Richard Branson é um dos bilionários mais queridos do mundo e também um dos mais admirados.
Famoso pelo grupo Virgin, que atua em dezenas de ramos diferentes, o britânico tem uma história que desafia o senso comum e traz importantes reflexões sobre o poder do Empreendedorismo.
Richard Charles Nicholas Branson nasceu em 8 de julho 1950 em Londres. Desde cedo Richard apresentou uma facilidade muito grande para comunicação, mas ao mesmo tempo uma dificuldade muito grande com os estudos devido a sua dislexia.
Essa dificuldade fez com que ele abandonasse os estudos aos 16 anos de idade. Nesta mesma época ele começou a empreender junto de um amigo, quando juntos fundaram a revista The Student.
A Revista documentava boa parte da vida dos jovens ingleses no final dos anos 1960, e fez com que Richard começasse a construir seu patrimônio. Ainda que modesto, a revista permitiu que o empreendedor reunisse em apenas um ano cerca de 50 mil libras de patrimônio. Algo relevante para a época, principalmente pelo fato de o rapaz ter largado os estudos.
Sobre sua condição, Branson comentou:
‘’Minha dislexia moldou a Virgin desde o início e a imaginação tem sido a chave para muitos de nossos sucessos”
“Isso me ajudou a pensar grande, mas manteve nossas mensagens simples. O mundo dos negócios geralmente fica preso em fatos e números – e, embora os detalhes e os dados sejam importantes, a capacidade de sonhar, conceituar e inovar é o que diferencia o bem-sucedido e o mal-sucedido’’
Segundo ele, Steve Jobs, Henry Ford e Thomas Edison também eram disléxicos. E apesar disso, conseguiram revolucionar o mundo com suas criações.
Aos 20 anos de idade Branson fundou uma empresa para a venda de Discos Musicais que eram entregues pelos correios.
Na época, os discos de vinyl eram bastante procurados, e o mundo passou a viver a efervescência e o crescimento da música rock da Inglaterra. Esse momento propício possibilitou com que ele abrisse uma loja física para vender os discos dois anos depois do início de sua nova empreitada.
Com o sucesso da empresa de discos, Richard Branson decidiu ir mais além e reinvestir os lucros da empreitada em algo ainda maior: ter sua própria gravadora de música.
Surgia assim a Virgin Records, uma das maiores empresas da história da música.
A gravadora teve sucesso e a partir de 1975 começou a atuar de forma internacional, sendo responsável pelo lançamento de artistas internacionais como Janet Jackson, Smashing Pumpkins e as Spice Girls. A girl band marcou o auge da gravadora durante os anos 90.
Inquieto, Richard Branson se tornou famoso pela quantidade e variedade de negócios que fez durante sua trajetória como empreendedor.
Na década de 70, ele lançou a Virgin Megastore, uma enorme loja de discos que elevou o padrão de uma varejista de discos na época, redefinindo o conceito de uma loja de discos, se tornando a referência mundial no ramo.
A empreitada, que existe até hoje, foi se reinventando ao longo dos anos, e atualmente oferece uma série de produtos eletrônicos, jogos de videogame e muito mais. A bandeira deixou de operar nos grandes centros da Europa e atualmente possui uma forte operação em países da África e Ásia.
Dessa junção de gravadora e loja de discos, surgia o Grupo Virgin, que agitou o mercado musical.
Além das empreitadas já mencionadas, a empresa também criou a editora musical V2 Records, a Virgin Rádio, uma das mais populares estações de música do Reino Unido e o V Festival, um evento musical que ocorre no Reino Unido e nos EUA.
Na década de 80, Richard Branson passou a empreender no ramo da Aviação. Percebendo que havia uma lacuna no mercado de aviação do Reino Unido, ele decidiu oferecer um serviço diferenciado de aviação comercial, criando a Virgin Atlantic Airways, uma companhia que ganhou prestígio internacional por sua qualidade, pontualidade e custo-benefício.
A ideia de criar uma companhia aérea veio de uma frustração. Após perder um voo em Porto Rico, Branson se sentiu desprezado. Foi nesse momento que o bilionário decidiu imaginar como seria uma empresa que realmente se preocupasse com o cliente. Segundo ele, negócios geralmente surgem da frustração das pessoas.
No início dos anos 90, Branson vendeu a Virgin Records para a EMI, por cerca de 500 milhões de libras.
A venda da gravadora poderia possibilitar uma aposentadoria tranquila para o empreendedor, porém ele preferiu manter sua constante rotina de reinvestimento em novas atividades.
Primeiro, turbinou o caixa da Virgin Airways.
A empresa passou a adquirir empresas de aviação de pequeno porte na Europa, como a Euro Belgian Airlines. Dessa forma, a companhia passou a operar diversos voos dentro da Europa. Cada empresa comprada recebia a filosofia Virgin, que sedimentou o nome da empresa como sinônimo de um serviço de qualidade, por um preço acessível.
A filosofia fez com que o grupo crescesse para outros mercados como a Austrália, Nigéria e Estados Unidos.
Apesar do sucesso mundial, a companhia não teve sucesso no mercado americano, sendo incorporada pela Alaska Airlines.
Entretanto, seguiu crescendo e inclusive adquiriu 16% das ações da Air Asia, empresa forte no mercado asiático de voos de baixo custo.
No ramo de transporte o Grupo também decidiu investir na Virgin Trains, uma empresa ferroviária que atua no Reino Unido.
O nome Virgin se tornou um sinônimo de qualidade. Além da Gravadora e da Companhia Aérea, Branson tentou atuar em diferentes ramos, porém nem sempre teve sucesso.
Para ele, você não aprende a andar seguindo regras, você aprende caindo e levantando, e da mesma forma são os negócios. Muitos erros irão acontecer no processo.
“Você precisa tentar as coisas. Algumas vão dar certo, outras vão falhar. Se não há fracasso, não há sucesso”, comentou.
“Nunca tivemos 100% de certeza de que qualquer um dos negócios que começamos na Virgin ia ser bem-sucedido. Mas, ao longo de 45 anos, nós sempre sustentamos nosso lema de ‘que se dane, vamos nessa’. Não se sinta envergonhado por seus fracassos, aprenda com eles e comece de novo. Errar e enfrentar contratempos é parte do DNA de todo empreendedor de sucesso, e eu não sou exceção”,
Um de seus erros mais famosos foi a tentativa de lançar um refrigerante sabor cola para tentar rivalizar com a Coca Cola e a Pepsi, a Virgin Cola.
A empreitada começou fazendo barulho, e o próprio Richard ajudou a promover o produto, criando ações pontuais de marketing, sem medo até de se ridicularizar muitas vezes.
Apesar de seu esforço, a bebida foi um fracasso e foi descontinuada.
Da mesma forma, o Grupo Virgin também tentou atuar no mercado da venda de automóveis pela internet, criando a Virgin Cars. Apesar de revolucionário, e hoje algo considerado comum no mercado atual, a empreitada também não teve sucesso na época.
Outra iniciativa que não prosperou foi a equipe de Fórmula 1 Virgin Racing, que atuou na modalidade nos anos de 2010 e 2011. A equipe não conquistou nem um pódio sequer e terminou em último nos campeonatos de construtores dos dois anos. Um dos pilotos da equipe foi o Brasileiro Lucas di Grassi. O brasileiro Luiz Razia também foi um dos pilotos de teste da extinta equipe.
Em 2012, a Virgin Racing deixou de existir, dando lugar a Marussia Racing, que também não existe mais.
Os erros acumulados também sedimentaram o caminho para o sucesso em outros ramos.
Em 1999, Branson anunciou que o Grupo Virgin também atuaria no ramo de Telefonia Celular, ao criar a Virgin Mobile. A empresa se tornou um grande sucesso na Europa, e no ano seguinte avançou para a Austrália, onde recebeu o nome de Virgin Austrália. O ramo de telefonia trouxe ótimos retornos para o grupo e permanece forte até hoje. A empresa também atua nos EUA, África do Sul e Canadá.
No mesmo ano, o Grupo também lançou a rede de academias Virgin Active.
Em paralelo também foi lançada a Virgin Media, uma operadora de televisão por TV a cabo, que também se tornou provedora de Internet.
Da mesma forma, em 2004, Richard Branson criou a Virgin Galatic, uma empresa de turismo espacial. A ideia do empreendedor é fazer expedições de turismo para o espaço em alguns anos. A ideia foi extremamente bem recebida pelo mercado e recebeu o aporte de diversos investidores, como o falecido Paul Allen, co-fundador da Microsoft.
Além de possibilitar viagens de turismo em um tempo curto, a empresa tem planos mais ousados, como a criação de veículos espaciais que possam levar o homem até outros planetas.
Um destes veículos é o SpaceshipOne.
Atualmente, Branson rivaliza com Elon Musk com a Space X, e Jeff Bezos com a Blue Origin, no mercado de veículos espaciais.
Há quem diga que existe uma espécie de corrida velada entre eles, para ver quem vai conseguir levar o ser humano à Marte primeiro.
Enquanto Elon Musk monopoliza as atenções do mercado, Branson e Bezos trabalham de forma mais silenciosa. Porém, só o tempo dirá quais são os reais planos dos bilionários.
Apesar da rivalidade velada, Branson se tornou um dos investidores de Musk no projeto Hyperloop, um veículo de alta velocidade que promete revolucionar o mercado de transporte no mundo. Por enquanto, o projeto também é chamado de Virgin Hyperloop One.
A Virgin também lançou recentemente a Virgin Orbit, empresa que irá lançar satélites na órbita da Terra nos próximos anos, oferecendo diferentes tipos de serviços.
Desde 2008, o Grupo Virgin também é dono de uma rede de clínicas de Saúde, a Virgin Health.
Além disso, a empresa também atua em outros ramos, como o mercado financeiro, em que o Grupo tem a Virgin Money, empresa que trabalha tanto no ramo de cartões de crédito, como também como financeira. E também no mercado de Turismo, onde o Grupo atua por meio da Virgin Travel, uma companhia de viagens e também tem seus próprios hotéis, através da rede Virgin Hotels.
Todo esse conglomerado de empresas fez com que o Grupo Virgin se tornasse um colosso bilionário, possibilitando que o empreendedor acumulasse uma fortuna de cerca de 4 bilhões de dólares.
Dentre os segredos de seu sucesso, Branson diz que é importante tratar bem todos os funcionários de uma empresa, e vai mais além:
“Eu trato as pessoas que varrem o chão da empresa tão bem quanto um diretor. Todos os empregados são importantes e contribuem para o sucesso de um projeto.’’
Para ele, tratar bem os funcionários é até mais importante do que pensar no cliente primeiro.
Sua forma de liderança trata o funcionário como prioridade.
‘’se você colocar a equipe em primeiro lugar, seu cliente em segundo lugar e os acionistas em terceiro lugar, efetivamente, no final das contas, os acionistas ficarão bem, os clientes, melhor ainda, e você ficará feliz”.
Sua filosofia também está ligada a uma grande delegação de tarefas para seus comandados.
Atualmente Richard Branson só está envolvido com seus negócios durante 20% de seu tempo. Por conta disso, ele entende que a delegação é essencial, não apenas para a saúde de seus negócios, como também para dar poder aos seus colaboradores.
“Se você delegar bem, terá a oportunidade de construir novas companhias.”
Para ele, é fundamental se circundar de boas pessoas.
“Se eu tivesse que dar uma razão pela qual tive a sorte de experimentar algum sucesso, seria meu jeito de me unir com pessoas maravilhosas”.
Richard também não tem medo de se expor e muitas vezes fazer graça com a própria imagem para promover seus produtos. O bilionário já lançou produtos com exibições de voos de balão, já apareceu vestido de noiva e até mesmo vestido de aeromoça pra promover sua companhia aérea.
Segundo o bilionário, no final das contas, o mais importante é se divertir no trabalho. E para ele, o trabalho é um grande prazer.
As inúmeras situações inusitadas que o empreendedor provocou também renderam frutos para além do Grupo Virgin.
Nos anos 80, Branson fez uma reportagem no dia 1º de abril, em que ele anunciava que estava criando um computador que armazenava músicas e que possibilitava tocar qualquer música que o cliente quisesse. Porém, era tudo uma grande brincadeira, já que na época quase não havia tecnologia para colocar a ideia em prática.
Em 2001, Steve Jobs revelou que aquela brincadeira de Branson o havia inspirado para lançar o Ipod e o Itunes.
Apesar do sucesso como Empreendedor, Richard Branson passou por diversos infortúnios em sua vida, principalmente por conta de desastres naturais.
Sua casa de infância, sua casa no Holland Park, seu pavilhão de cricket em Oxford, seu balão transpacífico e, até mesmo sua casa na Ilha Necker, no Caribe, foram devastadas por incêndios.
Além do incêndio em 2011, sua casa na Ilha de Necker foi reconstruída em 2013, e destruída novamente em 2017 pelo furacão Irma.
O Bilionário comprou a ilha em 1978 e atualmente tem passado a maioria de seu tempo na ilha onde ele oferece serviços de hotelaria e também já hospedou celebridades como o ex-presidente americano Barack Obama.
Em 1999, antes de inaugurar a rede de academias Virgin Active, Branson recebeu uma ligação avisando que uma das unidades da rede havia pegado fogo.
Porém, ele acredita que cada situação é uma oportunidade de se reinventar.
“É fácil sentir-se desanimado em tal situação. Em vez disso, buscamos os benefícios. Enquanto começamos a reconstruir, a equipe se fortaleceu tremendamente”.
Atualmente, Branson tem dedicado 80% de seu tempo a causas sociais.
Além de ser um filantropo mundialmente reconhecido, atuando em causas no África e no Caribe, Branson recebeu da Rainha Elizabeth o título de Sir, por conta de seus feitos humanitários, entre obras de caridade, incentivo a projetos sociais, bem como por conta dos milhares de empregos que gerou ao longo dos anos.
Branson também é um defensor do meio ambiente e ajuda pessoalmente em projetos ligados a preservação de espécies animais. Sua ilha, inclusive, tem se tornado uma espécie de santuário da vida selvagem, e vários tipos de animais recebem abrigo na ilha até serem alocados para ilhas próximas no Caribe.
Além de empreendedor e filantropo, Branson também é autor de livros em que ele compartilha suas ideias, filosofia de vida e também dicas de negócio, mescladas com relatos de sua trajetória como empreendedor.
Dentre suas obras que estão disponíveis em português estão:
‘’Ouse: Fazer o bem, se divertir e ganhar dinheiro’’;
e ‘’Perdendo minha Virgindade’’.
Apesar de sua condição e quebrando vários paradigmas, Richard Branson criou um conglomerado de empresas com faturamento acima de 20 bilhões de dólares anuais.
Enquanto dizem que há algum tipo de regra sobre negócios, Branson mostra que existem caminhos alternativos, e que é possível ter sucesso em vários ramos, reunindo as pessoas certas e mantendo vivo o desejo de causar transformação no mundo.
Essa é mais uma história de sucesso que merece ser contada por nosso canal….
Fontes de Apoio:
https://www.sunoresearch.com.br/tudo-sobre/richard-branson/
https://www.itforum365.com.br/fracassos-sao-fundamentais-ensina-bilionario-richard-branson/
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