O SURGIMENTO DA LENDA STEVE JOBS – PARTE 01
A QUEDA DE STEVE JOBS – PARTE 02
STEVE JOBS SEM A APPLE – A APPLE SEM STEVE JOBS – PARTE 03
A VOLTA DE STEVE JOBS – PARTE 04
A volta de Jobs mexeu com a Apple e deu a empresa um novo ânimo através do lançamento do iMac e pela engenharia financeira promovida através do acordo com a Microsoft.
Além do novo Mac, vieram novos produtos que fizeram a empresa sexy novamente como o Powemac G5 e o iBook. E com esses elementos, a Apple completava o quadrante estabelecido por Jobs, capitaneando o que foi chamado por muitos de segunda revolução do computador pessoal.
Mas, as coisas estavam longe da tranquilidade.
Primeiro, porque a Apple ainda tinha dificuldades financeiras, fruto de anos de má gestão e equívocos. E para completar, com a virada do ano, veio a chamada bolha das ponto com; o que resultou em uma crise gigantesca no mercado de tecnologia, e que levou boa parte das empresas e dos investidores que atuavam no setor.
Diante da desconfiança do mercado, a Apple começava a ter novos desafios, agora vindos do mundo externo.
Para completar, entusiastas e especialistas eram categóricos ao afirmar que o computador, tal como era conhecido na época, estava em seu fim, e que o horizonte não era dos mais propícios.
Diante dessas dificuldades, a Apple precisaria se reinventar, caso quisesse continuar viva.
Até então, o trabalho de Jobs havia sido responsável por um turn around intenso na empresa, que a tornou um símbolo novamente, só que ainda não havia motivo para euforia.
Oficializado como CEO, e não mais como interino, Jobs se via diante de um novo desafio. Na década de 70 ele havia criado o conceito de computador pessoal. Depois, popularizou as ideias de interface gráfica e sistema operacional. Contudo, agora era necessário algo mais.
Enquanto isso, novos eletrônicos estavam surgindo pelo mundo, como câmeras digitais e tocadores de MP3, e o computador ainda era um paralelo em relação aos demais.
Nesse contexto, Jobs e sua equipe passaram a trabalhar com um novo conceito em que o computador seria não só uma máquina avulsa, e sim o centro de um sistema que interligaria vários dispositivos. Dessa visão surgiu a ideia de Hub Digital.
O CONCEITO DE HUB DIGITAL
A partir dali o computador seria o ponto central que daria suporte e servia quase como uma base para os demais eletrônicos. Os dispositivos seriam usados no dia a dia e em qualquer lugar, e no final, seriam plugados no computador, onde seria possível realizar ações complementares ou essenciais para cada eletrônico.
Para dar corpo a ideia, foi lançado o novo sistema operacional da Apple, o OSX. Através dele, os usuários poderiam conectar seus dispositivos usando uma porta USB, algo que não foi inventado pela Apple, mas que foi popularizado por seus computadores antes dos demais, que ainda apostavam até mesmo no drive de disquete.
E a partir da conexão, os arquivos de cada eletrônico poderiam ser salvos e editados usando aplicações da própria Apple, que anos antes havia rompido com a Adobe que não aceitou fazer softwares exclusivos para o Mac.
Desse conceito, seria possível aproveitar alguns recursos como editor de áudio Garage Band e de vídeo iMovie, que davam a liberdade para o usuário produzir seus próprios filmes, slides e muito mais.
Outro componente importante foi o lançamento de um player de músicas, o iTunes. O sistema surgiu da aquisição da plataforma Soundwave, que foi modernizada e acoplada ao sistema da maçã.
Contudo, sabendo da limitação dos computadores, a Apple decidiu ir além, e passou a produzir o seu próprio MP3 Player. O projeto seria ousado e reuniria uma série de tecnologias. Para tanto, foram compradas empresas e patentes para garantir um produto revolucionário.
O SURGIMENTO DO IPOD
O design também foi criado pela equipe de Jonathan Ive, e definiu o novo padrão dos equipamentos da Apple.
O dispositivo seria totalmente fechado, e não poderia ser aberto e nem ter a bateria trocada, como era comum nos concorrentes da época.
Cada detalhe foi pensado para ter o máximo de sofisticação e ao mesmo tempo o máximo de simplicidade. E a simplicidade era levada em consideração em cada ponto. Tanto no layout do sistema, quanto na arquitetura do produto.
Tudo o que não era necessário havia sido removido. Até mesmo o botão de ligar, cuja função foi compartilhada com o botão de menu.
O aparelho inicialmente teria uma única cor: branca. Assim como os fones de ouvido, que dessa forma seriam diferentes de todos os outros do mercado, que eram, em geral, pretos. O intuito era que o fone por si só fosse suficiente para que o aparelho fosse reconhecido a distância ou até mesmo se estivesse dentro do bolso do usuário.
Todo o projeto, assim como os posteriores, seguiu à risca o lema que Jobs ouviu de seu mentor, Mike Markulla, no início da Apple: ‘’que uma empresa de sucesso deve comunicar seu valor em tudo o que faz’’. E naquele aparelho não seria diferente.
Dessa construção, em outubro de 2001, surgiu o iPod. O player de música da Apple.
O nome veio da inspiração de uma estação espacial. Uma brincadeira com os veículos que deixavam uma base espacial para missões de exploração em solo, conhecidos como Pod. E remetia ao fato de que o player deveria se conectar com o computador para receber as músicas, reforçando o conceito de Hub Digital.
O aparelho não era o primeiro do gênero e talvez nem o melhor. E para completar, teria o preço de 399 dólares. Muito mais caro do que os concorrentes. Além disso, inicialmente, ele somente seria compatível com computadores da Apple; o que limitava muito a sua clientela.
Segundo Jobs, os produtos da Apple eram mais caros que os demais por conta da tecnologia envolvida e também por um desejo de que a satisfação do cliente fosse garantida através de um produto que realmente atendia as suas necessidades. E aquilo só era possível cobrando um preço aparentemente maior.
Ele ainda complementava, que nas mesmas condições de um produto Apple, os concorrentes seriam mais caros ainda. Mas essa é uma questão controversa.
Outro fator que pesava contra era o fato de o lançamento ocorrer apenas um mês depois do 11 de setembro.
Por conta destes fatores, muitos especialistas disseram que o invento seria um fracasso.
Apesar disso, o lançamento foi conduzido mais uma vez pelo próprio Jobs, em uma super apresentação. Nela, após explicar tudo o que o seu player fazia, Steve resumiu tudo com a frase ‘’mil músicas em seu bolso’’.
A frase colocava na cabeça das pessoas, em poucas palavras, o que era o novo aparelho. E assim, logo em seu lançamento, o iPod foi um sucesso absoluto. E colocava a Apple em um novo jogo, além dos computadores.
O sucesso foi tão grande que menos de seis meses depois foi lançada uma versão com o dobro de memória por 499 dólares. E mais uma vez, um grande sucesso.
O UNIFORME DE STEVE JOBS
Além de sua beleza, o aparelho tinha um sistema fácil e intuitivo. E pelo seu preço sabidamente mais caro, o dispositivo se tornou um objeto de status e de modernidade, que criou uma espécie de moda, principalmente entre os jovens.
O aparelho era diferente e descomplicado, e os seus compradores também queriam ter o mesmo estilo. Esse sentimento sedimentou as bases do sucesso dos produtos da Apple que viriam pela frente. E tudo vai ao encontro do que o autor Seth Godin chama de Tribos, em seu livro homônimo.
Segundo o autor, uma tribo pode ser identificada por um grupo de pessoas que tem um interesse em comum, uma forma de comunicar e um líder. E a partir daquele momento, a Apple consolidava essa ideia com um produto que estava literalmente no bolso das pessoas, em qualquer lugar; e que era identificável a distância graças aos seus fones brancos. Praticamente um distintivo.
E o Jobs era o grande líder dessa tribo. Graças a sua persona magnética e carismática, Steve era como o porta-voz de um mundo a parte, e alguém em quem as pessoas confiavam e se inspiravam. Tal como um rockstar.
Porém, ao invés de roupas brilhantes ou espalhafatosas, Steve usava praticamente sempre o mesmo conjunto: Calça Jeans Levis, Blusa preta de gola alta e tênis New Balance 992 cinza.
A roupa era literalmente seu uniforme, e a inspiração vinha dos uniformes da fábrica da Sony. Ainda na década de 80, Jobs ficou encantado pelo fato dos trabalhadores da Sony usarem uniformes na fábrica principal da empresa no Japão.
Para tanto, ele mandou que o designer Issey Miyake criasse um modelo exclusivo para se tornar o uniforme de trabalho da Apple.
A ideia não foi bem recebida pelos funcionários, então Jobs decidiu adotar ele mesmo a moda. E encomendou centenas de blusas iguais.
A blusa chamada de ‘’pescoço de tartaruga’’ foi lançada comercialmente em 2017 e vendida pelo próprio designer com preço unitário de 270 dólares.
Desde sua volta à Apple, Jobs passou a ser visto praticamente somente com o uniforme.
COMO A APPLE DOMINOU O MERCADO DA MÚSICA
Mas, outro fator também impulsionou o sucesso do iPod e mudou a indústria da música para sempre.
Enquanto os MP3 players ganhavam o mundo, o mercado musical sofria um duro golpe causado pela pirataria e pelos programas de download como Napster e Kazaa
Se antes a principal fonte de renda dos artistas era a venda de CDs, tudo mudou quando o mundo passou a baixar gratuitamente músicas em MP3. E o impacto fez com que fosse iniciada uma guerra jurídica envolvendo o tema.
Como fabricante de um dispositivo, a Apple estava envolvida no problema, principalmente porque muitas pessoas usavam o iTunes para colocarem as músicas baixadas na Internet em seus iPods. E observando a situação, Jobs percebeu que a situação poderia ter efeitos devastadores, especialmente para os artistas, que recebiam cada vez menos por suas obras.
Na época, pesava o fato de que os downloads eram demorados, e muitas vezes os arquivos estavam corrompidos, tinham vírus; ou então o usuário baixava uma música que tinha o título que ele queria, mas que, na verdade, era outra música. Ou as vezes, coisas piores.
Posto isto, a situação apresentava problemas múltiplos e eram discutidas até possíveis sanções criminais para usuários, donos das plataformas de download e até para as empresas que produziam aparelhos que reproduziam tais músicas.
Pensando nisso, o próprio Jobs tomou a dianteira e passou a conversar pessoalmente com artistas e donos de gravadoras, a fim de encontrar um caminho melhor para resolver a situação.
Na época, alguns artistas celebraram acordos de planos de assinatura com serviços de música, e dessa forma, os usuários poderiam ter acesso as músicas pagando uma mensalidade. Mas, o problema era que cada serviço tinha determinados artistas, e na prática, era como se o usuário tivesse que pagar para ter acesso a várias músicas que ele não tinha interesse. E assim, o sistema não havia tido grande adesão pelos clientes, principalmente nos EUA.
Para dar fim ao impasse, Jobs convenceu o mercado de que poderia disponibilizar pela Internet cada música unitariamente por 99 centavos, um preço absolutamente irrisório. E desse valor, parte ficaria com a Apple e parte com as gravadoras e os artistas.
À primeira vista a ideia foi alvo de resistência. O valor era tecnicamente ínfimo, e não fazia sentido que alguém pagasse por uma música que poderia ser baixada gratuitamente.
Porém, Jobs convenceu os envolvidos e também o mercado de que a equação fazia sentido.
Primeiro, pois na época o esforço para se baixar uma única música demandava tanto tempo do usuário que lhe daria uma economia de poucos dólares.
Na prática, significava que o usuário realizava para si mesmo um trabalho que lhe rendia menos que trabalhar para alguém e receber um salário mínimo médio por hora trabalhada.
Segundo, pois o usuário teria a facilidade de receber a música rapidamente, sem dor de cabeça ou surpresas, e por um preço muito pequeno. E o melhor, ele poderia comprar apenas a música que desejasse, e não precisava comprar as demais, assim como acontecia com um CD, por exemplo.
Outro ponto importante era uma preocupação com a possível futura sanção decorrente da ilegalidade dos downloads, visto que o lobby das gravadoras era intenso para que a prática fosse coibida ao máximo pelos governantes.
Já para as gravadoras e os artistas era a possibilidade de receber o valor das músicas, que poderiam ser vendidas em qualquer lugar, desde que conectado à Internet.
No início a ideia foi vista com ceticismo, mas quase sem alternativas, as principais gravadoras aceitaram o acordo com Jobs.
A iTUNES STORE
Dessa forma, em 2003 foi lançado o iTunes Store, a loja de músicas online da Apple. No momento do anúncio a ideia foi vista com ceticismo, ainda que a Apple anunciasse que o programa venderia milhões de músicas por ano. Porém, o primeiro contato com o mercado foi avassalador, e a previsão inicial foi batida em apenas algumas semanas.
O sistema era simples, intuitivo e muito barato. E indiretamente, além das músicas, os usuários estavam comprando tempo, já que as músicas iam para a máquina em pouquíssimo tempo quando comparado ao download ilegal.
Assim era criado um jogo de ganha-ganha, que deu um fôlego extra para a indústria da música em todo o mundo.
Com estes ingredientes a Apple celebrava a glória de seu sistema interligado. O iPod se conectava aos computadores Apple, e era alimentado essencialmente pela iTunes Stores. Desse modo, a empresa controlava de ponta a ponta o mercado, sendo a detentora de hardware, software e até da música.
Inicialmente, o iTunes era exclusivo para usuários da Apple, mas com o passar do tempo, houve uma grande pressão externa e interna para que o software fosse disponibilizado também para o Windows. Jobs era contrário a ideia, pois acreditava que ao abrir mão da exclusividade, os produtos da Apple perderiam apelo; mas… ele acabou cedendo aos pedidos e conselhos dos membros da empresa.
Desse modo, a Apple passou a disponibilizar o programa para o Windows, alcançando um número gigantesco de possíveis clientes.
A jogada fez com que a loja online também estivesse disponível em todo o planeta e tornou a Apple a maior vendedora de músicas do mundo.
Com a jogada, a Apple passou a dominar o mercado de música como um todo, sendo responsável pelo dispositivo líder de mercado, que conquistou quase que sua totalidade, e também pela venda das músicas.
Aos poucos a Apple deixava de ser uma empresa de computadores e se torna algo mais.
E além de revolucionar o mercado musical, a Apple também mudou o conceito de varejo.
A APPLE STORE
Tudo começou em 2001 com o lançamento de uma loja física que pudesse traduzir os valores da empresa e de seus produtos.
Assim como o iPod, o projeto de lojas foi considerado arriscado demais, e os analistas e especialistas diziam que a Apple ia naufragar, tal como a Dell, que havia tentado dominar o mercado varejista pouco tempo antes.
Para Jobs, até então, os produtos Apple eram prejudicados pelas lojas especializadas. Não pela concorrência de outras marcas, mas porque os vendedores não conheciam realmente o produto da empresa e não eram capazes de demonstrar para o consumidor o valor real dos produtos.
Diante desse problema, a ideia de Steve Jobs era criar uma nova concepção de varejo que fizesse com que o cliente tivesse uma experiência memorável e ao mesmo tempo pudesse conhecer cada detalhe dos produtos da Apple.
Para criar o conceito, Jobs contou com a ajuda de um dos conselheiros da empresa, Millard Drexler, presidente da GAP, que indicou o executivo Ron Johnson para ser o principal encarregado do projeto.
Ron tinha um histórico de sucesso na varejista Target, e era considerado um dos responsáveis por transformar a empresa em um grande hit.
E juntos, eles trabalharam em cada detalhe de um projeto ousado. E que enfrentou resistência entre os conselheiros da empresa. O plano original era de várias lojas abertas ao mesmo tempo. Mas, o conselho vetou. E ao final, foram aprovadas 2 lojas conceito para testar o projeto. Uma na Califórnia na cidade de Glendale e outra na cidade de Tysons, na Virgínia, perto da capital federal.
Como tudo na Apple, o plano foi tocado com discussões e convicções de Jobs, que inspiravam e confrontavam a equipe ao mesmo tempo. E pouco antes da criação da loja, o projeto original foi desfeito e refeito por Johnson, que trouxe novas ideias a pauta.
O conceito final era de uma loja em que os vendedores é que seriam acionados pelo cliente, e fariam o papel de facilitador. A loja seria ampla, mas ao mesmo tempo minimalista e simplificada. Apenas os produtos importavam, e o cliente poderia interagir livremente com os dispositivos, e conhecer cada detalhe e programa disponível.
Curiosamente, os funcionários não são chamados de vendedores, e não recebem comissão por venda. Tudo para que a decisão seja sempre do cliente, e que eles não sejam influenciados ou se sintam arrependidos depois. Para o conselho, a política seria um problema que tiraria a vontade dos profissionais; mas Jobs manteve sua posição firme.
As lojas receberiam arquitetura elegante, com pedras que vieram de Florença na Itália, e até uma escada especial, que foi criada e patenteada por membros da Apple, entre eles o próprio Jobs. Além disso, a loja teria uma única porta de entrada e saída, e deveriam estar nos principais pontos comerciais das cidades que receberiam as lojas.
Esse foi outro ponto que gerou atrito entre o conselho e Jobs.
Para o conselho, as lojas deveriam ficar em pontos afastados dos grandes centros, assim como as grandes lojas de varejo, para pagar pouco pelo aluguel ou pelo imóvel em si. Porém, para Jobs, as lojas da Apple tinham que estar entre as lojas de alto luxo para que o consumidor tivesse a mesma percepção de alto valor agregado.
E por fim, o último conceito introduzido foi uma ideia de Ron Johnson que visava proporcionar uma interação com os consumidores de modo que eles recebessem assistência técnica e informações em um único ponto que teria uma dinâmica semelhante à de um bar. Ou seja, que o contato com os profissionais da Apple fosse despojado, direto e descomplicado. Dessa ideia nasceu o conceito chamado de Genius Bar; que se tornou uma referência no varejo mundial.
E destes elementos nasceu a Apple Store.
Abertas as lojas modelos ainda em 2001 até a previsão mais otimista foi batida, e em pouco tempo as lojas já recebiam uma média de 5400 clientes por semana. Somente no final de semana de abertura foram vendidos mais de 600 mil dólares.
Nos dois anos seguintes foram abertas outras 25 lojas e em 2004, veio a primeira na Europa, em Londres. Em 2006 veio a joia da coroa, uma loja conceito em Nova York, na célebre 5ª avenida, com mais de 2000 metros quadrados, e a única aberta 24 horas.
Ao longo dos anos, a aceitação se manteve enorme e as lojas recebem milhões de visitantes todos os dias, entre clientes e turistas. Em 2010, as lojas da Apple receberam o título de loja mais lucrativa por metro quadrado em todo o mundo. Hoje são centenas de lojas, e o sucesso permanece.
O EXECUTIVO-CHAVE : TIM COOK
Outro ponto importante para a empresa foi a contratação de um executivo da Compaq, especialista em logística: Tim Cook.
Cook foi o responsável por otimizar os estoques da Apple, que antes da chegada de Jobs ficavam parados por até dois meses, deixando o caixa da empresa imobilizado. Após sua chegada, os estoques passaram a ficar parados por apenas alguns dias até chegarem ao consumidor final. Por sua competência, Tim foi nomeado Diretor de Operações da Apple e ganhou o respeito e a confiança de Jobs.
Graças a seu trabalho, a companhia conseguiu melhorar e muito o seu fluxo de caixa e sua lucratividade, simplesmente organizando sua própria rede de distribuição interna.
O executivo também comandou um esforço da empresa para terceirizar a produção de seus eletrônicos e componentes para países em desenvolvimento como a China, onde existem fábricas até hoje. A mudança também representava menos custos e maior otimização da produção.
Com esses acertos, a Apple havia tido enorme sucesso como varejista de seus próprios produtos e músicas, e ia muito além dos computadores. Os êxitos deram novo fôlego para a empresa, que passou a caminhar pelas próprias pernas, em um cenário perfeito de otimização dos custos de produção e aumento massivo das vendas e do valor da vida útil do cliente.
Se antes, a relação do consumidor com a Apple terminava com a compra de um computador e se renovava somente se ele comprasse uma nova máquina anos depois, naquele momento o relacionamento era contínuo.
O cliente poderia comprar pelo menos um computador, um iPod, e gastar dinheiro continuamente comprando músicas no iTunes, que era um sistema exponencial que operava com custos que não aumentava proporcionalmente em relação à quantidade de vendas. Desse modo a Apple aumentou o chamado Life-time Value, também conhecido como LTV.
Da mesma forma, os produtos Apple estavam nas mãos de vários tipos de consumidor, com um design que chamava atenção à distância e que gerava um sentimento de pertencimento a uma espécie de tribo que várias pessoas queriam fazer parte; mesmo que o preço dos produtos fosse bem mais alto do que dos concorrentes.
Graças a esse sentimento, o custo de aquisição de novos clientes também abaixou muito. Principalmente pelas lojas da empresa que estavam sempre lotadas… e quem olhava não queria ficar de fora.
Com todos estes elementos, a Apple começava a alcançar um cenário http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrativamente perfeito, com baixo custo de aquisição de clientes, LTV contínuo e um sentimento que fazia com que os clientes se tornassem promotores da marca, mesmo que de forma inconsciente.
Dessa forma, em 2003, a Apple já caminhava pelas próprias pernas, e a Microsoft decidiu vender suas ações da maçã, para então se dedicar a seus próprios projetos, e até mesmo concorrentes diretos do novo hall da Apple.
A título de exemplo, a Microsoft lançou em 2006 um concorrente do iPod, o Zune, que fracassou em vendas.
PROBLEMAS NA PIXAR E NA APPLE
Na mesma época, Steve Jobs também colhia os louros com a Pixar que ganhava cada vez mais espaço no cinema mundial.
Porém, o sucesso da Pixar esbarrava na sua principal parceira, a Disney.
Com o passar dos anos, a relação de Michael Eisner e Jobs foi se tornando cada vez pior, ao ponto de Jobs querem romper definitivamente com a gigante. Principalmente, pois para muitos, a Pixar poderia andar sozinha e ter mais sucesso que a própria parceira em alguns anos.
Entretanto, ainda que fosse uma empresa de grande potencial, se a Pixar rompesse com a Disney, todos os personagens criados até ali continuariam sob os direitos da Disney, o que envolvia criações como os bonecos de Toy Story, Vida de Inseto, entre outros. E a eventual perda do controle dos personagens chateava extremamente os funcionários da Pixar; principalmente do diretor John Lessetter, que tinha um sentimento paternal pelos personagens.
Para completar naquele momento, a vida de Jobs entraria em um novo turbilhão.
Primeiro, a Apple enfrentava seu primeiro fracasso desde a volta de Jobs, com o Cube, um computador que não emplacou. Pouco tempo depois, as ações da empresa também desabaram na Bolsa de Valores.
Enquanto isso, o distrato da Pixar com a Disney era questão de tempo, e Jobs estava decidido de que não faria mais negócios com Eisner.
Sob grande pressão, a vida dupla de CEO de duas grandes empresas cobrava um alto preço. Além de não ter muito tempo para a própria família, Jobs descobriu um tipo raro de câncer no pâncreas, ainda em 2003, e por conta disso, passou a repensar suas atitudes.
No diagnóstico, Jobs foi alertado que a doença era de um tipo raro e que poderia ser mortal. Portanto, seria necessário retirar o tumor o quanto antes. Porém, ele foi teimoso com os médicos e decidiu se tratar com métodos alternativos, que incluíam uma dieta a base de maçãs, cenouras e outros vegetais; contrário ao que os médicos indicavam; que por sua vez, receitaram uma dieta rica em proteínas animais.
A desobediência de Jobs durou alguns meses, e o problema evoluiu, exigindo que ele tivesse que se afastar provisoriamente das empresas para cuidar da saúde, e isso tudo da forma mais discreta possível.
Enquanto esteve ausente, Jobs nomeou Tim Cook como o responsável por tomar as decisões executivas da Apple. E ele tentou manter ao máximo o sigilo sobre seu estado de saúde, que só foi informado ao público meses depois.
Ao final, Jobs decidiu por retirar o tumor e retornou para o comando da Apple, meses após sua saída. Em sua volta, ele parecia ainda mais motivado e disposto a deixar um legado ainda maior. E segundo os funcionários, com mais pressa do que nunca.
Nesse contexto, a Apple passou a lançar uma série de produtos complementares, como uma linha completa de dispositivos iPod, com as versões, Shuffle, Mini e Vídeo. Com essas novas versões, o dispositivo ganhou uma escada de preços, que começava com a versão shuffle que era o mais simples, sem tela, e terminava na versão vídeo que era capaz de rodar filmes e séries que poderiam ser adquiridos na loja do iTunes.
Com o leque maior, a Apple tinha dispositivos para diferentes bolsos e necessidades e aumentava ainda mais sua posição no mercado de tocadores de música.
O lançamento da versão vídeo coincidiu com mudanças que também afetariam a Pixar.
A VENDA DA PIXAR
Na mesma época, a Disney enfrentava também um período turbulento, que culminou na saída de Michael Eisner, e com a ascensão de Robert Iger como CEO da empresa.
Bob Iger é considerado o responsável por transformar a Disney em uma empresa multicanal e ao longo do tempo se destacou em diferentes frentes até ser indicado como substituto do antigo chefe.
Iger é um negociador habilidoso e antes mesmo de assumir efetivamente o cargo, já havia sido designado para conversar com Jobs e resolver a questão da parceria Disney Pixar.
Em pouco tempo, Iger e Jobs se tornaram amigos e a amizade dos dois duraria até o fim da vida de Steve. Os dois comungavam dos mesmos valores e admiravam a maneira como a Disney foi criada por Walt Disney e acreditavam que a essência da empresa poderia se manter viva através das animações criadas junto a Pixar.
O alinhamento dos dois gerou uma nova parceria, e que teve também impactos positivos para a Apple, que conseguiu por tela espaço de divulgação de seus produtos na rede de Televisão ABC, de propriedade da Disney, e que acumulava sucessos como a série Lost; que passou a ser disponibilizada na loja do iTunes.
Além da divulgação, o acordo concedia os direitos para que o novo iPod Vídeo também tivesse disponível vídeos e filmes da Disney, que poderiam ser adquiridos no sistema online.
Depois do acordo de ganha-ganha, Iger surpreendeu Jobs, sabendo que o amigo estava tendo dificuldades em conciliar a vida pessoal e profissional, e propôs que a Disney comprasse a Pixar.
No fundo, os envolvidos sabiam que mais cedo ou mais tarde, uma eventual nova briga entre as duas empresas seria prejudicial para ambas.
O acordo parecia interessante, mas antes de tomar uma decisão, Jobs se assegurou que a Pixar e seus funcionários tivessem a mesma liberdade e espaço dentro da Disney que tinham como uma empresa solo. E o negócio só seria fechado se a equipe estivesse contente com ele.
Costurado, o acordo culminou com a venda da Pixar, concedendo a Steve Jobs 7 por cento das ações da Disney, o que fazia dele o maior acionista individual da companhia.
A título de comparação, o maior acionista até o momento, Michael Eisner, ex-CEO da empresa, era o maior detentor de ações com 1,7% e o sobrinho de Walt Disney, Roy E.Disney que também era filho do cofundador da empresa, Roy Disney, tinha apenas 1 por cento das ações.
Acredita-se que somente em ações da Disney, a fortuna pessoal de Jobs já estaria próxima de 4 bilhões de dólares.
No todo, o acordo foi realmente interessante para todos os envolvidos. A Pixar continuou inovando e lançando diversas novas animações e continuações. A Disney conseguiu crescer muito mais e costurou outros acordos e aquisições. E Jobs passou a concentrar todos os seus esforços na Apple, e também teria mais tempo para sua família.
Contudo, ainda havia outras barreiras para serem quebradas.
NOVOS CAMINHOS PARA A APPLE
Com o passar dos anos, a Apple se manteve sempre em busca de novas ferramentas e dispositivos. E para isso, comprou uma empresa que possuía a tecnologia de telas sensíveis ao toque.
As telas primeiro foram introduzidas no iPod, e depois seriam usadas no maior passo que a Apple deu.
Pouco antes, a Apple e a Motorola firmaram um acordo para o desenvolvimento de um celular, o Razr. Mas, Jobs queria algo maior.
Conforme apresentado pelo autor Jim Collins, mentor de Jorge Paulo Lemann, em seu livro Feitas para Durar, as empresas consideradas visionárias e que mantém o sucesso através das décadas ou séculos, em geral tem o desprendimento de criar um produto tão inovador que seja capaz de eliminar o seu produto de maior sucesso, antes que os concorrentes o façam.
E assim, em junho de 2007, o mundo conheceu o maior projeto de todos, que foi apresentado pelo próprio Jobs em um grande evento.
Naquele dia, Jobs prometeu que apresentaria 3 produtos revolucionários:
-Um iPod com tela widescreen sensível ao toque.
-Um telefone revolucionário.
-E um super dispositivo para se acessar a internet.
E todos eles não estariam separados, e sim em um único dispositivo: o iPhone.
O celular causou choque em todo o mundo.
Ao contrário dos concorrentes ele tinha o mínimo possível de botões e uma grande tela sensível ao toque. Os demais, em especial o Black Berry, considerado o principal telefone para executivos, tinha um vasto teclado com pequenas teclas e uma tela pequena.
O iPhone era a celebração de tudo aquilo que a Apple já havia construído, com o tradicional sistema fechado, bateria inacessível, e um sistema operacional próprio, chamado de iOs. E para completar, inicialmente todos os aplicativos do celular eram desenvolvidos pela própria empresa.
O primeiro modelo contava com uma versão de 4 gigabytes que custava 499 dólares e uma de 8 gigas por 599.
Em seu lançamento, críticos disseram que o produto não aguentaria a concorrência de players consolidados no mercado de celulares como a Nokia e a Black Berry. Na ocasião, o então CEO da Microsoft Steve Ballmer disse que o iPhone era caro demais e seria um fracasso.
Apesar das críticas, o iPhone foi um sucesso logo sem seus primeiros dias. o smartphone ganhou o mundo e se tornou o produto industrial mais lucrativo do mundo, com margem líquida de 45%. E em poucos meses se tornou o dispositivo móvel mais vendido de todos os tempos, ultrapassando o Gameboy e o Walkman.
A liderança se tornou ainda mais efetiva quando dois anos depois chegou ao mercado o iPhone 3G, que tinha acesso a internet de alta velocidade.
E com o passar do tempo, mais uma oportunidade bateu na porta da Apple, através da criação do AppStore, a loja de aplicativos para celular da empresa.
A APP STORE
Através dela, desenvolvedores de todo o mundo podem vender e distribuir seus aplicativos para iPhone em troca de uma porcentagem do preço para a maçã.
Com a novidade, a Apple receberia em média alguns centavos de todo e qualquer aplicativo baixado em sua rede. Considerando os milhões de celulares de sua rede, a brincadeira de centavos se tornou mais explosiva do que a do iTunes, já que os aplicativos não poderiam ser baixados de forma pirata como as músicas.
Nesse contexto, o Iphone se tornou um colosso que responde hoje por 2/3 das vendas da Apple em todo o mundo e impulsionou a empresa ao patamar de uma das maiores empresas do planeta.
O iCLOUD
E para completar, a empresa também desenvolveu um sistema de armazenamento em Nuvem capaz de sincronizar todos os dispositivos da marca, de forma que as fotos que foram tiradas em um dispositivo poderiam ser acessadas em todos os outros. Surgia assim, o iCloud.
Com esse hall, a Apple ia muito além da ideia do Hub Digital e atingia um sistema que interconectava todos os aparelhos simultaneamente, em qualquer hora ou lugar, desde que houvesse acesso à Internet. Dessa forma, a experiência Apple estava em todo lugar, coisa que os concorrentes não tinham e nem estavam perto de ter.
Ainda assim, em paralelo, Steve Jobs passava por novas dificuldades em sua vida pessoal.
Primeiro, ele estava sendo investigado em uma acusação de fraude no recebimento de opções de ações da Apple, que tiveram seu preço datado de forma retroativa, por um erro de comunicação da própria empresa.
Ao final, Steve foi inocentado, mas o processo demorou alguns anos e trouxe sanções http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistrativas para alguns executivos da Apple, que se sentiram injustiçados.
Porém, o grande problema ocorria em decorrência de seu câncer. A relutância dele em não tirar o câncer imediatamente no início deixou sequelas, gerando uma metástase, que chegou também ao seu fígado, o comprometendo por completo. Acredita-se que a dieta escolhida por Jobs possa até ter acelerado o deterioramento de seu fígado.
O novo diagnóstico era ainda mais agressivo e debilitava Jobs severamente.
Além do prejuízo físico, o impacto era mental e fazia com seu humor ficasse cada vez mais inconstante, afetando também sua alimentação. Adepto de uma dieta baseada em vegetais, ele não apenas escolhia alguns poucos alimentos, como também dentre os escolhidos comia apenas alguns poucos, que ele dizia que estavam bons. O restante era dispensado.
Cada vez mais seletivo, Jobs emagreceu 14 kilos em um único mês, e praticamente não seguia a dieta proteica indicada pelos médicos.
Enquanto isso, em 2009, ele foi novamente substituído temporariamente por Tim Cook.
O IPHONE 4
Meses depois, de maneira considerada heroica, Jobs retornou a Apple após receber um transplante de fígado, e ainda teve tempo para lançar o Iphone 4 e mais um dispositivo inédito.
O Iphone 4 foi considerado ainda mais revolucionário do que os antecessores, e trazia um design mais elaborado que incluía um invólucro de metal, criado por Jonathan Ive, e que havia sido incluído a contragosto dos engenheiros, pois afetava a recepção de sinal do celular.
Contudo, o lançamento do novo modelo foi um enorme sucesso.
O ESCÂNDALO ANTENNAGATE
Até que alguns dias depois do início das vendas, alguns usuários reclamaram na Internet que a antena do celular não era totalmente efetiva, e que as ligações caíam em determinados momentos.
Posteriormente, a mídia especializada informou que a antena interna do telefone não conseguia ter eficácia plena por razão de sua embalagem metálica, fato que os engenheiros já tinham alertado.
A crítica foi forte e ganhou os periódicos, que batizaram o problema de antennagate.
E assim, rapidamente começaram as críticas e as investidas para saber da empresa qual era o problema e se seria possível resolvê-lo. O problema gerou uma queda de três por cento nas ações da Apple.
Para resolver a questão, Jobs deu entrevistas em que assumia que o celular não tinha total eficiência na recepção do sinal, mas que as antenas dos concorrentes apresentavam o mesmo problema em determinadas situações.
A justificativa foi bem-recebida, e pouco menos de um mês depois foi lançada uma atualização que ajudava a minimizar ao máximo o problema.
Porém, a declaração de Jobs não era verdadeira, pois na realidade, os concorrentes não tinham esse problema; ainda assim, a grande credibilidade de Jobs fez com que o mercado acreditasse; e o fato deu tempo para que a Apple resolvesse a questão, sem maiores prejuízos.
O QUE STEVE JOBS ACREDITA QUE PESSOAS INTELIGENTES TÊM EM COMUM
O iPAD – A ÚLTIMA CRIAÇÃO DE JOBS
Por fim, Jobs trabalhava em sua última criação; um dispositivo fino, elegante, que poderia acessar a internet e que reunia um misto de funções de smartphones e computadores, mas que ao mesmo tempo ganhava algumas particularidades. Tal como um caderno, ele poderia ser levado facilmente para qualquer lugar e teria tela sensível ao toque.
E com esses predicados foi lançado o iPad, o tablet da Apple; que abria as portas de um novo mercado.
O produto não foi exatamente o primeiro do gênero, e lembrava bastante os antigos palm-tops e até mesmo o Newton, o PDA da Apple que Steve Jobs detestava.
Ao contrário dos antecessores, o iPad contava com tela touch, e possuía uma série de funções que os demais não tinham, e que era o motivo principal pelo qual que as pessoas não se interessavam de verdade por eles.
Ainda assim, antes do produto chegar ao mercado, havia dúvidas se de fato o produto teria aceitação. Para Bill Gates, o produto seria um fracasso, pois não apresentava nada de novo.
Porém, mais uma vez, contra os críticos, a apresentação do iPad foi um sucesso e o produto foi muito bem recebido.
Mais uma vez, Jobs conseguia convencer o mundo a comprar um produto que as pessoas nem sabiam que precisavam.
E em poucos anos, a Apple havia passado de uma fabricante de computadores para uma empresa multicanais, acabando com concorrentes e líderes de mercado.
Nos celulares, a Nokia foi varrida do mapa e a Black Berry foi a falência. A Microsoft também tentou entrar no mercado com o Windows Phone, e também foi um fracasso gigantesco. Anos depois, até a Amazon tentou lançar seu smartphone, o Fire, mas o mundo quase não se lembra que um dia ele existiu.
Nos dispositivos musicais, a Sony perdeu a dianteira e não conseguiu nem fazer sombra ao iPod, mesmo sendo a criadora do mercado de portáteis, com o Walkman, décadas antes.
E com o Ipad, a Apple criava um novo mercado, que conseguiu abocanhar também o mercado de livros e periódicos, através do sistema iBooks.
Através do novo dispositivo nascia um mercado próprio de assinatura de revistas e jornais digitais. O aparelho também recebeu uma série de jogos interativos que são mania entre as crianças.
Desse modo, os últimos atos de Steve Jobs se integravam em um mundo próprio com dispositivos que mudariam o mundo e também a forma como as pessoas se relacionavam com a tecnologia. O Mundo Apple.
A partir do iPhone, as pessoas passaram a ter um computador em seus bolsos, capaz de acessar a internet e possibilitar o uso de aplicações e soluções que conectam restaurantes, prestadores de serviço, bancos e muitos mais.
Ele não foi o primeiro smartphone e talvez nem seja o melhor, mas mostrou para as pessoas as possiblidades do mercado e inspirou dezenas de concorrentes a produzirem similares mais baratos ou diferentes, fomentando um mercado de bilhões de dólares.
Hoje, os dispositivos da Apple se conectam através da Internet e juntos são responsáveis por uma série de iniciativas que movimentam mercados e empregos em todo o mundo. Na mesma linha, eles também inspiraram concorrentes que ajudam a expandir esse mercado, como o sistema Android, do Google, e a fabricante Samsung.
Contudo, apesar do sucesso de suas criações, o câncer foi implacável com Steve Jobs, e ele teve de se ausentar mais uma vez da Apple. Seus últimos dias foram em sua residência, mas não menos agitados.
PLANOS DE SUCESSÃO E AFASTAMENTO
Apesar de estar extremamente debilitado, nos poucos momentos em que conseguia interagir, Jobs decidiu que deixaria o cargo de CEO e que se tornaria presidente do conselho da Apple. Por essa razão, ele escolheu Tim Cook como seu sucessor. Ainda assim, a ideia era que Cook ainda se reportasse a ele, apesar do cargo.
Nos momentos de descanso, Jobs assistia bastante televisão, e disse que queria criar um novo produto para melhorar a experiência do espectador. Além disso, ele se preocupava com o futuro da educação no mundo, e acreditava que a tecnologia deveria ser usada para trazer uma resposta definitiva para os problemas do modelo escolar tradicional.
Outro sonho de Jobs, e que se tornou realidade pouco tempo depois, foi a nova sede da Apple, em formato de anel e que tinha oitenta por cento de sua área coberta por vegetação local.
Enquanto esteve recluso, ele também se dedicou a ajudar alguns jovens empreendedores, com conselhos e ensinamentos. Entre eles, estavam Larry Page do Google e Mark Zuckerberg.
A Apple processava o Google pela acusação de ter copiado funcionalidades do iOS. Mas, Jobs acreditava que deveria ajudar Page mesmo assim.
Segundo ele, o Vale do Silício havia feito muito por ele, e muitas pessoas também o ajudaram em sua trajetória, e aquela era a hora dele retribuir ajudando a nova geração.
Ele também teve alguns encontros com Bill Gates, e os dois apararam algumas arestas e reconheceram o respeito que existia entre ambos, apesar de tudo.
Pouco tempo depois, Jobs sucumbiu ao Câncer, e deixou o mundo em 5 de Outubro de 2011 aos 56 anos após uma parada respiratória.
Ele deixou quatro filhos, dentre eles Lisa, com quem ele teve uma relação de altos e baixos. E mais do que isso, Jobs deixou um legado.
Apesar de todas as controvérsias e de seu estilo peculiar, o visionário popularizou o computador pessoal, transformou o mercado da música e dos celulares, deixando o mundo amplamente conectado.
A Apple perdeu seu fundador; e o seu escolhido, Tim Cook, foi efetivado como CEO da companhia, que ele dirige até hoje. Para muitos, a empresa declinaria sem o seu fundador. Mas, com o passar dos anos, a Apple se tornou a primeira empresa a atingir mais de 1 bilhão em faturamento, e pretende lançar produtos ainda mais inovadores nos próximos anos.
E após uma jornada complexa de altos e baixos e desafios constantes, Steve Jobs conseguiu aquilo que sempre sonhou: deixou um grande legado e passou a figurar no mesmo hall que boa parte de seus heróis como Thomas Edison, Henry Ford, Alan Touring e muitos outros.
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