Segundo o colunista do New York Times, Thomas Friedman, após a crise de 2008, tanto a natureza quanto o mercado chegaram a um limite e declararam que o modelo em vigência, pautado pelo grande consumo, não era mais sustentável. [1]
Alguns fatores tiveram papel chave e conduziram a formação de um novo modelo econômico, tais como: as preocupações ambientais, a recessão global, as tecnologias e redes sociais; e a redefinição do sentido de comunidade.
Nesse cenário, novas atividades têm surgido com o objetivo de simplificar as relações entre seres humanos, se pautando por uma metodologia simplificada e eficiente, que evite o desperdício de recursos de qualquer natureza. Definindo assim o conceito:
O que é Economia Compartilhada?
Segundo a especialista Rachel Botsman, a economia compartilhada contempla 3 possíveis tipos de sistemas:
- Mercados de redistribuição: Baseia-se no princípio do “reduza, re-use, recicle, repare e redistribua”. Fomentando a reutilização de recursos e produtos, de forma a promover a realocação de equipamentos, produtos e serviços de locais aonde eles não são mais úteis, para lugares aonde eles são úteis de fato.
- 2. Estilos de vida colaborativos: baseados no compartilhamento de recursos, tais como dinheiro, habilidades e tempo. Otimizando a utilização de recursos entre diversas pessoas.
Reduzindo a propriedade privada individualizada promovendo o seu uso de forma compartilhada.
Exemplo disso é o aplicativo Uber, que visa reduzir o número de carros particulares, possibilitando o compartilhamento de um único veículo por várias pessoas ao longo do dia; contribuindo também com a redução do tráfego nas grandes cidades.
- Sistemas de produtos e serviços compartilhados: ocorre quando o consumidor paga pelo benefício do produto e não pelo produto em si. Tem como base o princípio de que aquilo que precisamos não é um CD e sim a música que toca nele, (Spotify) o que precisamos é um buraco na parede e não uma furadeira, e se aplica a praticamente qualquer bem.
Ainda segundo a especialista, a ideia de economia compartilhada permite que as pessoas mantenham o mesmo estilo de vida, sem precisar adquirir mais, o que impacta positivamente não só no aspecto financeiro, mas também na sustentabilidade do planeta.
Consolidando a metodologia de enxugamento de recursos e de redução ao estudo da arte; o chamado pensamento enxuto ou Lean.
A economia colaborativa nos apresenta um novo jeito de consumir focado no usufruir (serviço) substituindo o paradigma da posse do bem (produto).
Se avaliarmos a economia colaborativa com uma mentalidade tradicional não seremos capazes de enxergar a quantidade de oportunidades que despontam nesse novo cenário.
Exemplo disso é a possibilidade de particulares usarem seus veículos para transportarem outros particulares de maneira esporádica, eventual e independente da autorização do poder público; como no caso dos motoristas que prestam serviço a Uber.
Segundo a revista Forbes, a estimativa é que a economia colaborativa gere uma receita anual de US$3,5 bilhões para os usuários, valor que deve crescer 25% ao ano.
Investimentos diretos, aquisições, parcerias e até mudança em seu modelo de negócio são algumas formas que grandes empresas como Avis, GM e Google têm encontrado para ir ao encontro e não na contramão do fenômeno.
A gigante DHL, empresa de logística, viu seu faturamento cair e para se reerguer lançou o aplicativo My Ways, capaz de conectar remetentes e destinatários, possibilitando que os próprios clientes fizessem o transporte das encomendas. Apostando no compartilhamento de recursos entre particulares, atuando apenas como intermediária da relação.[2]
A economia do compartilhamento está mudando não só o modo como entendemos os conceitos de oferta e demanda, e a nossa relação com os bens materiais; mas também nossas relações pessoais.
É como se a tecnologia que em algum momento nos afastou, agora estivesse nos colocando de volta para um movimento em que nos comportamos como uma vila, porém com laços que acontecem em escala global.
A reputação volta a ter uma importância outrora esquecida, os nossos valores mudam e a relação entre as pessoas torna essa modalidade muito mais importante do que o que se conhecia até então.
Simbolizando um traço marcante dentro da mudança de Era que estamos vivendo.
Nesse sentido, a ideia de competição individualizada está perdendo cada vez mais o sentido, num mundo onde ‘’compartilhar’’ tem sido a chave para o crescimento.
[1] CONSUMO COLABORATIVO. Entendendo o conceito: o que é economia compartilhada. Disponível aqui.
[2] DHL. DHL crowd sources deliveries in Stockholm with My Ways. Disponível aqui.
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