A HISTÓRIA DA GRENDENE

Uma das maiores calçadistas do mundo, a Grendene é um orgulho nacional e uma das empresas mais respeitadas da Bolsa de Valores Brasileira.

Criada pelos irmãos gêmeos Alexandre e Pedro Grendene Bartelle, a empresa surgiu em 1971, na cidade de Farroupilha, no interior do Rio Grande do Sul e de uma maneira diferente.

Antes de ser uma calçadista, a Grendene tinha como atividade principal a produção de telas plásticas de proteção para garrafões de vinho. Até então, as garrafas eram protegidas com vime e a empresa buscava introduzir a novidade no mercado, apostando principalmente na durabilidade e baixo custo da nova matéria prima.

A ideia foi um grande sucesso, e assim os dois irmãos mergulharam ainda mais no mercado de produção de peças plásticas. Além das proteções, eles passaram a fabricar plásticos para máquinas e implementos agrícolas.

Sempre em busca de criar inovações, a Grendene foi uma das pioneiras a dominar o uso da poliamida para a produção de itens plásticos.

Pouco tempo depois, o destino apontou um novo caminho quando a fábrica passou a fazer também solados e saltos para sapatos que eram repassados para empresas calçadistas do Brasil.

O contato com o ambiente calçadista abriu os olhos dos irmãos para ampliarem os horizontes produtivos. Além de produzirem peças para calçados, eles produziriam e distribuiriam seus próprios calçados. A ideia era um casamento perfeito, já que a fábrica já produzia boa parte da estrutura dos calçados, e via diante de si a oportunidade de lançar um produto com baixo custo de fabricação e alto valor agregado.

A partir dessa inspiração surgiu a NUAR, primeira marca de sandálias da empresa, que teria como foco a exportação.

Porém, os produtos da NUAR não tinham um forte apelo comercial e a agora calçadista precisava de ter um algo mais para chamar a atenção do concorrido mercado.

MELISSA

Nesse cenário, Pedro Bartelle teve um insight ao se deparar com as sandálias que os pescadores da Riviera Francesa usavam. Os calçados pareciam um emaranhado de tiras e despertaram a criatividade do brasileiro que pensou em reproduzir aquele design em uma coleção de calçados femininos.

A partir dessa inspiração, nasceu a sapatilha Melissa Aranha; um calçado de plástico injetado que caiu no gosto das brasileiras e virou um ícone de moda no final da década de 70.

Além do sucesso com as primeiras consumidoras, a Melissa representou um marco na indústria brasileira por ser um dos primeiros ícones de Merchandising no Brasil. A sapatilha ganhou notoriedade na novela global ‘’Dancing Days’’ ao ser usada pela personagem Júlia, interpretada pela atriz Sonia Braga. A partir dali aquele calçado diferente se tornaria uma febre no país, e levaria os produtos da Grendene para milhões de pés de brasileiras.

Conhecida em todo o Brasil, a agora marca Melissa ganhou novas versões e formatos. Apostando em uma alta diferenciação, a Grendene celebrou parcerias importantes com ícones da moda mundial como Jean Paul Gaultier, que assinaram novos modelos de sandálias que foram enormes sucessos na década de 80.

As melissas eram não só um enorme sucesso, como também representavam um produto extremamente lucrativo para a empresa, já que além de ser barato para ser produzida, a peça contava com um enorme valor agregado, principalmente por ter se tornado um verdadeiro ícone de moda, principalmente nos seus primeiros anos.

Além das mulheres, a Grendene levou a Melissa também para o mercado infantil, criando a Melissinha, uma versão reduzida que ao longo dos anos ganhou diversas séries e edições especiais, com parcerias com marcas internacionais como Disney e Barbie.

Dominando o mercado feminino, a Grendene também foi extremamente exitosa ao apostar no mercado masculino criando um produto até então inovador: a Rider.

RIDER

Criada em 1986, a sandália era um chinelo de tira única e que apostava em uma imagem de conforto e ousadia. De pronto, o produto foi um enorme sucesso, impulsionado por uma forte campanha de publicidade que associava o produto a momentos de relaxamento e alegria. Até hoje, os comerciais da Rider são admirados por sua criatividade e ousadia.

Assim como a linha Melissa, a Rider ganhou várias cores, séries e edições e se tornou um produto parte da cultura brasileira, que existe até hoje. Além de um sucesso perene, a Rider atualmente é vendida é mais de 70 países.

Impulsionada por campanhas agressivas de Marketing, as marcas Melissa e Rider se tornaram ícones nacionais e transformaram a Grendene em um verdadeiro colosso empresarial.

Além do sucesso da empresa, os irmãos Grendene também acumularam fortunas pessoais e em 1988 adquiriram a tradicional fábrica Vulcabrás, que é uma das principais fábricas de calçados do país. Além de serem fornecedores de marcas internacionais, a empresa é detentora de marcas nacionais como Olympikus e Azaleia.

Consolidada como uma marca extremamente relevante no Brasil, a Grendene passou a atrair os olhos também das autoridades nacionais, principalmente pela grande quantidade de empregos diretos e indiretos que eram gerados por ela.

Até o começo da década de 90, a empresa continuava sediada no Rio Grande do Sul, contando com unidades espalhadas por cidades do interior gaúcho. Porém, a empresa recebeu uma proposta interessante para mudar suas operações para o Estado do Ceará, onde contaria com incentivos estaduais para criar um novo complexo fabril capaz de empregar milhares de pessoas.

Além do apoio do Governo local, a mão de obra no Estado do Ceará era consideravelmente mais barata do que no Rio Grande. Outro ponto importante era o fato de que a nova fábrica estaria próxima do mar, e por conta disso, seria consideravelmente mais fácil implementar uma logística voltada para a exportação, que se tornou um dos carros chefes da empresa.

Mediante essa proposta, a Grendene deixou suas raízes gaúchas e se mudou para o Ceará; primeiramente com a construção de uma fábrica em Fortaleza, e posteriormente com a construção de uma nova unidade na cidade de Sobral, onde está até hoje.

A nova fábrica representava também a possibilidade da produção anual de uma dezena de milhão de sandálias. E mediante essa nova capacidade produtiva, a Grendene decidiu apostar em novas estratégias para se manter no topo do mercado.

Primeiro, a empresa apostou em um reposicionamento da marca Melissa, que começava a perder apelo e que passaria a ter calçados mais luxuosos e com maior valor agregado, se tornando a marca mais cara do portfólio da Grendene. Para tanto, foi criada uma forte campanha de Marketing com a associação da marca a celebridades internacionais como a modelo Claudia Schiffer.

A operação foi muito bem sucedida e ajudou na percepção da marca Melissa como uma marca premium, de calçados mais chiques.

Em paralelo à remodelação da Melissa, a Grendene investiu bastante na criação de novas marcas que poderiam atuar em mercados que ela ainda não tinha penetração.

Dessa maneira, periodicamente a empresa criou novas marcas que atuariam em setores específicos do mercado calçadista feminino, implementando um domínio da gigante no mercado calçadista nacional.

Primeiro veio a marca Grendha que atuava na chamada moda praia, apostando em um estilo casual e colorido. Assim como ocorreu com as marcas anteriores, a Grendha surgiu com uma forte campanha capitaneada pela cantora Ivete Sangalo.

IPANEMA

Posteriormente, a aposta foi a criação da marca Ipanema, que introduzia uma linha de chinelos e sandálias populares, que atuavam também na moda praia e buscavam fazer frente contra a líder Havaianas. Mais uma vez, a estrela associada a marca foi a top Gisele Bündchen que ganhou sua linha de calçados da Ipanema.

Para suportar a produção da linha Ipanema, anos depois a Grendene também abriu uma nova fábrica, dessa vez na cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia.

Além de investir no público feminino adulto, a Grendene também criou a Grendene Kids, especializada na produção de calçados para crianças. A marca se tornou um sucesso e possui mais de 30 linhas voltadas para o público infantil, incluindo associações com marcas internacionais como Disney, Hot Wheels e Marvel.

Ao lado das marcas mais famosas, a Grendene também investiu em linhas de menor impacto como Ilhabela, Zaxy, Cartago e Zizou.

Desse modo, a Grendene criou uma escada de valor que possui diferentes marcas e posicionamentos no mercado calçadista internacional.  Além disso, a marca se associou a figuras e elementos importantes da cultura nacional, como Xuxa, Guga e Senninha.

Contando com um sistema de fabricação e logística extremamente moderno, a Grendene não só se tornou uma operação extremamente lucrativa, como também conseguiu consolidar todas as suas marcas no mercado internacional. Recentemente, além das marcas próprias, a fábrica também recebeu os direitos da marca Azaleia, que passou a encorpar o robusto portfólio do grupo.

Além do Brasil, os produtos Grendene alcançam mais de 90 países.

Por aqui, além dos calçados que são encontrados em vários pontos de vendas físicos e digitais, o Grupo também atua através de lojas físicas da Melissa, que estão presentes em centros comerciais importantes das maiores cidades do Brasil.

As lojas Clube Melissa fazem parte de um sistema de franquias que conta com mais de 300 lojas espalhadas pelo país.

Além de se consolidar como uma das maiores calçadistas do mundo, a Grendene também é uma empresa relevante para o mercado financeiro brasileiro. Desde 2000, a empresa tem seu capital aberto na Bolsa de Valores. Ao longo dos anos, os papéis da calçadista ganharam notoriedade principalmente pela regular distribuição de dividendos e pelo histórico de lucro ano após ano.

Por conta de todos estes feitos, a empresa se tornou uma das maiores fabricantes de calçados do mundo e uma das empresas mais queridas do Brasil. E esta é mais uma história de sucesso que merece ser contada em nosso canal.

https://www.sunoresearch.com.br/tudo-sobre/alexandre-grendene/

https://www.sunoresearch.com.br/artigos/bovespa-precedente-b3/

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL67298-9356,00.html#:~:text=Quando%20a%20ga%C3%BAcha%20Grendene%20foi,vinho%20produzidos%20na%20Serra%20Ga%C3%BAcha.&text=Em%20

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