A história da Petz, a maior rede de Petshops do Brasil
Petz, seu pet center de estimação.
Uma das redes que mais cresce no Brasil, a Petz é um enorme sucesso que conseguiu criar um império bilionário em um mercado considerado desprezado: o mercado de animais de estimação.
Hoje, a Petz é a maior rede de pet shops do Brasil e tem apetite para ir ainda mais longe.
O negócio foi uma criação do empresário Sérgio Zimerman que chegou ao mercado por acaso e que pouco tempo antes, não imaginava o potencial do mercado.
Antes de ser dono da rede, Zimerman enfrentou um doloroso processo de falência que levou ao fim uma rede atacadista que faturava 180 milhões de reais por ano.
Curiosamente, a ideia desse empreendimento também apareceu sem muitos planos.
Bem antes de ser empresário, Sérgio trabalhou como animador de festas ao fundar um micro negócio que evoluiu para uma empresa de animação de festas infantis.
O negócio informal contava com freelancers que recebiam um valor por noite trabalhada. E dessa experiência, Zimerman percebeu que durante as festas, o grande lucro para quem as produzia estava na venda de bebidas. E era daquele jogo que ele queria participar.
Foi desse insight que ele deu início a uma pequena distribuidora de vinhos, que posteriormente evoluiu para um atacado; e que começou na sala da casa onde morava, e poucos meses depois passou para uma loja de porta para a rua.
O sucesso na venda das bebidas abriu portas para a inclusão de outros produtos no portfólio; e logo, alimentos ensacados também compuseram o estoque do empresário; que anos depois também se tornou um dos maiores atacadistas de perfumes do país, através da rede Super Brasil.
FALÊNCIA
Só que ao mesmo tempo que o negócio crescia, cresciam também as demandas por estoques cada vez maiores e mais variados; e uma maior necessidade de capital de giro.
E no meio disso tudo, o desejo de crescer cada vez mais turbinou uma operação financeira apertada, que em pouco tempo deu sinais de que não suportaria por muito tempo.
Sem saída, Sérgio decidiu fechar as portas, depois de ter cogitado vários cenários como a recuperação judicial, por exemplo.
O processo de fechamento fez com que todas as filiais fossem encerradas, e o estoque foi todo liquidado para o pagamento dos credores e trabalhadores.
Segundo Zimerman a conquista que viria depois não seria possível sem ter fracassado anteriormente como empreendedor. E de acordo com ele, o fracasso foi o insumo de seu sucesso.
Ele compartilhou, que no momento de dificuldade, o mais importante foi se enxergar como se estivesse diante de um espelho; buscando entender quais foram os seus erros naquele processo e porque a empresa que ele havia construído tinha acabado.
E nessa atividade ele afirmou em entrevista ao Diário do Comércio que encontrou auxílio nos estudos, ao fazer um MBA e também em dois livros do autor americano Dale Carnegie: “Como fazer amigos e influenciar pessoas” e “Como evitar preocupações e começar a viver”.
E nesse processo de autoconhecimento, ele se viu em busca de um novo caminho.
Com o fim do antigo negócio, sobrou a Sérgio o seu patrimônio pessoal e a posse do galpão onde ficava o antigo atacado; que poderia abrigar um novo negócio.
Mas…. o problema, era… que tipo negócio?….
Em sua busca, o empresário pesquisou por diferentes opções que pareciam inicialmente interessantes, mas que logo mostravam problemas.
E nesse momento, lhe foi sugerido o mercado de animais de estimação.
A ENTRADA NO MERCADO PET
A sugestão veio do cunhado, que estava produzindo xampus para animais no quintal de casa.
Contudo, na ocasião, ele acreditava que o mercado oferecia poucos caminhos, e que se limitavam a apenas pequenos negócios de bairro com faturamento enxuto.
Porém, a visão inicial logo foi quebrada quando ele tomou conhecimento dos números envolvidos no mercado pet; e como uma rede de lojas começava a ter enorme sucesso na cidade de São Paulo: a Cobasi.
Diante do sucesso da rede, Sérgio decidiu tentar abrir uma franquia da marca. Ideia que foi apresentada para a empresa, que rejeitou o pedido.
Contrariado, Zimerman decidiu fazer o negócio por conta própria; criando sua própria marca no setor de pets.
E assim, a Cobasi fechou as portas para aquele que anos depois se tornaria o seu maior concorrente.
Dessa maneira, em 2002, surgia o negócio que elevaria o mercado pet para outro patamar.
Como o galpão estava localizado na Marginal Tietê, em São Paulo; Zimerman decidiu nomear a nova empresa com o nome Pet Center Marginal.
Nascia assim, uma loja para animais com 3.000 metros quadrados e um enorme mix de produtos; que se posicionava praticamente como um shopping para o mercado pet.
E para fazer frente a rede que o havia rejeitado, ele decidiu entender quais eram os acertos da Cobasi; e principalmente, quais eram os erros e as falhas da empresa.
Identificado estes pontos, ele faria um negócio que ofereceria um serviço melhor do que a da rede. Uma ideia bastante ousada.
Enquanto a Cobasi apostava em lojas totalmente self-service, em que o cliente ficava à vontade para pegar os produtos que precisava; Sérgio decidiu acrescentar a esse tipo de serviço alguns funcionários que estariam presentes na loja somente para ajudar os clientes e sanar eventuais dúvidas.
Uma abordagem que não existia no concorrente; e que saltou aos olhos de Zimerman, principalmente por ele ter percebido que alguns clientes da concorrente deixavam de comprar certos produtos porque tinham dúvidas sobre os itens.
Ou seja, na visão do empresário, a concorrente estava deixando dinheiro na mesa. E o seu negócio estaria pronto para pegar.
Outro ponto interessante é que a concorrente estava até então limitada as zonas oeste e sul da cidade; e por causa disso, Zimerman percebeu que teria êxito se conseguisse atender as zonas leste e norte da capital; onde a concorrente não estava presente.
Com esses 2 pontos, a nova loja conseguiu conquistar seus primeiros clientes e viu seu faturamento mensal se multiplicar por quase 10 vezes, somente no comparativo do primeiro e do último mês do primeiro ano da operação; um sucesso absoluto.
No ano seguinte, foi acrescentado um diferencial até então inédito no mercado: a loja ficaria aberta 24 horas, 7 dias por semana; algo extremamente impactante para o mercado, e que deixava os serviços disponíveis para todo e qualquer momento que o cliente precisasse; algo importante, especialmente para qualquer emergência.
Com esses diferenciais, a loja começou a ganhar novos pontos não só na cidade, como também no Estado de São Paulo.
E além do crescimento, a loja também passou a incluir serviços, como procedimentos estéticos para os animais; a partir da inauguração dos centros de beleza dentro das próprias lojas, que sempre apostavam no conceito de megalojas, com muitos produtos e muitos serviços.
Uma ideia simples, mas que contava com mais um diferencial: já que os clientes poderiam ver todo o processo feito, através de espaços cercados por vidros; o que transmitia confiança e credibilidade; e provava que o animal era bem tratado durante toda a experiência; o que ajudava a quebrar preconceitos e eliminava o medo dos tutores de ter seu amigo mau tratado.
Outro diferencial, é que a empresa fazia muito esforço não só para conquistar, mas também para manter a fidelidade dos clientes; e cada compra gerava pontos para um programa que dava direito a descontos e outros benefícios; que faziam com que além da satisfação, o cliente também voltasse pelo preço e pelos bônus.
E por fim, já em 2008, a empresa contava com um e-commerce de produtos pet, quando seus concorrentes locais ainda não enxergavam as possibilidades do mundo digital.
Ou seja, em cada ação que se propunha, a Petz começava ofertando sempre o máximo possível para não só prestar um bom serviço, mas também para dominar toda aquela lacuna que atuava.
Com essa mentalidade, em 2012, a rede abriu sua primeira unidade fora de São Paulo, com a inauguração de uma loja na cidade de Brasília.
No ano seguinte, a loja já contava com 27 lojas só no Estado de São Paulo e mais a unidade de Brasília; quando o crescimento acentuado chamou a atenção de um fundo de private equity, que decidiu comprar 50,01 por cento das ações, assumindo o controle acionário; mas mantendo Sérgio Zimerman como o responsável pelas decisões do negócio.
Com o investimento, a empresa encorpou seu caixa e decidiu abrir novas unidades. E assim, passou a atuar também em outros estados começando pelo Rio de Janeiro; onde a recepção inicial não foi das melhores.
UM PROBLEMA INESPERADO
Apesar de conquistar clientes fieis que se encantavam pelo mix de produtos e pelos serviços; a loja não emplacou no Rio.
E para entender o porque, a empresa decidiu contratar uma pesquisa para entender exatamente qual era o problema.
E a resposta foi surpreendente.
Apesar de chamar a atenção e parecer uma loja interessante, boa parte dos cariocas tinha um certo preconceito pela loja e o motivo era o nome: Pet Center Marginal.
Para o público carioca, a palavra Marginal única e exclusivamente tinha sentido pejorativo; e só de ouvi-la, muita gente ficava de cabelo em pé.
E se em São Paulo a palavra era costumeiramente interpretada como algo que está à margem do rio; o mesmo não poderia ser dito na cidade do Rio de Janeiro.
Diante dessa recepção negativa, a alternativa foi trocar o nome de todo o negócio, e o termo escolhido fazia mais sentido e se casava perfeitamente com o seu mercado: PETZ.
Um nome definitivo e que imediatamente ajudou a quebrar a má impressão inicial junto aos cariocas; e que poderia evitar dissabores futuros.
Além do Rio de Janeiro, a empresa também abriu lojas em outros estados como Goiás e Minas Gerais. E mais recentemente conquistou as demais regiões do país, atuando em 15 estados da federação.
Outro diferencial da rede foi a criação do Hospital Veterinário Seres, especializado em cuidados médicos e atendimento preventivo para os animais; que começou como uma iniciativa dentro das lojas da marca.
E além do Hospital, as lojas também passaram a contar com opções de hotel para animais e serviços em que o tutor pode deixar o animal durante todo o dia para praticar atividades e receber cuidados da equipe da Petz; o que ficou popularmente conhecido como creche para os bichinhos.
Todos esses serviços fazem com que o conceito de megalojas seja explorado ao máximo, otimizando cada metro quadrados das lojas; satisfazendo imensamente o cliente e também o caixa da empresa, que encontrou uma fórmula de enorme sucesso.
SUCESSO E IPO
O sucesso foi tão grande que em 2020 a empresa conseguiu abrir o seu capital na Bolsa de Valores, a Bovespa, sob a sigla PETZ3.
Na operação, a empresa conseguiu alcançar uma valorização de 8 bilhões de reais, algo considerado inimaginável para uma rede de pet shops anos atrás.
Tudo isso, graças a um império com mais de 130 lojas em 15 estados; mais de 5000 funcionários, e que vem ganhando várias novas unidades Brasil afora.
Além do mix de serviços e produtos cada vez maior, a Petz também vem apostando em tecnologia para crescer ainda mais.
Exemplo disso é o sistema Pet-Commerce, que avalia as preferências de cada animal perante os produtos e serviços a ele oferecidos, a partir de uma avalição de suas reações diante de cada um; tudo com auxílio de um sofisticado sistema de inteligência artificial.
Em paralelo, a rede também participa de uma série de campanhas e ações voltadas para cuidados e preservação dos animais de modo geral; e regularmente existem ações para a adoção de animais dentro das lojas da empresa.
Com todos esses esforços, a marca vem crescendo em números impressionantes e promete conquistar o Brasil de ponta a ponta. Será que há limites para a Petz?
Por conta de todos os seus feitos, a Petz é uma das empresas mais amadas e bem-sucedidas do país. E sua trajetória de sucesso é mais uma história que merece ser contada em nosso canal.
Facebook Comments