DE ESTAGIÁRIO A BANQUEIRO BILIONÁRIO – A HISTÓRIA DE ANDRÉ ESTEVES

André Esteves é hoje um dos homens mais ricos do Brasil. O Banqueiro é alvo de polêmicas, e desperta fãs e críticos. E de forma impressionante, ele passou de estagiário a banqueiro, em uma das maiores ascensões do mercado financeiro.

Por conta disso, sua história é motivo de muita curiosidade.

André Santos Esteves nasceu em 12 de Julho de 1968 no Rio de Janeiro. Filho único de um casal de classe média, Esteves cresceu no bairro da Tijuca, na capital fluminense. Seus pais se separaram quando ele ainda era criança, e ele foi criado por sua mãe e por sua vó.

Apesar de ter feito carreira no mercado financeiro, ele se formou em Matemática, na Universidade Federal do Rio, com especialização em Ciência da Computação, setor que era considerado extremamente promissor na época, e despertava a curiosidade dos jovens pela promessa de vagas de emprego, em um momento em que o Brasil enfrentava diferentes crises financeiras.

Enquanto ainda estava na Universidade, aos 21 anos, André se deparou com uma reportagem em um jornal que falava sobre um banco de Investimentos que estava contratando jovens que tivessem o desejo de trabalhar em um ambiente que proporcionasse oportunidades para quem estava disposto a trabalhar duro, para receber na mesma proporção do esforço.

O banco era o Pactual, fundado por André Jackurski, Luiz Cezar Fernandes e o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, em 1983. A instituição estava apostando fortemente no mercado financeiro, e se aproveitando de sucessivas decisões equivocadas do Governo. Por conta disso, em pouco tempo o Pactual se tornou uma referência de empreendedorismo e ousadia no mercado financeiro.

Além de ter características e metodologias próprias, o banco se inspirava fortemente no Garantia, a corretora de Jorge Paulo Lemann, que se tornou um dos principais bancos de investimentos do país na época.

Boa parte do combustível de sucesso era o fato de contar com uma equipe recheada de jovens com uma vontade enorme de gerar riqueza e de mudar de vida. Na prática, o banco recrutava jovens ambiciosos e deixava bem clara qual era a sua filosofia: a meritocracia.

Ali dentro, qualquer um poderia prosperar, desde que mostrasse resultados. E essa filosofia era levada tão a sério que o Banco oferecia a possibilidade dos funcionários se tornassem sócios, a partir da aquisição de ações, que poderiam até mesmo ser financiadas através da própria instituição.

Sob essa promessa forte, André Esteves se encantou com a possibilidade de entrar em um ambiente com esse tipo de mentalidade, principalmente pois ele também compartilhava dos mesmos valores que a empresa. Logo, houve o alinhamento perfeito entre as suas aspirações e as necessidades do banco, que procurava jovens assim como ele.

Porém, apesar do casamento de interesses, o cargo oferecido pelo banco era uma espécie de estágio, e além da proposta deixar claro que o trabalho seria puxado; o salário não era nem de longe um atrativo.

Na ocasião, André estava trabalhando para a Universidade, e já recebia um salário mensal; mas para ingressar no banco ele receberia quase metade do que recebia até então. E para completar, ele havia financiado um carro na época, um Volkswagen Gol.

Ainda assim, além das promessas do banco, estava a remuneração variável, que permitia que cada funcionário tivesse um salário baseado em sua produtividade através de bonificações concedidas periodicamente. Dessa forma, ainda que o salário base fosse baixo, através de muito esforço e resultado, era possível multiplicar os próprios vencimentos; um prato cheio para quem gosta de correr riscos e entregar mais do que o esperado.

Sob esses pilares, André aceitou a proposta do banco. Porém, o começo não foi dos melhores.

Primeiro, ao chegar em casa e contar para a mãe sobre a proposta do Banco, ela foi enfática: você vai acreditar nos banqueiros?

Com uma ideologia contrária as instituições financeiras, a mãe de André acreditava que ele seria usado como mais uma peça da engrenagem, sob a promessa de um dia ter um prêmio que jamais receberia. Mas, ainda assim, ele aceitou o desafio.

Ainda assim, em seu primeiro dia de trabalho, André estacionou o seu carro nas proximidades do Banco, e trabalhou o dia todo, realizando diversos serviços internos e diligências que não precisavam do veículo.

Para sua surpresa, após o dia de trabalho, quando ele retornou em busca do carro, o veículo não estava mais lá. E para piorar, ele não tinha seguro.

Dessa maneira, em seu primeiro dia no mercado financeiro ele conseguiu perder todo o seu patrimônio. Além de perder o carro, ele estava endividado, já que havia assumido um financiamento, que na prática correspondia a 150% do valor do carro roubado.

Mas, apesar do começo conturbado, ele tomou gosto pelo trabalho e passou a estudar incansavelmente sobre o mercado financeiro. Inclusive com o estímulo não muito agradável de ter de quitar a dívida que tinha por conta do carro roubado.

Ainda assim, ao mesmo tempo em que ele entendia o mundo em que estava inserido, ele também era acionado para usar suas habilidades que não estavam diretamente ligadas ao negócio. E assim, em seus primeiros meses, ele era o responsável por consertar os computadores e operar os sistemas de informática do banco.

O esforço e a dedicação de André chamaram a atenção de seus superiores, e em pouco tempo ele foi promovido para áreas com um contato maior com as finanças. E assim ele se tornou operador da mesa de renda fixa.

Além de suas características como empregado, outro fator que levou a sua promoção foi o fato de não ser de nenhuma família influente ou de não ter experiência ou estudo formal acerca do mercado financeiro. Características que faziam parte da biografia de Luiz Cezar Fernandes, que se viu no novato.

Porém, apesar da promoção, mais uma vez o primeiro dia de André não foi de sorte. Ao se tornar responsável pela mesa de renda fixa, ele passou a operar basicamente a carteira de títulos do Governo Brasileiro. Porém, o Governo anunciou o Plano Collor, que na prática confiscava bens e sequestrava a dívida pública do país. Na prática, a medida esvaziava o fundo e poderia representar até mesmo a extinção daquele setor no Banco.

Nesse momento de turbulência, os executivos do banco passaram a buscar alternativas para prosperar em meio a crise, que também afetou quase toda a população brasileira.

Nessa tempestade de ideias, André Esteves estudou o plano governamental e encontrou uma alternativa que poderia ajudar o Banco a encontrar um novo caminho: a criação de um fundo para investimentos em Fundos de Aplicação Financeira, os chamados FAFs. Na prática, a ideia de André era que o Banco criasse uma forma de remunerar seus clientes de Renda Fixa através de um fundo que investia em grandes instituições brasileiras.

A ideia ousada foi bem vista pelos diretores do Banco, e em pouco tempo, foi colocada em prática; com grande êxito. Conferindo uma nova promoção ao jovem, que se tornou o chefe da equipe de Renda Fixa.

Enquanto prosperava no banco, André passou a receber uma remuneração cada vez maior, fruto de uma série de bonificações. Junto delas, veio o convite para se tornar sócio, a partir da aquisição de ações. E mediante o convite, o jovem começou a apostar fortemente no banco, usando quase todo o seu capital para a compra de participação no Pactual.

Dessa forma, em apenas 5 anos, Esteves foi de estagiário a sócio do banco em que trabalhava.

Atento e talentosos, ele passou a ser visto como uma estrela em ascenção no mercado financeiro, e criou uma série de iniciativas que ajudaram o banco a crescer.

Porém, enquanto ele tinha uma carreira promissora, os donos do Banco passaram a discordar entre si sobre os rumos que o Pactual deveria tomar.

Foi assim que André Jakurski e Paulo Guedes decidiram deixar a operação, já que não concordavam com a visão de Luiz Cezar Fernandes de que o banco deveria se tornar um banco de varejo, ao mesmo tempo em que realizava investimentos robustos em empresas do setor industrial.

Sob o comando exclusivo de Fernandes, o banco tomou um rumo que se provou desastroso, e em 1998, o próprio banqueiro estava quebrado.

Por conta de suas decisões equivocadas, em 2001, Luiz Cezar ficou descapitalizado tanto na empresa, como na pessoa física, e ele não parecia ter um plano efetivo para recuperar o banco.

Foi nesse período de derrocada que André Esteves se juntou a outros pupilos do banco como Eduardo Plass, Gilberto Sayão e Marcelo Serfaty, para propor um turn-around para o Pactual.

Os quatro se juntariam para socorrer o banco através de um empréstimo que na prática salvaria Luiz Cezar Fernandes, mas em troca lhe custaria a cessão total de sua participação acionária no banco. Ou seja, para não ir à falência total, o banqueiro deveria ceder o seu banco aos antigos empregados.

Sem saída, Fernandes aceitou os termos, mesmo a contragosto. Na ocasião, Esteves foi considerado o principal articulador da operação, principalmente pelo fato de ser o maior acionista dentro do grupo; fato que levou o antigo chefe a soltar declarações fortes contra o antigo pupilo.

Em entrevista à revista “Piauí” em 2006, Fernandes declarou: ‘’Sempre tive consciência de que ele venderia a mãe para ter o poder”.

Anos depois, o banqueiro pediu desculpas e alegou que se excedeu nas declarações.

“Eu fiquei surpreso quando eles se voltaram contra mim”, disse Fernandes. “Mas ninguém podia discutir com um cara que estava ganhando tanto dinheiro para o banco.”…

Apear das rusgas, a decisão dos sócios se mostrou financeiramente acertada, e em poucos anos o Pactual se tornou uma grande potência, atuando somente como Banco de Investimentos, tendo André Esteves como sócio gerente. Foi assim que o banco atraiu a atenção do Banco suíço UBS que decidiu comprar o Pactual por cerca de 3.1 bilhões de dólares em 2006.

A aquisição na prática não dispensava os antigos sócios, que passaram a figurar como detentores de ações do novo Banco, que passou a se chamar UBS PACTUAL.

Como era o maior acionista dentre os antigos sócios, Esteves ficou com uma fortuna bilionária, se tornando o Brasileiro mais jovem a conquistar uma fortuna de um bilhão de dólares.

Ainda trabalhando para o Banco, André foi alçado ao cargo de Chefe Global da Renda Fixa, cargo que ele ocupou durante dois anos; até o momento em que decidiu deixar a companhia.

Ao deixar o banco, ele criou seu próprio banco de investimentos, o BTG Investments; nome que vem da expressão Back to the Back, ou em português, de volta ao jogo.

O banco surgiu da união de Esteves e outros 9 sócios minoritários. Desde o seu início a instituição chamou a atenção pela sua alta lucratividade e expansão no mercado. De forma surpreendente, a instituição saiu praticamente ilesa da crise global de 2008, que varreu o globo e impactou várias instituições financeiras.

Dentre elas, uma das mais afetadas foi o banco suíço UBS, matriz que comprou o Pactual, anos antes.

Para se ter ideia do impacto da crise, o banco tomou um prejuízo de cerca de 50 bilhões de dólares, ficando extremamente fragilizado.

Enquanto os suíços cambaleavam, André Esteves decidiu avançar novamente e bolou um plano ousado para recomprar o Pactual.

O plano era arriscado e seria executado em meio a um turbilhão que atingia o mercado financeiro, que estava aos cacos após a crise. Para coloca-lo em prática, Esteves recrutou parceiros e ex-sócios do Pactual. Vários banqueiros foram convidados para entrar na jogada, entre eles Jorge Paulo Lemann, que declinou a proposta.

Porém, contra o ceticismo de muitos, André Esteves capitaneou a recompra do Pactual, através do BTG Investments, por 2.6 bilhões de dólares em 2008.

A partir da recompra o banco passou a se chamar BTG Pactual. Para muitos, a nomenclatura tem um duplo sentido.

Apesar de ser a junção do nome dos dois bancos, a sigla BTG é interpretada por muitos como um acrônimo para ‘’Better than Goldman’’, ou em português, ‘’melhor que o Goldman’’; em alusão ao banco Goldman Sachs, considerado um dos maiores bancos do mundo. Porém, essa referência sempre foi tratada como rumor pelos envolvidos no negócio.

Em pouco tempo, a ousadia de André Esteves através do BTG Pactual chamou a atenção do mundo todo. Considerado extremamente agressivo em suas operações financeiras, Esteves ficou conhecido como um verdadeiro tubarão. Além de implacável com os concorrentes, o banco também se especializou em operações de alto risco, que em troca trouxeram enorme lucro para o banco.

Dentre as negociações mais célebres esteve a compra do antigo Banco Panamericano, de Silvio Santos, que foi a falência depois de uma série de escândalos envolvendo fraudes realizadas por gestores, e uma série de decisões equivocadas, que foram descobertas tardes demais pelo dono do baú.

Na ocasião, o patrimônio de Silvio foi severamente comprometido, mas ao final, o BTG adquiriu o que sobrou do banco, em uma operação que envolveu o Governo Federal e o BNDES.

Anos depois, André Esteves foi o escolhido para tentar salvar o que restou da Holding EBX, o conglomerado de investimentos de Eike Batista. Considerado um inimigo do próprio Eike, Esteves realizou uma série de operações para liquidação e recuperação de várias das empresas do Grupo, que se tornaram novas companhias ou tiveram a maior parte de seus ativo liquidada. Sua escolha foi feita por pressão dos investidores, que entenderam que a mão de ferro de Esteves era a única capaz de tentar salvar o que restou do império X.

Nos últimos anos, o BTG Pactual se especializou em negócios de alta complexidade e se firmou como uma das instituições financeiras que mais crescem em todo o mundo. Além de investimentos em múltiplos setores, o banco também adquiriu outras instituições financeiras nacionais e internacionais, aumentando regularmente o seu portfólio.

Atualmente, o BTG é considerado o maior banco de investimentos da América Latina.

Por conta de seu sucesso, em 2012 ele foi incluído como uma das 50 pessoas mais influentes do mundo segundo a Bloomberg. Sendo na lista, o único brasileiro.

Ainda assim, apesar do sucesso meteórico, André Esteves também foi alvo de polêmicas.

Em 2015, ele foi preso temporariamente em uma fase da Operação Lava Jato, por ter uma suposta relação com o então senador Delcídio do Amaral, a fim de obstruir algumas investigações da Polícia Federal.

Porém, após quase 1 mês preso em um presídio, e mais cerca de 4 meses em prisão domiciliar, o banqueiro foi liberto.

Enquanto isso, ele ficou um período afastado do comando do BTG Pactual, por determinação da Justiça.

Posteriormente, em 2017, o Ministério Público Federal pediu a absolvição de Esteves por falta de provas.

Em outras investigações seu nome também foi citado, mas novamente, ele foi absolvido por falta de provas.

Apesar de absolvido das acusações criminais, o banqueiro teve uma relação próxima com Governantes, e curiosamente foi um dos maiores doadores das campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves, adversários na eleição presidencial de 2014.

Ainda assim, recentemente o banqueiro não tem sido mais alvo das notícias e mantém uma rotina considerada discreta.

Além de banqueiro, ele também está envolvido em causas de filantropia e é um dos principais doadores do país para projetos educacionais e ambientais.

Fora das polêmicas, sua fortuna aumenta ano a ano, e atualmente estima-se que sua fortuna seja de 4.7 bilhões de dólares, segundo a Revista Forbes.

Atualmente, André Esteves é considerado um dos homens mais ricos do mundo, e além disso, sua trajetória de sucesso é inspiração para várias pessoas e por conta disso, foram diversos os pedidos para que sua história fosse contada em nosso canal.

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