Na última semana, as redes sociais ficaram agitadas pela compra do Botafogo Futebol e Regatas pelo empresário americano John Textor.
O movimento faz parte do novo cenário que promete transformar o futebol brasileiro; já que a partir de agora, os clubes de futebol poderão se transformar em sociedades anônimas de futebol, uma nova configuração jurídica que permite que os clubes sejam vendidos e tenham proprietários.
E após a venda do Cruzeiro para o ex-jogador Ronaldo, a novidade foi a venda praticamente sacramentada do Botafogo para o americano John Textor.
Mas, quem é John Textor? Qual é a sua fortuna? Quem é o dono do Botafogo?
Nascido em 30 de Setembro de 1965 na cidade de Kirksville, Missouri nos Estaods Unidos, John Charles Textor já relatou que vem de uma família de classe média, e que estudou em uma escola pública.
Apesar de ter uma antepassada da tradicional família Dupont, não há indícios de que ele tenha alguma relação com a empresa gigante de mesmo nome. E parte dessa confusão se dá pelo fato de que uma de suas antepassadas tem o mesmo nome de solteira da real herdeira do império bilionário, Ethel DuPont.
Textor é considerado um dos empresários mais revolucionários e promissores dos últimos anos.
Apesar de não existir consenso sobre o tamanho de sua fortuna, ele é responsável por iniciativas que estão diretamente ligadas a algumas das tecnologias que estarão presentes nos próximos anos na vida de milhões de pessoas; e que possivelmente farão parte do chamado Metaverso.
Formado em Economia, Textor dividiu o tempo na faculdade com o aprendizado por conta própria sobre programação. Após a graduação, ele chegou a trabalhar em um banco de investimentos e também atuou como executivo em um conglomerado de empresas, onde se tornou especialista em planejamento estratégico e finanças.
Apesar de uma carreira corporativa promissora, Textor decidiu usar o bom dinheiro que ganhou como financista para se tornar empreendedor, ao tentar desbravar as primeiras oportunidades que surgiram com o surgimento da internet, ainda no início dos anos 90.
Não há relatos concretos sobre qual foi o exato investimento do americano em seus primeiros anos como empresário e investidor, mas ao longo do tempo, Textor se destacou por sua habilidade de transformar negócios já existentes e de acumular grandes quantias de capital com diferentes investidores para realizar suas atividades.
Ao longo dos anos, suas atividades são tocadas através da holding Wyndcrest Partners, que é de sua propriedade, mas cuja lista de sócios não é pública.
Uma de suas primeiras empreitadas foi em 1996, quando ele investiu e se tornou o maior acionista da Sims Snowboard, uma fabricante de equipamentos para Snowboard, que se popularizou através da Internet; e que se tornou a segunda maior empresa do ramo sob a presidência de Textor, que posteriormente deixou o negócio.
Ainda no ramo, ele se tornou sócio da Westbeach, uma marca canadense de vestuário para a modalidade; e foi um dos responsáveis pela criação do primeiro campeonato mundial de snowboarding; evento que passou a ser reconhecido e televisionado globalmente.
Outra empresa que contou com aporte do investidor foi a ATG, Art Tecnology Group, uma startup especializada na criação e personalização de sites e plataformas que quase foi descontinuada após perder vários de seus investidores; e que foi salva pela holding de John em 1996.
Após o investimento, a startup conseguiu se reerguer; e apenas 3 anos depois conseguiu abrir o seu capital na bolsa de valores, com uma valorização de 10 bilhões de dólares.
Na operação, a holding de Textor que investiu 2,4 milhões de dólares na empresa, fez uma saída com o capital de 550 milhões de dólares.
Especialista em alavancagem de negócios, no ano 2000, o americano também comprou o comércio eletrônico BabyUniverse.com por cerca de 300 mil dólares.
A empresa que estava à beira da falência no momento da venda, conseguiu se recuperar após ser comprada; e aumentou seu faturamento em quarenta vezes, em apenas 7 anos sob a direção do empresário.
Em 2007, a empresa passou a fazer parte do conglomerado eToys, em uma venda que gerou 90 milhões de dólares para o magnata e seus sócios.
No ano 2000, John Textor também criou o Virtual Bank, uma das primeiras empresas a oferecerem o serviço de internet banking no mundo; e que fornecia serviços para alguns dos principais bancos do mundo.
Também na virada do século, o empreendedor se juntou a outros empresários para criar a Jester Digial Corporation, uma plataforma online que decidiu ir a contramão do mercado na época.
Enquanto surgiam as primeiras discussões sobre pirataria e sobre os direitos sobre músicas e vídeos postados na Internet, com a ascensão da plataforma Napster; o americano e seus amigos apostaram na criação de uma solução que pudesse atrair as empresas e artistas que estivessem sendo prejudicados pela pirataria; e que gostariam de colocar seus produtos na Internet, mas de uma forma legalizada e rentável para eles.
Foi assim que eles conseguiram atrair investidores como a IBM e a banda Metallica, que se notabilizou como a maior rival das plataformas de download de música, como o Napster.
Anos depois, a iniciativa foi absorvida por outra empreitada do empresário: a Digital Domain, empresa que foi criada em 1996 pelo premiado cineasta James Cameron, e que foi comprada por John Textor em parceria com o cineasta Michael Bay, no ano de 2005, por 30 milhões de dólares.
Desde a aquisição em 2006, a empresa se tornou referencia mundial em qualidade cinematográfica e produções em três dimensões. Ao todo, mais de 80 filmes de grande sucesso tiveram dedo da empresa, como Transformers, Tron, entre outros.
Ao todo, sob o comando do magnata, a empresa conquistou o Oscar de melhores efeitos especiais por 8 vezes.
Porém, a empresa posteriormente passou por um enorme litígio judicial, envolvendo investidores, que acusaram a empresa de fraude contra credores. Momento delicado que gerou acusações contra o próprio Textor, que foi posteriormente inocentado e indenizado pelos danos causados à sua imagem.
Após a resolução dos problemas envolvendo a antiga empresa, o magnata decidiu seguir por conta própria, criando o Facebank, empresa que deu origem a duas novas empreitadas, contando com parte dos antigos empregados da Digital Domain.
Em 2013 ele criou a Pulse Evolution Corporation, uma empresa que está investindo pesado em tecnologias como a holografia e a chamada realidade aumentada, dois dos componentes que devem fazer parte do famigerado Metaverso, que promete revolucionar o mundo nos próximos anos.
Dentre os grandes feitos da empresa, estiveram as recriações de performances lendárias de artistas falecidos como Tupac Shakur e Michael Jackson, que foram viabilizadas graças a tecnologia de hologramas do negócio.
Por conta da façanha, em 2016, a revista Forbes batizou Textor como o ‘’Guru da realidade virtual em Hollywood’’.
A outra empreitada que nasceu neste período, e que tem ganhado maior notoriedade é o streaming FuboTV, que tem grande foco na transmissão de atividades esportivas, como o futebol, por exemplo.
A iniciativa tem crescido bastante o seu número de usuários, e abriu seu capital em 2020, com uma valorização imediata de 8 bilhões de dólares. Contudo, de acordo com o site Market Watch, hoje a empreitada está avaliada em 2,7 bilhões de dólares.
Em paralelo, ele também criou a empresa de realidade virtual EvolutionAI Corporation, ainda sem grandes feitos públicos.
FORTUNA
Após passar por diferentes empreitadas, tanto como diretor, tanto como investidor, existem relatos imprecisos sobre a verdadeira fortuna de John Textor.
Para muitos o empresário é dono de uma fortuna bilionária; mas, existem relatos que na verdade, os bilhões acumulados pelo americano são na verdade de vários outros investidores que o acompanharam durante todas as empreitadas. E que na realidade, a fortuna de Textor é de 250 milhões de dólares.
Contudo, não há elementos suficientes para cravar a exata fortuna do magnata, e se ele é ou não um bilionário. E nem a tradicional Revista Forbes se manifestou sobre o assunto.
Porém, a verdadeira fama de John Textor para com o grande público se deu por seus investimentos no futebol.
FUTEBOL
Principalmente, depois que ele, em parceria com outros sócios, criou o fundo Eagle Holding, que adquiriu 40 por cento do clube inglês Crystal Palace nesse ano.
Ao todo, o fundo gastou cerca de 90 milhões de libras na operação, que conferiu o direito de controle da operação. E apesar do pouco tempo no comando, o grupo conseguiu reduzir a dívida do clube inglês em cerca de 50 milhões de libras; e já trabalha com uma grande reestruturação no elenco da equipe.
Além do saneamento financeiro, o grupo também fez investimentos no estádio do clube e nas categorias de base do futebol.
Recentemente, ele também tentou adquirir 25 por cento das ações do clube português Benfica, mas as negociações não avançaram por conta dos problemas do presidente do clube com a justiça lusitana. E nesse momento, há tratativas também para a compra do Molenbeek, clube da segunda divisão da Bélgica.
E, por fim, o americano e seus sócios estão em vias de confirmar o acordo de compra do Botafogo, por cerca de 410 milhões de reais.
O valor inclui além dos direitos sobre o clube, a assunção de uma dívida superior a 1 bilhão de reais, cujo o fundo se torna também solidário.
Do valor investido, parte será usada para a equalização de algumas dívidas do clube e há a expectativa de um robusto investimento também no futebol.
A julgar pelo histórico de recuperação e alavancagem de empresas, o desafio não parece ser algo novo para o empresário americano.
Será que ele vai conseguir repetir o sucesso que teve no clube carioca? Será que estamos assistindo ao nascimento de mais um negócio bilionário?
Compartilhe conosco nos comentários.
Facebook Comments