A maior parte dos produtos e serviços que fazem parte de nossas vidas surgiu da visão de empreendedores que conseguiram transformar suas ideias em realidade; porém, muitas vezes, os fundadores de empresas de enorme sucesso são colocados de lado para a sobrevivência e o crescimento de seus próprios negócios.
E nesse vídeo, separamos 5 empreendedores que fundaram empresas de sucesso global, mas que com o passar do tempo foram expulsos ou afastados dos negócios que eles mesmo construíram.
1 – Steve Jobs
O exemplo mais famoso, Steve Jobs cofundou a Apple com seu amigo Steve Wozniak. Juntos, eles transformaram uma invenção de um computador pessoal em um negócio global; que em sua época, conseguiu o feito de ser a empresa que abriu seu capital na Bolsa de Valores Americana em menos tempo.
Porém, o crescimento acelerado trouxe frutos mistos.
Enquanto Steve Jobs se tornou um dos empresários mais jovens do mundo e uma espécie de ícone da tecnologia, ele não tinha as habilidades necessárias para comandar uma empresa de atuação global. Por conta disso, ele aos poucos passou a se dedicar exclusivamente à criação dos produtos da Apple, enquanto a empresa era gerida por um CEO profissional.
Em paralelo, além de ter que dividir o comando da empresa, Jobs passou a ter cada vez menos participação acionária na empresa, que contava com investidores e acionistas; que juntos tinham mais participação acionária que o próprio fundador.
Em 1983, o conselho diretivo da Apple decidiu que a empresa precisava de um novo comandante, e Steve Jobs participou pessoalmente da contratação do novo chefe. O escolhido foi John Sculley, considerado o responsável por fazer com que a Pepsi rivalizasse efetivamente contra a Coca-Cola.
Juntos, Sculley e Jobs foram responsáveis por uma revolução no Marketing mundial, principalmente por conta do lançamento do Macintosh, que abalou o mercado com o comercial 1984.
Ainda assim, apesar do barulho causado pelo lançamento, a Apple tinha que lidar com duas situações antagônicas.
Enquanto Steve Jobs era considerado um ícone da inovação e da tecnologia; os produtos que eram criados sob o seu comando sofriam com problemas de performance. Se no início, Jobs era capaz de persuadir as pessoas a comprarem os produtos da Apple, com sua capacidade de encantamento e persuasão; com o passar do tempo, os consumidores notavam que os produtos tinham defeitos relevantes; o que causavam quedas abruptas nas vendas.
E o principal problema era que os defeitos, em geral, eram causados pela teimosia do próprio Jobs, que muitas vezes colocava o design como prioridade; até mesmo em relação a engenharia dos produtos.
O visionário também era conhecido por gastar muito dinheiro na busca pela inovação, o que causava muitos desperdícios para a empresa. Para completar a mistura explosiva, a convivência com ele era extremamente difícil, o que causava a insatisfação de parte dos funcionários e diretores, de literalmente todos os escalões da empresa.
Dessa forma, a figura de Steve Jobs era extremamente contraditória.
De um lado, ele era capaz de criar produtos inovadores e era amado por consumidores e alguns companheiros de equipe. Por outro lado, seus produtos não eram lucrativos e ele começava a colecionar inimigos dentro da própria empresa; dentre eles, o próprio John Sculley, que menos de dois anos antes fora escolhido pessoalmente pelo fundador.
A contradição passou a afetar fortemente a empresa, e o conselho teve que decidir entre afastar Steve Jobs ou promover mudanças para amenizar o ambiente e resolver a questão financeira do negócio.
Após uma série de negociações, o conselho decidiu afastar Steve Jobs do dia a dia da empresa, fazendo dele uma espécie de conselheiro criativo; com participação também no conselho diretivo da empresa.
Porém, Jobs se sentiu ultrajado, e declinou a proposta. Mais do que isso, além de não aceitar ser colocado para escanteio, Jobs optou por vender quase todas as suas ações da companhia, mantendo apenas uma que lhe dava direito a voto no conselho da Apple.
Na ocasião, Jobs recebeu cerca de 100 milhões de dólares, em valores da época, e deixou a empresa que havia fundado para tocar outros projetos.
Dessa forma, em 1985, Steve Jobs deixou a Apple, após ter sido convidado a se afastar do negócio que ele mesmo criou. Ele só voltaria em 1997, depois que a Apple comprou a empresa que ele fundou ao sair da corporação, a Next.
Desde sua expulsão, Jobs nunca mais falou com boa parte dos conselheiros que participaram do movimento; entre eles, o próprio John Sculley, que foi presidente da Apple por quase 10 anos; sendo demitido em 1993, após uma série de fracassos.
2- Travis Kalanic – Uber
O aplicativo de caronas surgiu em março de 2009 com o americano Travis Kalanic e o canadense Garrett Camp.
Desde o início, Kalanic era considerado o principal responsável pelo negócio, e é atribuído a ele, a ideia que originou o negócio.
Antes de fundar a Uber, ele já acumulava sucessos e tinha uma fortuna milionária; o que trazia grande credibilidade junto aos investidores que acreditaram no projeto.
Por conta disso, ele foi o principal nome da empresa até 2017, quando explodiu um escândalo que vinculava o seu nome a uma série de acusações de abusos sexuais e de discriminação contra funcionárias da própria empresa. Além disso, ele também foi acusado de promover assédio moral contra funcionários e motoristas do aplicativo.
As acusações eram bastante verossímeis, ao ponto de tornar inviável a permanência de Kalanic no comando da empresa. Dessa forma, ele foi pressionado pela imprensa e por membros da própria companhia a pedir demissão ainda naquele ano.
Posteriormente, ele também teve de se desligar do Conselho da empresa.
Ainda assim, estima-se que ele ainda possua 7 por cento de ações da companhia, o que lhe confere uma fortuna bilionária. Enquanto isso, ele também empreende em iniciativas paralelas.
3 – Martin Eberhard – Tesla
Apesar de Elon Musk ter se tornado mundialmente conhecido por ser o dono da montadora Tesla, ele não fundou a empresa. Na verdade, os fundadores da companhia foram Marc Tarpening e Martin Eberhard.
A entrada de Musk na companhia se deu depois que o magnata deixou o comando do PayPal, após se tornar multimilionário devido a venda do negócio para o Ebay.
Apostando no sucesso futuro de uma montada de carros elétricos, Musk decidiu investir na empreitada que já dava seus primeiros passos no Vale do Silício, e tinha Eberhard como seu primeiro CEO.
Com o passar dos anos, a relação de Eberhard com Musk ficou insustentável, e ele comunicou sua demissão em 2007. Desde então, o CEO do negócio é o próprio Elon Musk.
Na época, a Tesla tinha dificuldades para entregar seu primeiro carro ao mercado, e o trabalho do então CEO era extremamente questionado por investidores e compradores, que adquiriram os modelos anos antes da entrega. Com essa combinação, o cofundador deixou a companhia.
Porém, tempos depois, ele processou Elon Musk por difamação, por conta de repetidas alegações de que sua gestão na Tesla era caótica.
Ainda assim, poucos anos depois da saída de Eberhard, a Tesla conseguiu entregar seus primeiros modelos e hoje é um sucesso absoluto.
4 – Adam Neumann – We Work
A We Work foi considerada uma das empresas mais inovadoras e promissoras do planeta. Criada por Miguel Mc Kelvey e Adam Neumann em 2010, a empresa gerou enormes expectativas ao conseguir facilitar a locação de espaços de trabalho para startups e autônomos; através de um sistema de coworking.
Ao longo dos anos, Neumann se tornou a principal figura da empresa e considerado uma das jovens lideranças mais promissoras do mundo. E havia grande expectativa para a realização do IPO da empresa; planejado para 2019.
Porém, antes de se realizar a abertura do capital da empresa, descobriu-se uma série de irregularidades envolvendo sua gestão. Dentre elas, estava o fato de que parte dos imóveis alugados pela empresa eram do próprio Neumann. Além disso, ele era também credor da própria empresa, fato que era desconhecido pelos acionistas.
Para completar, também foi percebida uma discrepância entre os valores apresentados pela empresa e os valores apurados por uma consultoria profissional.
A investigação também revelou que o comandante também usava o caixa da empresa para uso particular, com direito a festas com substâncias ilícitas durante o expediente de trabalho. Além disso, ele também tinha graves problemas de convivência com os colaboradores do negócio.
O escândalo fez com que a valorização da empresa derretesse, cancelando também o seu IPO. Sem saída, Neumann foi demitido e foi iniciada uma batalha jurídica entre o cofundador e os investidores da companhia.
Atualmente, Neumann é considerado persona non grata no mercado internacional; e a WeWork tenta se reerguer a duras penas.
5- Jack Dorsey
Dorsey cofundou o Twitter em 2006 junto de outros dois sócios. Ainda assim, desde o início ele era a figura principal da empresa.
Porém, desde o início, ele era considerado uma pessoa difícil e que sofria com problemas recorrentes de comportamento e convivência com os sócios e funcionários da rede social. Além disso, ele raramente era visto trabalhando efetivamente.
Para completar, a rede sofria com instabilidades recorrentes, o que colocava em xeque o seu trabalho.
Desse modo, em 2008, Dorsey foi demitido do cargo de CEO da companhia, com direito a se manter no Conselho da companhia; contudo, sem direito a voto.
Nos anos seguintes, ele passou a atuar como Investidor da rede social Foursquare e também fundou uma nova startup, o Square; empresa de pagamentos que se tornou imensamente bem-sucedida.
A exemplo de Steve Jobs, Dorsey retornou a empresa que fundou; primeiro como consultor em 2011 e depois novamente como CEO em 2015; cargo que ele exerce até hoje.
Atualmente, ele comanda simultaneamente o Twitter e o Square; duas empresas bilionárias, que o fazem dono de uma fortuna estimada em mais de 11 bilhões de dólares.
E, você, sabe de outro fundador que foi demitido da própria empresa? Compartilhe conosco nos comentários…
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