A HISTÓRIA DA PEPSICO

Atualmente vivemos em um mundo repleto de marcas e produtos que fazem com que muitas vezes fiquemos confusos sobre qual item escolher.

E o mais impressionante é que muitas vezes, as marcas que se apresentam como concorrentes, são na verdade controladas pelo mesmo grupo.

E dessa forma, o que parece um grande espaço de escolha, na verdade é uma ilusão. A Chamada ‘’ Ilusão de Escolha’’. Já que ainda que pensemos que estamos comprando de diferentes empresas; no final, estamos comprando das mesmas grandes corporações.

E em meio às gigantes que controlam o mercado de alimentação em todo o mundo, está um grupo que surgiu da junção da Pepsi e da Frito Lay, a dona da Elma Chips: A PepsiCo.

O conglomerado surgiu em 1965, a partir da fusão das duas empresas americanas que se uniram para se tornarem ainda maiores em seus mercados, consolidando uma grande sinergia graças a somas de suas estruturas.

A partir dali, estavam sob o mesmo guarda-chuva marcas como Pepsi, Mountain Dew, Ruffles, Lay’s, Doritos e Cheetos.

Todas as marcas eram diretamente comandadas por Donald Kendall, o executivo da Pepsi que foi responsável por promover uma revolução no mercado mundial.

Kendall foi o responsável por levar a Pepsi para a União Soviética; e além de conquistar um mercado gigantesco, até então fechado para as empresas ocidentais; ele também trouxe para a gigante os direitos de distribuição da vodka russa Stolichnaya na América.

E sob sua direção, a PepsiCo traçou um ousado plano de expansão através de fusões e aquisições. Principalmente, depois que o caixa do grupo foi encorpado pela abertura de seu capital na Bolsa de Valores de Nova York em 1968.

A título de curiosidade, a empresa está listada na B3 através da BDR PEPB34. E desde de 2017 está listada na Nasdaq.

Como já comentamos em nosso canal, a compra de uma empresa pode ter alguns significados.

-Primeiro, pode ser para controlar um concorrente.

-Segundo, para conquistar um novo mercado.

-Terceiro, para melhorar a própria empresa, com o compartilhamento de tecnologias, equipamentos, profissionais e know-how.

O que resulta em uma equação em que a soma dos dois negócios reunidos fosse maior do que a soma dos dois negócios individualmente.

Ou trocando em miúdos, é como se fosse possível dizer que 1+1 é igual a 3.

E a palavra que resume a ideia é Sinergia.

Reunidas, as duas empresas saem ganhando e podem realizar as mesmas funções que já realizam, de forma mais lucrativa quando reunidas, e também podem somar seus recursos para criarem uma força ainda maior e mais lucrativa.

Dessa forma, a PepsiCo decidiu crescer primeiro a partir da diversificação de seu portfólio, e assim comprou a empresa de logística North American Van Lines em 1968.

Com a compra, o conglomerado passou a comandar uma das principais empresas de entrega por meio de caminhões dos EUA.

Apesar da aquisição, a operação seria tocada em paralelo, não incorporando a receita da gigante.

O objetivo da compra era integrar a entrega dos produtos do conglomerado em torno de um poderoso sistema de logística para aumentar a penetração da gigante no mercado americano. Porém, a operação acabou vendida em 1984, uma vez que a expectativa da PepsiCo não foi atendida.

Em 1970, o conglomerado comprou a Mirinda, um refrigerante de laranja popular na Espanha, que passou a fazer parte do portfólio global da marca.

Em 1972, foi comprada também a marca de roupas e equipamentos esportivos Wilson, que ficou no portfólio da gigante até 1985. E que, na prática, não tinha praticamente nada a ver com o conglomerado.

As aquisições continuaram em paralelo, enquanto as marcas de bebidas e alimentos, registraram em 1970 a marca de 1 bilhão de dólares em vendas pela primeira vez em sua história.

E a gigante não apenas afetaria o mercado de bebidas e o mercado de salgadinhos. Ela afetaria o setor de alimentação como um todo.

Isto porque o plano de expansão incluiu também a ideia de controlar algumas redes de restaurante nos EUA, principalmente de fast-food.

Na ocasião, o mundo começava a testemunhar o crescimento das redes de restaurante que se espalhavam com um modelo de negócios que podia ser replicado quase que infinitamente, e que, em geral, era turbinado pelo sistema de franquias.

Dessa maneira, as redes aos poucos tomavam o lugar dos pequenos restaurantes locais e conquistavam o público, principalmente nos EUA.

Além de aparentemente ser um negócio atrativo, ao controlar as redes, o conglomerado poderia também atrelar aos restaurantes a obrigatoriedade de se servir somente as bebidas da PepsiCo; o que seria um ato importantíssimo para aumentar a relevância da Pepsi no mercado americano; principalmente durante a década de 60, quando a Pepsi ainda disputava o segundo lugar na preferência dos americanos junto com outras marcas como RC Cola e Dr.Pepper.

REVOLUÇÃO NOS RESTAURANTES

Com esse espírito, a empresa comprou ao longo de duas décadas alguns restaurantes nos EUA. Dentre elas, três das principais redes de comida rápida da época, e que se tornaram verdadeiros colossos mundiais.

O Pizza Hut em 1977.

O Taco-Bell em 1978.

E o KFC em 1986.

Em paralelo, em 1983, a companhia também firmou um acordo com a rede Burger King, que passou a vender exclusivamente as bebidas do grupo nas décadas seguintes. Parceria que vigorava até alguns anos em todo o planeta.

Dessa forma, a PepsiCo passou a dar as cartas no mercado mundial de restaurantes, dominando principalmente o mercado americano; o que causou um grande retorno financeiro e também ajudou a tornar a Pepsi ainda mais popular, principalmente na América.

E a estratégia vigorou até 1997, quando a PepsiCo tomou uma decisão extremamente polêmica, ao desmembrar as operações dos restaurantes de seu portfólio, criando uma nova Holding, que teria personalidade jurídica própria e tomaria conta de todos os restaurantes.

Na ocasião, a direção da PepsiCo alegou que a estratégia era uma tentativa de melhorar a gestão dos restaurantes, já que o mercado era considerado imprevisível pelos executivos do conglomerado, que não tinham experiência no ramo; e estavam acostumados a vender produtos que tem uma fidelidade e recorrência maior por parte dos consumidores; como é o caso das bebidas e alimentos industrializados.

Dessa forma, o objetivo era que os restaurantes fossem tocados de forma separada e por gestores do ramo; que não trariam as perspectivas de um conglomerado industrial para os negócios.

E ao mesmo tempo, apesar do desmembramento, os restaurantes continuariam comercializando exclusivamente as bebidas da PepsiCo.

Surgia assim a Tricon Global Restaurants. Holding com capital aberto, cujo maior acionista é a Pepsico. E que em 2002 mudou seu nome para Yum Brands.

YUM BRANDS

Desde sua criação, a companhia passou a ser liderada pelo executivo David Novak, que se tornou uma grande referência mundial em gestão, e que esteve no comando do grupo até 2016.

Sob seu comando, as ações da companhia tiveram enorme crescimento, sendo muito mais expressivos do que a própria PepsiCo. E dessa forma, a empreitada cresceu vertiginosamente não só nos EUA, mas em todo mundo, principalmente na China; especialmente através da rede KFC.

O que fez com que a rede se tornasse a maior cadeia de restaurantes do mundo. Provando a ideia da Pepsico de que a operação deveria ser tocada de forma independente.

Surpreendentemente, em 2015, o comando da Yum decidiu tomar também a sua decisão polêmica, ao traçar um plano semelhante ao da Pepsico; realizando uma nova divisão, retirando a operação dos restaurantes na China de seu portfólio, e tornando-a uma operação autônoma, dando origem a mais uma companhia; a Yum China, também de capital aberto. Decisão que por enquanto parece ter sido acertada.

No Brasil, houve uma decisão semelhante; e as marcas da Holding são tocadas em parceria com o empresário Carlos Wizard Martins, que comprou os direitos da marca americana em 2018.

E, curiosamente, por aqui elas não têm vínculo com as bebidas da PepsiCo.

De toda forma, desde a criação do spin-off, as redes cresceram vertiginosamente, e a estratégia traçada se mostrou acertada.

E enquanto isso, a gigante manteve o foco nas suas principais atividades.

Anos antes, em 1986, ela comprou as operações internacionais do refrigerante de limão 7UP; que apareceu no Brasil durante a década de 90, e cuja fórmula deu origem mais tarde ao refrigerante H2OH! Lançado em 2006 com a AMBEV; empresa brasileira parceira do conglomerado desde o início do século.

Em 1998 a gigante também comprou a marca americana Tropicana por 3.3 bilhões de dólares, adicionando uma robusta linha de sucos de frutas para seu portfólio.

Além das aquisições, em 1999, o conglomerado passou a comercializar também sua própria marca de águas, a Aquafina. Aumentando ainda mais seu leque de bebidas em todo o mundo.

E em 2000, a Pepsico fez sua principal ação, ao adquirir a Quaker Oats Company por 13.4 bilhões de dólares. Adicionando assim ao seu portfólio uma série de alimentos, como os famosos cereais da marca e também o isotônico mais famoso do mundo: o Gatorade.

A partir da compra, no Brasil, marcas como Kero Côco, e Toddy também passaram a fazer parte do portfólio da gigante.

E por aqui, a partir dos anos 2000, o conglomerado encorpou sua linha com a aquisição da fabricante de salgadinhos Lucky, que produz o Torcida e o Fofura; e também as marcas Amacoco e a fabricante de biscoitos Mabel.

E as compras não pararam.

Em 2008, ela comprou a maior fabricante de sucos da Rússia, a JSC.

Em 2009, comprou integralmente todas as operações associadas nas Américas e também a empresa responsável por fornecer as garrafas de suas bebidas.

Em 2011, comprou a maior parcela das ações da Wimm- Bill-Dann Foods e se tornou a maior empresa de bebidas e alimentos da Rússia.

Em 2018 comprou a fabricante de alimentos vegetarianos Bare Foods, e em 2020 a marca de bebidas energéticas Rockstar Energy por 3.5 bilhões de dólares.

Consolidando praticamente a atuação em todos os nichos do mercado de bebidas sem álcool do mundo.

A PepsiCo também atua por meio de parcerias, principalmente no mercado de bebidas, em que ela distribui as bebidas engarrafadas com a marca Starbucks e a linha Lipton Ice Tea, em parceria com a Unilever.

Ao todo, a PepsiCo trabalha com 22 grandes marcas em seu portfólio, todas elas com faturamento superior a 1 bilhão de dólares por ano.

Ela está presente em mais de 200 países, e desde 1953, de forma oficial no Brasil.

Estima-se que por dia, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vão ingerir algum produto da gigante.

E em 2020, a marca alcançou a maior receita de sua história, faturando 70.37 bilhões de dólares.

Por conta de seu portfólio robusto, a gigante é considerada o segundo maior negócio de bebidas e alimentos do planeta.

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