O psicólogo americano David C. McClelland desenvolveu um estudo em busca de entender a mente dos empreendedores de sucesso, descobrindo e elencando as chamadas Características Comportamentais do Empreendedor, conhecidas como CCEs.
Essas características foram notadas após um estudo detalhado avaliando Empreendedores de todo o mundo, buscando entender o porquê alguns empreendedores tinham tanto sucesso, enquanto a maioria da população tem dificuldades em prosperar.
Essa descoberta deu origem ao treinamento EMPRETEC do Sebrae, que é uma metodologia lecionada em diversos países do mundo, sob a tutela da ONU.[1][2]
O objetivo da metodologia é tornar o Empreendedorismo acessível a todos os habitantes do planeta; fomentando o desenvolvimento de todos os países signatários da ONU.
Essas características são dividas em 3 conjuntos: Realização, Planejamento e Poder.
Conjunto de Realização
CCE 1 – Busca de oportunidades e iniciativa:
O Empreendedor se destaca por se antecipar as tendências ou até mesmo às circunstâncias; realizando algo antes mesmo da efetiva necessidade ou solicitação.
Tomando atitudes no sentido de sempre procurar expandir o negócio/projeto a novas áreas, produtos ou serviços;
Aproveitando as oportunidades para criar novos produtos ou para conseguir novas ferramentas ou artifícios para dar continuidade ao seu projeto.
Esse comportamento é marcado pela capacidade do empreendedor para antever os fatos, criando soluções inovadoras, a partir de oportunidades que alguns conseguem ver mas poucos tem a ousadia de tentar resolver/atender.
Estando aqui presentes os elementos Visão e Coragem, como anteriormente trabalhado.
CCE 2 – Correr riscos calculados:
Cabe ao empreendedor avaliar alternativas para os problemas que vivencia, enumerando e calculando os eventuais riscos. Visando reduzi-los, controla-los e antevendo possíveis resultados/consequências.
Estando dispostos a correr os riscos, mesmo que eventualmente conhecendo os seus tamanhos.
Sendo característica a habilidade não apenas de enfrentar os riscos, mas também de mensurá-los, avaliando a sua efetiva necessidade e urgência. Não correndo riscos desmedidos ou impensados; avaliando diferentes cenários.
CCE 3 – Exigência de qualidade e eficiência:
O papel do empreendedor está também ligado a procura por maneiras de realizar a sua atividade de maneira mais rápida, barata e com a maior qualidade possível. Estabelecendo padrões de qualidade e excelência. Em um processo contínuo e duradouro de melhoria constante.
CCE 4 – Persistência:
Essa característica está ligada a maneira como o empreendedor age diante das dificuldades. Sendo importante a rápida tomada de decisões, bem como a avaliação constante acerca da estratégia: persistir ou muda-la; com o intuito de superar um desafio ou obstáculo. Persistindo no objetivo e não na forma como alcança-lo. Mesmo que eventualmente essa persistência lhe exija um sacrífico pessoal ou esforço extraordinário.
CCE 5 – Comprometimento:
A responsabilidade pela solução dos problemas e pelo atendimento dos compromissos assumidos é sempre total do empreendedor. Que deverá assumir a responsabilidade sobre todo e qualquer resultado, independente dos fatores externos ao empreendimento.
Nesse ponto é importante ressaltar a chamada Auto-Responsabilização, em que o empreendedor assume a todo o momento que a responsabilidade pelas consequências é sempre sua, independente de qualquer outro fator. Não se confundindo com culpa.
Isto é, ainda que o fracasso de determinado empreendimento tenha ocorrido por culpa de um colaborador, o Empreendedor deve assumir que a responsabilidade pela falha é inteiramente sua, por diferentes motivos: seja pela falta de liderança, pela falta de gerência ou por sua própria incompetência ao contratar/treinar o colaborador.
Conjunto de Planejamento
CCE 6 – Busca de informações:
Caberá ao empreendedor se dedicar pessoalmente a realizar a busca por informações relativas ao negócio. Seja acerca de clientes, fornecedores, concorrentes, fatores legais, etc. Mesmo que para isso tenha que consultar ou eventualmente delegar a colaboradores e/ou especialistas (exemplos: contadores, advogados).
CCE 7 – Estabelecimento de metas:
Um dos comportamentos verificados foi o contínuo estabelecimento de metas e objetivos que sejam desafiantes e que tenham significado pessoal. Sendo estes mensuráveis, claros e específicos. Com o intuito de manter o empreendedor e sua equipe continuamente motivados e atentos aos objetivos do empreendimento.
A partir desse comportamento surge a importante metodologia de Peter Drucker: S.M.A.R.T.
Para Drucker, considerado o pai da Administração moderna, as metas e objetivos devem ser:
Específicos (Specific): Os objetivos e metas devem ser claros e específicos. Isto é, devem ser de fácil assimilação e entendimento: Desenvolver a solução X. Aumentar a produção em Y.
Mensurável (Measurable): O objetivo deve ser mensurável, isto é, não deve ser baseado em algo abstrato como ‘’mais’’ ou ‘’melhor’’. Tendo um número que possa ser mensurável e alcançável. Exemplo: Aumentar a produção em 50%. Atingir 100 mil reais em vendas.
Alcançável (Archievable): O objetivo deve ser alcançável e dentro da realidade do empreendimento. Não sendo interessante determinar um objetivo que não seja possível de ser atingindo. Sendo assim determinados após minuciosa análise de viabilidade, mediante dados reais e fiéis sobre a realidade. Se as metas aqui traçadas forem exageradas ou inexequíveis podem gerar frustação na equipe e no próprio empreendedor.
Relevantes (Relevant): A meta deverá ser relevante para o empreendimento/empreendedor, isto é, devem exigir um esforço relevante aos envolvidos para o seu alcance.
Baseadas no tempo (Time–based): As metas devem ter um prazo bem-definido para serem alcançadas.
CCE 8 – Monitoramento e planejamentos sistemáticos:
Cabe ao empreendedor realizar o planejamento do negócio, mesmo que para isso, ele tenha que dividir as tarefas em sub-tarefas com prazos definidos;
É usual que ele tenha que revisar seus planos devido aos resultados obtidos e mudanças circunstanciais;
Sendo importante sempre manter registros financeiros ou de desempenho, os utilizando para tomar decisões.
Conjunto de Poder
CCE 9 – Persuasão e rede contatos:
O Empreendedor usa estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir outras pessoas; sejam para participar de seu negócio; sejam para ajuda-lo ou para adquirir o seu produto ou serviço.
CCE 10 – Independência e auto confiança:
Cabe ao empreendedor manter-se independente perante aos demais fatores circunstanciais e não se deixar prejudicar pelo controle de outras pessoas e nem por padrões e paradigmas da sociedade. Mantendo-se confiante e otimista em relação ao seu empreendimento.
[1] PORTAL ADMINISTRADORES. RAFAEL JOSÉ PÔNCIO. As 10 CCEs – Características Comportamentais do Empreendedor. Disponível aqui.
[2] SEBRAE. EMPRETEC. Fortaleça suas habilidades como Empreendedor. Disponível aqui.
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