A HISTÓRIA DA GUINNESS

Considerada uma das cervejas mais amadas do mundo, a Cerveja Guinness é um sucesso absoluto e também um dos cases mais poderosos de marketing de todos os tempos.

Tudo começou em 1752 quando Arthur Guinness recebeu uma herança de seu empregador, o Arcebispo Arthur Price. Os dois tinham uma excelente relação, fruto dos anos em que Arthur trabalhou como gerente da Igreja de Cashel, localizada na vila de Celbridge.

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Com o dinheiro em mãos, cerca de 100 libras, uma quantia razoável para a época, Arthur decidiu dar início a sua própria cervejaria.

O jovem era um grande fã da bebida, que também era um gosto em comum com o Arcebispo Price, que inclusive tinha equipamentos no porão da Igreja para fazer sua própria cerveja.

Com o conhecimento do preparo da bebida, Guinness decidiu alugar uma pequena cervejaria na cidade de Leixlip, e chamou seu irmão Richard para ajudar a tocar o negócio.

Em pouco tempo, o negócio teve grande sucesso na Região, e, com o reconhecimento, veio a ideia de rumar para a capital Dublin, após aparecer uma oportunidade de alugar uma antiga fábrica de cerveja por uma quantia irrisória para a época.

Pelo contrato, Guinness conseguiu alugar a antiga fábrica por 45 libras anuais, por um período de 9 mil anos. Uma das maiores barganhas da história.

O valor incluía o aluguel e a conta de água, e a pechincha foi feita por uma família abastada que não acreditava que o negócio cervejeiro poderia ser um sucesso na região.

Após colocar em ordem as antigas instalações, Guinness deu início a produção de sua cerveja na capital, incluindo também novos sabores com o passar dos anos.

Como um dos pioneiros no mercado cervejeiro local, Arthur não só conseguiu criar uma empresa de sucesso, como também conseguiu ter uma vida de conforto para ele e sua família.

Além do sucesso local, ele também decidiu apostar no mercado internacional, e em 1794, a empresa enviou seu primeiro carregamento para Londres, na Inglaterra.

Durante esse período ele introduziu uma receita de cerveja preta que teve enorme sucesso logo em seus primeiros momentos. Além de ter um sabor marcante, a bebida contava desde então com uma camada de espuma cremosa que faz dela única até hoje.

A bebida logo chamou a atenção de toda a população local, e devido ao enorme sucesso da variedade escura, Guinness passou a se dedicar somente a aquilo que ele era extraordinário: a produção da cerveja preta.

A cerveja Porter se tornou um dos símbolos mais expressivos da capital irlandesa e posteriormente do mundo todo.

Cerca de 4 anos depois de tornar a cerveja preta o seu único produto, Arthur Guinness faleceu aos 78 anos de idade.

Após o seu falecimento, o negócio passou a ser conduzido por seus 3 filhos mais velhos, mas entre havia uma liderança natural por parte de Arthur II, que além de mais velho, também havia participado do negócio desde a sua criação.

Sob o comando de Arthur II, a Guinness conseguiu aumento de 10 por cento em suas vendas ano após ano. Tal fato faz com que o sucessor seja considerado até mesmo mais competente do que o próprio pai.

Sob sua gestão, a cervejaria alcançou o patamar de 4 milhões de galões por ano, algo extraordinário para a época. E ao mesmo tempo, ele também era gerente de um banco irlandês, agricultor e Presidente da Câmara de Comércio de Dublin.

Além da competência de Arthur II, a cerveja também contou com a sorte para se tornar extremamente famosa na Europa. Em virtude de seu aspecto cremoso e denso, a cerveja ganhou notoriedade por supostamente ter ajudado na recuperação dos oficiais de cavalaria que lutaram na célebre batalha de Waterloo.

Tal boato fez com que a Cerveja fosse vista como especial e criou uma espécie de mística em todo o continente, fazendo as vendas explodirem.

Ao mesmo tempo, enquanto dominava a Europa, desde 1802 a cerveja passou a exportada para o Caribe e em 1827 a cerveja foi introduzida para o continente africano através de Serra Leoa, então colônia britânica.

Hoje, o continente africano é um dos principais pontos de vendas da cervejaria, tendo Camarões e Nigéria como dois dos seus maiores consumidores, ao lado da própria Irlanda e dos Estados Unidos.

O sucesso internacional tornou a cervejaria a maior de seu país em 1833, e sete anos depois, a bebida foi introduzida no continente americano ao ser exportada para Nova York.

O magnata Arthur II faleceu em 1855 e deixou o comando para seu irmão, Benjamin, que foi o primeiro membro da família a ser condecorado com um título de nobreza, fazendo com que a família Guinness também fizesse parte de uma classe de nobres e poderosos locais.

Pelos anos seguintes, a empresa foi sendo passada de geração a geração; mesmo tendo se tornado pública no final do século 19, o controle acionário permaneceu com a família fundadora.

Em 1880 a Guinness passou a ostentar o título de maior cervejaria do mundo. E poucas décadas depois, em 1908, a bebida se tornou a cerveja mais consumida no planeta.

Porém, nas décadas seguintes, a cervejaria foi pouco a pouco perdendo espaço no mercado mundial.

Apesar de conquistar novos países e mercados, o público em geral passou a consumir outros tipos de cerveja, e os irlandeses preferiram continuar focados naquilo que faziam de melhor, preterindo outros sabores da bebida.

E para completar, a família proprietária foi deixando de dar atenção à fábrica, principalmente pois já ostentavam uma fortuna extremamente considerável.

Por conta dos problemas internos, a companhia perdeu apelo e fatia de mercado.

Para completar, após a Segunda Guerra Mundial, a economia europeia foi extremamente impactada, e levou a uma queda enorme das vendas da cerveja, impactando também o seu crescimento de forma a acompanhar outras cervejarias pelo mundo.

Outro ponto relevante é que a cerveja é considerada um produto premium, tendo um preço bem mais elevado do que as concorrentes.

O preço é fruto de um controle rígido de qualidade e do preço das matérias primas. E mesmo diante da forte concorrência, a empresa decidiu manter a qualidade, mesmo que isso fizesse com a cerveja ocupasse uma faixa mais elevada de mercado.

Buscando diminuir o prejuízo, a empresa tentou recuperar parte de seu mercado, iniciando uma forte campanha de marketing.

Apesar dos esforços, a Cerveja Guinness não atingiu mais um status relevante em termos de quantidade de vendas. Porém, ao longo do tempo, a empresa conseguiu manter a sua qualidade e até hoje é admirada como uma das melhores bebidas do mundo.

Ainda assim, em meio aos esforços publicitários, a cervejaria teve um grande êxito ao apostar em uma estratégia incomum.

O diretor http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrativo Hugh Beaver percebeu que havia um hábito muito comum entre as pessoas da época: a discussão nos bares por conta de fatos do mundo.

Quem é o maior campeão de determinado campeonato? Qual é o animal mais rápido?

Em meio a uma discussão a respeito de qual era a ave de caça mais rápida da Europa, Beaver teve a ideia de criar um livro que fornecesse as respostas para esse tipo de pergunta.

Foi assim que a cervejaria contratou uma agência de apuração de fatos em Londres para fazer uma coletânea que recebeu o nome de Guinness Book of Records, ou o Livro Guinness dos Recordes.

O livro logo passou a ser vendido na Inglaterra e foi um enorme sucesso, sendo distribuído por vários anos na versão física; e existe até hoje.

Além de um produto bem-sucedido, o livro tinha um efeito duplo.

Primeiro, por ter o mesmo nome da conceituada cervejaria, o livro ajudaria na exposição da marca Guinness, que ficava cada vez mais presente na mente das pessoas.

Em um segundo momento, além da exposição de marca, o livro servia para dar munição e assunto nas discussões que ocorriam nos bares da época, e que normalmente eram regados a bastante cerveja. E de preferência, cerveja Guinness.

Desse modo, além das discussões aumentarem a estadia das pessoas nos bares, bem como o consumo de cerveja; também ascendia ao fato de que tudo aquilo estava indiretamente relacionado com a cerveja Guinness.

Essa campanha indireta é um exemplo do que é conhecido como Marketing de Conteúdo, em que as marcas conseguem se promover indiretamente fornecendo elementos para que o cliente exerça atividades que estejam diretas ou indiretamente relacionadas com o produto; reforçando a presença da marca na vida dos indivíduos.

A campanha foi relativamente interessante para a cervejaria em número de vendas, mas em termos de exposição de marca, a jogada faz com que hoje a Guinness seja considerada a 36ª marca mais reconhecida do mundo.

Nas décadas seguintes, a Guinness se estabilizou como uma cerveja premium, mas não com o mesmo volume do início do século. Mantendo sempre a qualidade, a cerveja conseguiu ganhar formatos mais acessíveis, como, por exemplo, a versão draught, em garrafa, e uma lata que permite que a cerveja seja servida tal como chopp.

O mecanismo exigiu um grande estudo, e permite que a cerveja seja servida direto da lata com a mesma qualidade que quando é servida na torneira de um bar. Tal advento fez com que a percepção do valor agregado da bebida fosse ainda maior.

Com uma reputação sólida, em 1997, a cervejaria se fundiu com o conglomerado Grand Metropolitan formando a Diageo, maior conglomerado de bebidas destiladas do mundo.

A venda fez com que novos sabores da bebida fossem introduzidos, incluindo também uma versão clara.

Mas, desde então a cerveja escura da Guinness se mantém com o mesmo status e é um dos maiores símbolos da Irlanda.

A bebida também é um dos símbolos da celebração do dia de São Patrício, quando anualmente são servidos 13 milhões de pints em todo o mundo. Além disso, ela continua também como uma das bebidas mais consumidas e admiradas do planeta.

Por conta de todos estes feitos, a Cervejaria Guinness constitui mais uma história de sucesso que merece ser contada em nosso canal.

http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/guinness-nctar-irlands.html

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