ELE CRIOU UM IMPÉRIO BILIONÁRIO DEPOIS DE FALIR UMA EMPRESA

Sebastião Bonfim Filho é o fundador da Centauro, empresa que faz parte de um dos maiores conglomerados varejistas do Brasil. Atualmente, ele é o principal responsável pelo grupo SBF que está avaliado em alguns bilhões de reais…. mas antes de se tornar um bilionário, Sebastião passou pela falência e teve de se reinventar para criar seu império.

Nascido na Cidade de Caratinga, no Interior de Minas Gerais, Sebastião vem de uma família de empreendedores. Seu pai era dono de uma loja de tecidos e outra de máquinas. Aos 9 anos, quando Sebastião pediu ao pai um cavalo, ele somente o ganhou depois de ter trabalhado para o pai. E assim, desde criança, ele foi preparado para um dia ser dono do próprio negócio.

Porém, aos 16 anos, seu pai faleceu, e Sebastião por ser o filho mais velho, teve de assumir os negócios da família e duas fazendas também em Caratinga.

Aos 22, ele decidiu criar seu próprio caminho e abriu um escritório de representação comercial de balanças para bois. O negócio era visto como uma grande oportunidade, e o empreendedor acreditou que poderia ter sucesso na área.

O início foi promissor, e aos 24 anos, ele comprou uma fábrica em Belo Horizonte, e decidiu se mudar para a capital. Posteriormente, o negócio já tinha 60 funcionários. Mas, um descuido com o fluxo de caixa fez com que as finanças do negócio entrassem em colapso, e não havia mais dinheiro em caixa para pagar as obrigações da empresa.

Além disso, havia um estoque grande de produtos encalhado, e seria necessário muito tempo para vender todas as peças estocadas.

Para completar, o Governo da época não autorizou a liberação de uma linha de crédito agrícola que poderia ajudar a injetar caixa na empresa.

Sem alternativa, Sebastião decidiu vender todas as máquinas, zerar o estoque e as matérias primas, e fechar o negócio. Além disso, ele negociou com os credores um prazo elástico para conseguir honrar todas as obrigações vigentes.

Ao final, após os acertos, o saldo foi de cerca de 10 mil dólares. E assim, em 1980, ele estava desempregado e seu negócio estava falido. Segundo ele, problemas no fluxo de caixa podem ser mortais para um negócio, e ele descobriu da pior maneira possível.

Aos 26 anos, ele já estava casado e tinha um filho pequeno.

Disposto a recomeçar, Sebastião decidiu procurar uma nova oportunidade de negócio. Até então, ele procurava algo que estivesse no Varejo, setor que ele gostava desde pequeno, por causa dos negócios do pai.

Analisando o comportamento das pessoas a sua volta, ele notou que havia um grande movimento contra o sedentarismo, e que as pessoas estavam cada vez mais dispostas a fazer exercícios físicos, e para isso elas precisariam de equipamentos, como até mesmo um calçado adequado.

Foi a partir deste insight que ele decidiu abrir uma loja de artigos esportivos.

Antes de abrir a loja, Sebastião pesquisou a fundo o mercado e visitou várias lojas para entender como funcionava a dinâmica do setor. Em todas, ele notou que as lojas eram escuras, desorganizadas e que em geral tinham uma decoração duvidosa.

Mediante essa comparação, ele enxergou que existia uma demanda, um público qualificado, mas que os espaços existentes, não estavam de acordo com essa demanda.

Foi a partir desta análise que ele decidiu que sua futura loja teria um conceito diferente e seria posicionada para a classe média alta. Para isso, ele escolheu um ponto no bairro da Savassi, um bairro de classe média alta em Belo Horizonte, na época.

Surgia assim em 1981 a ‘’Centauro – Artigos Esportivos Finos’’. O slogan deixava claro o posicionamento premium da loja e chamou a atenção dos clientes deste a inauguração. As lojas eram bastante iluminadas e com uma disposição dos produtos mais limpa e agradável aos olhos; ao contrário das concorrentes que empilhavam caixas e produtos no salão. Além disso, foi colocado um carpete bege e vinho, que estava na moda, e com a ajuda de uma vitrinista, foi elaborado um projeto para a disposição dos produtos.

Mas apesar de ter encontrado um nicho e ter ido na contramão do mercado, o começo foi bastante complicado. Na data de abertura, a cidade enfrentava um rigoroso inverno, e a Centauro praticamente não tinha agasalhos esportivos. No ano seguinte, Sebastião investiu fortemente em peças de frio para o inverno, mas ironicamente fez bastante calor na época; e o estoque encalhou.

Porém, o empresário não ficou refém da situação. Antes da temporada passar, ele agiu rápido e decidiu amenizar o prejuízo. Dessa forma, ele cortou as mangas dos agasalhos e passou a vender as peças com outro visual. Curiosamente, a ideia foi um sucesso de vendas. E no ano seguinte, os fabricantes já disponibilizavam modelos semelhantes, por conta do calor atípico do ano anterior.

Nos anos seguintes, a loja decolou e ganhou filiais. A aposta de Sebastião deu certo, principalmente pelo fato de a empresa ter sido pioneira no nicho de artigos esportivos de luxo. Além disso, todas as lojas sempre estiveram em locais com grande fluxo de possíveis clientes, como ruas movimentadas e shopping -centers.

Com esses elementos, a loja se destacou por seu rol de produtos, organização, serviço e arquitetura.

No final da década de 90 já eram 22 lojas espalhadas por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília.

Mas apesar do sucesso do negócio, Sebastião ficou intrigado pelo fato de que mesmo existindo um grande público consumidor, as lojas de esporte não eram tão grandes como as principais livrarias do país por exemplo. Para ele, era um paradoxo saber que o Brasil é um país onde se lê muito pouco, mas que as livrarias são em geral muito grandes.

Foi a partir dessa comparação que ele pensou alto e decidiu criar megalojas pelo país. Um conceito de lojas com pelo menos 1000 metros quadrados em shopping centers do país.

No início a ideia foi vista com ceticismo, até mesmo pelos http://passoapassoempreendedor.com.br/wp-content/uploads/2023/01/wang-chuanfu.jpgistradores dos shopping-centers, que não acreditavam na viabilidade da ideia que tomava muito espaço para um faturamento possivelmente limitado.

Porém, contra as críticas, Sebastião fechou um acordo com o Shopping West Plaza em São Paulo, e em 2000 foi inaugurada a primeira mega loja da Centauro.

O local era anteriormente ocupado por lojas da Mesbla e do Mappin, e para convencer o shopping, foi necessário o pagamento antecipado de dois anos de aluguel.

Mesmo assim, a iniciativa foi um sucesso enorme, e ao contrário das críticas, a megaloja multiplicou o faturamento, principalmente pois permitiu um aumento enorme no estoque de produtos, permitindo a oferta de itens e acessórios que até então não cabiam nas lojas originais. Esse cenário criou a percepção no consumidor de que ele poderia encontrar qualquer artigo esportivo na loja, e por conta disso, a megaloja se tornou o ponto de compra ideal para produtos esportivos. E assim, um sucesso retumbante.

Nos anos seguintes, o conceito de Megalojas foi replicado e a Centauro abriu diversas lojas e megalojas pelo país. Além disso, a loja virou um Grupo, o SBF, que conta também com outras bandeiras do ramo, como a calçadista By Tennis e a Almax Esportes. No todo, o grupo conta com mais de 200 lojas, além de um sistema de comércio eletrônico que está em franca expansão.

Além de vender as principais marcas do mercado esportivo, a Centauro também possui marcas próprias como Oxer, X-Seven, Adams e Nord Outdoor, que oferecem roupas e acessórios para diversas modalidades esportivas e camping.

As marcas próprias geram uma lucratividade grande para a empresa e aproveitam a existência do canal de vendas e do fluxo de clientes que vai a loja a procura de marcas consolidadas. Em boa parte dos casos, ocorre a opção da marca própria por parte dos clientes por conta do preço consideravelmente mais baixo. Dessa forma, além da Centauro ter um produto com maior margem, ela também tem um leque de produtos com faixas de preços diferentes, que fazem com que a empresa conquiste clientes de diferentes classes sociais.

Além das iniciativas próprias, em 2009, o Grupo também conseguiu um contrato de licenciamento para operar as lojas Nike Store em todo o Brasil. A parceria durou 10 anos, mas recentemente, a Centauro anunciou que se tornou a representante oficial da marca americana no Brasil. O acordo envolveu a compra de toda a operação da Nike no Brasil e exclusividade da marca por 10 anos, tanto para o sistema de comércio eletrônico, como para o uso de 5 lojas físicas no país.

Em 2019, o Grupo SBF abriu o seu capital e desde então suas ações são negociadas na Bolsa de Valores. Atualmente, a Centauro é uma empresa omnichanel, em que o cliente pode comprar produtos nas lojas físicas, site e aplicativo, e pode escolher como e onde quer receber suas compras.

Recentemente, a empresa tentou comprar a concorrente online Netshoes, mas a negociação da concorrente foi fechada com o Magazine Luiza. Enquanto isso, Sebastião diz que o grupo vai continuar a crescer e focar na ampliação de seus próprios canais, principalmente no mundo físico, em que a empresa é líder absoluta.

Com todo o seu portfólio, o Grupo SBF possui valorização de 9 bilhões de reais, e Sebastião permanece como o maior acionista da companhia. Antes da apertura do capital, cerca de 36% do negócio foi vendido para os investidores do GP Investiments.

De toda forma, o império criado por Sebastião fez com que literalmente ele fosse de uma empresa falida para um negócio bilionário. E por conta disso, sua trajetória de sucesso é mais uma história de sucesso que merece ser contada em nosso canal.

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