executiva do GPA e passou a ser presidente do Conselho Administrativo do Grupo.

Em 2003, Diniz se tornou também membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social: um grupo formado por representantes da sociedade civil, dos mais diversos segmentos, que assessoram diretamente o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em todas as áreas de atuação do Poder Executivo Federal.

Nesse mesmo período, em 2009, o Grupo Pão de Açúcar comprou a rede Ponto Frio, tornando-se líder no varejo do país. Anos depois, a empresa também operou uma fusão entre o Ponto Frio e as Casas Bahia, formando a Via Varejo, o maior colosso varejista do Brasil.

Em abril de 2013, Diniz, a convite da gestora de investimentos Tarpon, Abílio assumiu a presidência do Conselho de Administração da Brasil Foods, empresa que surgiu da fusão das marcas Sadia e Perdigão. Dessa forma, Abílio passou a fazer parte pela primeira vez do segmento industrial.

Atuando como sócio minoritário da BRF por meio da Península Participações, empresa de investimentos da família, sua atuação na companhia iniciou-se por uma ampla reestruturação. O lucro da companhia teve um crescimento de R$ 700 milhões em 2012 para R$ 2,2 bilhões em 2014. Na mesma época, o valor de mercado foi de R$ 37 bilhões para R$ 55 bilhões.

O acordo com a rede Casino determinava que após um período o controle operacional do GPA passaria para a rede francesa, e que Abílio deveria deixar o comando da empresa. A contragosto, Abílio passou o bastão para os franceses; mesmo após várias manobras para evitar o acordado.

A relação entre Abílio e os franceses ia de mal a pior, principalmente por conta de uma suposta pretensão de Diniz em fundir o GPA com o Grupo francês Carrefour, rival do Casino.

Em setembro de 2013, insatisfeito com a nova gestão do Grupo Pão de Açúcar pelo francês Casino, Abilio firmou acordo com o sócio Jean-Charles Naouri, para deixar a companhia. Nesse ato, Diniz preferiu transformar suas ações ordinárias em preferenciais, com direito a voto, e renunciou ao cargo de Presidente do Conselho do GPA, que passou a ser exercido por Naouri. Em contrapartida, foi liberado da cláusula de não concorrência, que antes o impedia de atuar no varejo.

Ao deixar o comando do Grupo GPA, o conglomerado continha as bandeiras de Varejo Alimentar, Pão de Açúcar e Extra, o Atacarejo Assaí e do Ponto Frio, no mercado de eletrodomésticos (Globex). A empresa também era sócia majoritário das Casas Bahia, através da sua controlada, a Globex S/A. Atualmente, as Casas Bahia foram recompradas por Michael Klein, filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia. (Inclusive, já contamos em detalhes a história de Samuel Klein em nosso canal).

Foi por conta da liberação para atuar no varejo que Abílio decidiu dar vida a um sonho antigo, e acabou adquirindo parte das ações da Rede Carrefour, se tornando o responsável pela operação nacional da rede. No final de 2014, Abilio adquiriu, por meio da Península Participações, 10% das ações do Carrefour Brasil e assumiu um assento no Conselho de Administração da empresa.

Ao sair do GPA, Diniz passou a dedicar mais tempo à Península Participações e às empresas investidas, como BRF e Carrefour. Em 2014, a Península Participações já geria um patrimônio de mais de 10 bilhões de reais e contava com mais de cem profissionais.

Em junho de 2015, a Península Participações ampliou a sua participação no Carrefour Brasil de 10% para 12%. Em meio a essa ampliação, o fundo soberano de Cingapura  entrou como investidor indireto

No mesmo ano, 2015, a Península Participações aumentou de 2,4% para 5,07% sua participação no Carrefour global.

Em março de 2016, a empresa tornou-se o terceiro maior acionista global da rede Carrefour, aumentando sua participação na companhia de 5,07% para 8,05%. Em maio de 2016, Diniz foi nomeado membro do Conselho de Administração do Grupo, com 90% de votos lançados na reunião anual de acionistas. Desde janeiro de 2016, Abilio ocupava a posição de Observador, com papel consultivo.

VIDA PESSOAL

Abilio Diniz é casado e tem seis filhos. Quatro dos seus herdeiros são do primeiro casamento, em 1960, e dois de seu segundo casamento.

Abílio também é autor de dois livros, em que conta parte de sua experiência de vida

Em 2004, ele lançou o livro Caminhos e Escolhas – O caminho para uma vida mais feliz. A obra narra os momentos decisivos de sua vida e como estes momentos o transformaram.

O livro aborda seis pilares que ele julga essenciais para uma vida feliz: atividade física, alimentação, controle do estresse, autoconhecimento, amor e espiritualidade e fé.

Em outubro de 2016, Diniz lançou seu segundo livro Novos Caminhos, Novas Escolhas, , que conta as principais reinvenções da vida pessoal e profissional do empresário nos 12 anos anteriores.

Em 2015, a jornalista Cristiane Correa, autora do best-seller ‘’Sonho Grande’’ escreveu o livro ‘’Abilio – Determinado, Ambicioso, Polêmico’’, publicado pela editora Sextante, no qual narra com detalhes a trajetória do empresário desde quando ainda era um garoto impopular até se tornar um dos maiores empresários do Brasil. Inclusive já fizemos um review sobre o livro em nosso canal. Assim como um vídeo em que o próprio Abílio compartilha 10 dicas de sucesso na vida e nos negócios.

Atualmente, Abílio é considerado o 10º homem mais rico do Brasil pela Revista Forbes, com uma fortuna avaliada em 3,5 milhões de dólares. Aos 81 anos, Abílio continua ativo e expandindo seus negócios.

Existem especulações recentes de que Abílio pode finalmente realizar o seu antigo desejo de fundir as redes Carrefour e Casino-GPA. Entretanto, ainda se trata de um rumor.

A figura de Abílio é uma das maiores referências do Brasil quando o assunto é empreendedorismo. Existem algumas controvérsias a respeito do empreendedor, principalmente por sua relação com governos passados. Entretanto, até o momento, a trajetória de Abílio mostra a sua capacidade de transformar o pequeno negócio de seu pai em um dos maiores colossos varejistas do mundo; mostrando também sua capacidade de superar o bullying sofrido no passado, as dificuldades com o GPA e até mesmo em relação a sua própria segurança.

A incrível história de Abílio Diniz é mais uma história que merece ser contada por nosso canal.

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